Atingidos pelos Reflexos...

terça-feira, 7 de julho de 2009

"Tira a gente daqui..."



Vivíamos o ano de 1997. Era uma noite com ventos fortes e céu escuro, o que indicava que uma violenta chuva estava prestes a cair. Passava das 21:30 e eu, minha esposa Nilce e minha filha Júlia, na época com apenas 3 anos, acabávamos de sair da Igreja Batista Central na cidade de Paulinia e seguíamos rumo á Cosmópolis onde morávamos.

Entramos no carro, e seguimos pela estrada que ligava os dois municípios. Aproximadamente 12 Km de pista simples, sem acostamento, muitos buracos, quase nenhuma sinalização no asfalto e um tráfego muito acentuado de caminhões. Não foram poucas as vezes que fazendo o mesmo percurso, testemunhamos acidentes das mais variadas formas.

Logo que iniciamos o trajeto, chega a prometida chuva . E dali para frente, iria presenciar uma das piores que já tinha visto até aquele dia. Era aquele tipo de chuva com ventos fortes, que você não consegue identificar de que lado vem e que mesmo com o limpador de pára-brisa ligado em sua maior velocidade, pouco se podia enxergar da pista. Ocorreu-me a idéia de parar... mas onde ? Já que o acostamento era um precário “caminho” na beira da pista que aquela altura nem a melhor visão humana poderia identificar. Pensei que tão perigoso quanto continuar a viagem seria tentar parar em meio aquela escuridão e debaixo de toda aquela água.

Tentava disfarçar a tensão pela qual passava, fazendo o possível para deixar a Nilce e a Júlia tranqüilas... Mas percebi que não estava tendo sucesso.

Antes de chegar à entrada da cidade, havia na estrada um grande declive acompanhado em seguida de um aclive. Quando passei no final da baixada, havia muita água no asfalto... a ponto de sentir o carro querer escapar de controle. Senti também que a água parecia ter entrado no motor, o que se confirmou, pois ele parou de funcionar logo que a subida começou. Nesse momento a chuva era ainda mais forte que antes e os vidros do carro estavam todos embaçados. A visão que tinha do lado externo do carro, numa escala de 1 a 10, era de 0,5. Por instinto virei a direção do carro para direita, tentando sair da frente do que quer que seja que eu não conseguia ver viesse atrás de mim. Girava a chave, na vã tentativa de fazer o carro funcionar. Ficamos os três, eu a Nilce e a Julinha, imóveis e sem falar uma palavra por aproximadamente uns 5 minutos (enquanto tentava fazer o carro pegar), tamanha era a tensão. Ouvíamos o barulho de buzinas de caminhão e sentíamos o carro balançar, de tão perto que percebíamos que eles estavam passando de nós. Eu realmente senti medo aquele dia. Depois de uns dez minutos, sem que a tempestade desse trégua. Já havia desistido de fazer com que o carro funcionasse.

Foi quando eu e a Nilce olhamos para trás, e vimos a pequena Júlia de joelhos no banco do carro, com a cabecinha entre os joelhos. Achamos que ela estava chorando, e quando perguntamos o que ela estava fazendo, ela disse:- “Estou orando para o Papai do céu tirar a gente daqui”. Em lágrimas (como estou agora), girei novamente a chave na ignição... O carro funcionou, seguimos ao nosso destino, seguros e protegidos até em casa.

Hoje... quando passo por situações difíceis em minha vida, lembro daquele dia. Penso que há circunstâncias onde preciso desviar minha atenção da chuva, dos caminhões, da falta de acostamento. Preciso juntar meus joelhos e assim como a Julinha suplicar: “Papai do céu...me tira dessa...”

“Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno.”
Hebreus 4:16

José Junior

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