Atingidos pelos Reflexos...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Origem das coisas...

Dois excelentes vídeos que nos fazem refletir sobre as coisas que consumimos...

Digo que vale a pena "perder" esses vinte e poucos minutos... Pois nos ajudará a refletir... e entender melhor a essência que nos forma...!




domingo, 19 de dezembro de 2010

Tempo Inverso


Vivemos um tempo de inversões.


Principalmente no que diz respeito aos valores éticos e morais. Cada vez em mais situações, notamos que o comportamento de quebrar regras e desrespeitar normas é objeto de admiração de muitas pessoas. Vivemos num tempo onde os valores são violentados todos os dias por diversos meios e atitudes. A todo o momento as pessoas são reprimidas por agirem com cordialidade e simultaneamente incentivadas a transgredirem os princípios morais.

É... Não foi à toa que Rui Barbosa disse: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Segue uma “estorinha”, (uma parábola talvez), para exemplificar esse tipo de situação:

“Pessoa membro de comunidade que tem como missão pregar a ética, moral, bons costumes e ajuste espiritual, é adepta da prática de furto. Sabe-se porque há testemunho.

A vítima do furto é procurada pelo líder da comunidade da qual é adepto o acusado, que diz haver injustiça nessa inculpação, pois o testemunho do furto não parte de pessoa em quem se deva confiar. O líder entende não haver crédito na palavra de quem não está inserido em seu grupo e/ou compactua de sua fé.

A “alta cúpula” da liderança da comunidade da qual o acusado de furto faz parte, reúne-se (como de praxe nesse tipo de situação) e por fim chega-se a conclusão de que o verdadeiro culpado não é o acusado de furto, mas sim quem foi furtado, por levantar falso testemunho e caluniar contra um inocente. À fogueira com ele... O tempo é o senhor da razão... Outros testemunhos e provas se apresentam e fica demonstrada a culpa do verdadeiro embusteiro, o acusado desde o princípio.

Sem retratação. Sem pedido de perdão.

Uma coisa, porém, penso ser certa:

“Nem sempre conseguimos mascarar por muito tempo nossas verdadeiras intenções e planos matreiros. Não dá para enganar as pessoas por tempo indeterminado. Após vestirmos as roupagens da afabilidade e doçura para encobrir rudeza e desrespeito, vem a realidade dura e cruel que desnuda aqueles lobos que vestem a “pele de ovelha”.

Ter duas ou mais faces resulta gradativamente em uma psicose da vida mental, porque, de tanto representar, um dia perdemos a consciência de quem somos e do que queremos na vida.

Necessário se faz então que busquemos com todas as nossas forças, sermos autênticos. Que lutemos sempre por descobrir nossas reais potencialidades interiores, que herdamos da Divina Paternidade. Esforçando-nos por desenvolvê-las, agiremos com maior naturalidade e, conseqüentemente, estaremos em paz conosco e com o mundo.

É o que nos resta nesse tempo inverso...

"A injustiça em qualquer lugar é um atentado contra a justiça em todos os lugares".

Martin Luther King

domingo, 21 de novembro de 2010

Aprende com o silêncio...



Aprende com o silêncio a ouvir os sons interiores da sua alma,
a calar-se nas discussões e assim evitar tragédias e desafetos,
aprende com o silêncio a respeitar a opinião dos outros, por mais contrária que seja da sua,
aprende com o silêncio a aceitar alguns fatos que você provocou,
a ser humilde deixando o orgulho gritar lá fora.

Aprende com o silêncio a reparar nas coisas mais simples,
valorizar o que é belo, ouvir o que faz algum sentido,
evitar reclamações vazias e sem sentido,
aprende com o silêncio que a solidão não é o pior castigo,
existem companhias bem piores....

Aprende com o silêncio que a vida é boa, que nós só precisamos
olhar para o lado certo, ouvir a música certa, ler o livro certo,
que pode ser qualquer livro, desde que você o leia até o fim.

Aprende com o silêncio que tudo tem um ciclo,
como as marés que insistem em ir e voltar,
os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar,
como a Terra que faz a volta completa sobre o seu próprio eixo,
complete a sua tarefa.

Aprende com o silêncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia,
enxergar em você as qualidades que possui,
equilibrar os defeitos que você tem e sabe que precisa corrigir
e enxergar aqueles que você ainda não descobriu .

Aprende com o silêncio a relaxar, mesmo no pior trânsito, na maior
das cobranças, na briga mais acalorada, na discussão entre familiares,
aprende com o silêncio a respeitar o seu "eu",
a valorizar o ser humano que você é,
a respeitar o Templo que é o seu corpo,
e o santuário que é a sua vida.

Aprende hoje com o silêncio, que gritar não traz respeito,
que ouvir ainda é melhor que muito falar, e em respeito a você,
eu me calo, me silencio, para que você possa ouvir o seu interior que quer lhe falar,
desejar-lhe um dia vitorioso e confirmar que você é especial.

Autor: Paulo Roberto Gaefke

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Crescimento Espiritual




Pr. Natanael Gabriel da Silva

Gostaria de começar perguntando sobre um chavão que se escuta em cada esquina de igreja, chamado de “crescimento espiritual”. Afinal de contas, o que é isto?

É claro que esta pergunta não tem uma única resposta, pois “crescimento espiritual” pode ter muitos sentidos, já que a palavra “espiritual” não tem limites e é ela que dá a qualidade ao crescimento. Isto quer dizer que uma pessoa, pertencente a uma igreja carismática, vai achar que o “crescimento espiritual” é a capacidade que uma alguém tem de trabalhar, dominar e aplicar os dons espirituais, voltados para o sobrenatural, como curas, exorcismos e por ai vai. Neste caso, “crescimento espiritual” é ir o mais profundo possível naquilo que se traduz no mais nobre ideal da referida igreja. É também fator de status. O domínio de determinado campo que permeia uma comunidade, quando conquistado por alguém, torna-se extremamente valorizado pelo grupo. Primeiro porque consolida e confirma o discurso do grupo, e depois porque “crescimento” é algo que empurra para “cima” uma vez que ninguém tem o desejo de “crescer para baixo”.

Vamos em frente, não para cima. Se a igreja tiver uma inclinação para a valorização do texto bíblico e da doutrina, “crescerá espiritualmente” aquele que conseguir colocar em prática o melhor possível, tanto a doutrina como o texto. Normalmente a avaliação do crescimento migra para a vida ética. Ou seja, só é possível avaliar o crescimento espiritual de uma pessoa a partir de sua prática cristã. Este tipo de entendimento está mais próximo das nossas igrejas batistas que enfatizam o conhecimento. Também não é necessário dizer que há uma certa tendência a uma postura legalista, ou seja, começa-se a pensar na vida espiritual pelos resultados sem haver atenção na motivação. Neste caso já estamos conversando sobre o judaísmo, pois para eles “crescimento espiritual” tinha um pouco mais, um pouco menos, este sentido: conhecer e aplicar a lei de forma perfeita.

É claro que nem tudo se resume a um “crescimento espiritual” com vistas ao sobrenaturalismo ou ao legalismo. Isto não quer dizer, de forma alguma que não haja sobrenaturalismo no cristianismo, ou que não devemos nos preocupar com a nossa conduta ética. Você sabe que não é isto que estou querendo dizer, pois um Evangelho sem estas duas coisas não explicaria nem a Ressurreição de Jesus (sobrenatural), e nem a vida transformada que temos nele (sermos novas criaturas). É por esta razão que buscar o sobrenaturalismo ou o legalismo são duas coisas fascinantes e podem se tornar no padrão de medida de uma vida nas mãos de Deus.

Vamos voltar ao assunto. Quando estimulo você a pensar no seu “crescimento espiritual”, o que você pensa? Bem, talvez você pense assim: preciso melhorar a minha freqüência na Igreja; ou ainda: preciso ser mais pontual nos dízimos; ainda mais: preciso exercer melhor a minha função e fazer mais coisas. Estes seriam um tipo de “crescimento espiritual” que tem ênfase na Igreja, só que é evidente que a vida cristã não se resume ao que você faz nela. Você tem compromissos e está num mundo com o qual precisa conviver, responder, testemunhar e evangelizar. Ou seja, crescimento espiritual deveria ser alguma coisa além disto, embora tudo isto faça parte de uma vida nas mãos de Deus.

Voltamos a estaca zero. Parece que a gente não consegue entender direito o que significa algo que é fundamental na vida cristã: o que é crescer espiritualmente? Quem não sabe o que é uma coisa, não tem nem noção em qual estrada caminhar, pois seria sair para lugar nenhum.

Espero que você não exija uma resposta definida sobre crescimento espiritual nesta curta reflexão. A questão é que, por mais simples que possa parecer, o “crescimento espiritual”, não é necessariamente “crescimento”, isto é, não é “para cima”. Talvez a palavra que melhor possa indicar o seu sentido é “servo”. Servo não cresce, servo se submete. Servo não “determina”, mas recebe determinação. Servo não toma posse, porque não tem nada, usufrui a posse daquele que tudo conquistou por ele. Tudo continua sendo dele, do Senhor. Caso contrário, o Senhor é que se tornaria servo. O Senhor, para continuar Senhor, necessita manter o senhorio, e o servo, para se tornar servo, tem que ser mais servo ainda. Quanto mais servo se torna o servo, mais o Senhor torna-se Senhor. Ora neste caso, “crescer espiritualmente” não é “para cima”, mas é em certo sentido “para baixo”. Ou seja, ao que parece se você desejar saber se “cresceu” basta “avaliar” o quanto mais de servo você se tornou, e o quanto de mais senhorio o Senhor depositou sobre a sua vida.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Samba da Benção !


“E de que adianta ter sempre razão, saber de tudo, se no fim o que nos resta é a solidão?”

Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete... Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.Melhor é ouvir a repreensão do sábio, do que ouvir alguém a canção do tolo.Porque qual o crepitar dos espinhos debaixo de uma panela, tal é o riso do tolo; também isto é vaidade.Verdadeiramente que a opressão faria endoidecer até ao sábio, e o suborno corrompe o coração.Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito.Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no íntimo dos tolos.Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta. (Eclesiastes 7)

Taí um texto bíblico que sempre me intrigou... Como pode o autor do texto dizer que a mágoa é melhor que o riso? Como entender que a tristeza faz bem para o coração? Como compreender, que é melhor estar num velório do que em uma festa?

Até que um dia, por conta de nossa trajetória natural de vida, me dei conta de que passei a freqüentar mais os velórios... Os cultos fúnebres de uma hora para outra, começaram a se tornar mais freqüentes em minha rotina.

E passei a entender que quando vemos o fim da existência, onde a tristeza e a solidão é algo natural, somos levados quase que inevitavelmente á uma reflexão sobre o sentido de tudo isso.

Penso: Momentos de tristeza e solidão nos fazem crescer. Seja por lutos ou pelas lutas da vida.

Vinicius de Moraes e Baden Powell, ao comporem o “Samba da Benção”, disseram o seguinte em um dos versos: “Mas pra fazer um samba, um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não”.

Nietzsche também nos faz refletir sobre isso. Para o filósofo alemão, as pessoas de espírito livre, os amigos da sabedoria, sabem ser tristes e sozinhas. São por inteiros somente em sua solidão, que para o filósofo quer dizer interioridade, conhecimento de si mesmo, mascarando-se do mundo; São para si mesmos, uma coisa muito diferente do que são para o mundo, pois a opinião dos outros é sempre um equívoco e ele, o filósofo solitário, regozija-se disso. Nesse caso, o filósofo só pode ser feliz em sua própria solidão. Entretanto, essa solidão não significa isolamento. A solidão do filósofo é a solidão em meio à multidão, é sentir-se único e, portanto, é amar-se a si mesmo. Outro filósofo alemão chamado Erich Fromm, admite, falando de amor, que “só pode amar quem sabe ser só”, isso vai ao encontro daquilo que Nietzsche fala, pois só se pode amar aquele que ama a si mesmo – amar a si mesmo é ser livre, liberdade para Nietzsche é ser responsável por si mesmo. Ora, aquele que ama a si mesmo não quer usar o outro como meio para se perder, se aliviar, se alienar, muito pelo contrário, amar a outra pessoa é achar-se nessa pessoa, mas para isso, é preciso um reconhecimento de si mesmo, é preciso daquela solidão nietzschiana. A meu ver, é preciso desmistificar o problema da solidão, saber ser só é saber viver consigo mesmo. O desespero por companhia, o desespero por “amor”, é uma fuga de si mesmo, ter medo de se conhecer…(http://ensaius.wordpress.com/)

Podemos concluir disso que a solidão e a tristeza têm seu espaço em nosso dia-a-dia. Produz em nós uma qualidade de vida melhor que nos leva a um patamar mais elevado no viver. Parece ser isso que o autor do livro de Eclesiastes, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Nietzsche e Erich Fromm entenderam.

Que o digam os salmistas. Coletânea de canções bíblicas que só existem por causa das agruras de seus autores. Música da melhor qualidade.


José B. Silva Junior
c/contribuição do Pr. Elinaldo Pita
da I.B.M em Sta. Bárbara D’oeste.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tristeza de pardal

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” – João 8.36

Airton continua sendo o meu vizinho, do tempo quando morei no 128. Vez por outra o vejo, aos domingos, sentado no portão conversando com alguém: “E aí vizinho, tudo jóia?” Ele responde: “Tudo jóia, vizinho”.

É um antigo amigo. Um dia desses precisei dele: - “Vizinho, preciso de três ou quatro pardais para uma palestra. – “Claro vizinho”, deixa comigo”. No sábado, fui procurá-lo: – “Vizinho, disse ele, só consegui apanhar três fêmeas, mas estão com filhote e ficaram tristes. Precisei soltá-las, iriam morrer. Mas pode deixar que até amanhã dou um jeito”. Deu mesmo. Arrumou um casal de Manon, criados em cativeiro. Ao serem libertados após o culto não sabiam o que fazer com a liberdade. Irmão Vicente me perguntou: - “Pastor, soltou os passarinhos?” – “Sim”, respondi. “Pois a coruja vai pegá-los durante a noite”, sentenciou. Era verdade. Havia-me esquecido das corujas. As corujas, para além das gaiolas, são uma ameaça para quem deseja voar.

Só que a gaiola também mata. Não de uma vez, mas aos poucos. Primeiro tira a alegria, depois mata. Alguém, no primeiro dia de gaiola, briga contra a injustiça. Dois ou três dias de prisão são suficientes para mostrar que a luta será inútil. Com o tempo acostuma-se com o alpiste. Pula de um pauzinho noutro para afastar o tédio, depois se esquece do tanto de tempo que está preso: sintoma de morte não sabida. Todas as gaiolas trazem uma mórbida segurança. Depois, podem até ficar de portas abertas. Não fará diferença para quem esqueceu o que é a liberdade. Ensinar a ser livre e a voar pode ser poético, mas não é fácil, quando a prisão vira o modo de ser e viver.

Acho que Jesus foi meio por esse caminho: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” É tanta liberdade, que até hoje discutimos o seu tamanho. Uns acham que ela termina aqui, ponto. Outros, que termina lá. Outros, que está na linha do horizonte. De liberdade em liberdade, ou de graça sobre graça como diria Paulo aos Romanos, o ser humano não é capaz de acreditar que é possível aprender a ser livre, assumir as responsabilidades da própria vida, e abraçar a promessa anunciada por Jesus, em oposição à segurança daquela religiosidade que escravizava. Aparentemente dava certa segurança, mas era desumana e infiel.

Da minha parte, prefiro enfrentar as corujas.

pr. Natanael Gabriel da Silva

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Reflexões sobre a última semana...

Semana de preocupações, de se abrir o coração e compartilhar angústias, dúvidas e buscar quem sabe uma palavra que indicasse o caminho da paz...

1º dia - Um almoço, uma conversa, conselhos e um pedido de oração.
3º dia – A pergunta em forma contemplativa... "Como resolver ?"
5º dia – A resposta. Lágrimas de alegria.
7º dia – Uma ligação, outro almoço, sentimento de gratidão, paz e cuidado de Deus.

“Não, a salvação não é um processo. Ela se dá de forma imediata. A forma como a entendemos é que muda com o passar dos anos.” “Deus é bom, e apesar de sermos tão... nada..., ele se ocupa em responder rápido, cuidar de nós e mostrar a direção certa.”

Com quase 40 anos de idade, tenho a sensação de que começo mais a ouvir do que falar, e a entender melhor que, “pequenos gestos que podem provocar grandes mudanças, não devem ficar só na vontade.”

Interessante que em uma semana, há também a oportunidade de se refletir sobre a atenção que dispensamos à amizade verdadeira. A expressão “amizade verdadeira”, pode parecer redundante, mas a verdade é, que nem toda amizade é verdadeira. Há amizades falsas, pretensas, aparentes e superficiais. Tanto uma como a outra têm profunda influência na pessoa que dela participa.

Na amizade verdadeira há um aprofundamento da relação, da intimidade e da transparência, ou seja, você se mostra cada vez mais na sua real maneira de ser, sem esconder o que se pensa, sente, gosta, valoriza, prefere, aprecia. Há uma abertura tal que você não tem medo de ser descoberto, pego de surpresa, exposto pelo que é, defende ou acredita. Diferente de quando a amizade não é verdadeira – pois nessa há o medo de ser diferente na maneira de pensar, sentir e agir perante os outros, de ser julgado.

Numa amizade verdadeira, você é aceito, respeitado, considerado, valorizado, apesar de suas falhas, erros, deficiências e limitações. Ela vai amadurecendo com o tempo, fazendo com que você se sinta cada vez melhor e mais á vontade para conversar sobre o que quer que seja. Em uma relação assim não estão presentes a ameaça, o perigo da rejeição, da crítica, do julgamento moral de suas ações, de suas convicções ou de sua pessoa. Mas se fazem presentes a segurança, a certeza do apoio, da compreensão e da simpatia. Isso acontece das mais variadas formas..., pode ser no gesto de trocar um compromisso importante pelo interesse em escutar a outra pessoa. Ou de ser compartilhada alguma experiência, que o faz pensar, “porque ele me contou (ou me mostrou) isso ?” Ou ainda por um sincero comentário, do tipo: “Me preocupei com você”. Ou ainda, pode ser que você nem precise falar ou escutar nada... Bastará saber que aquela pessoa existe e estará sempre á distância de um telefonema ou e-mail.

Há um ditado corrente por aí, que diz: “Os verdadeiros amigos, contamos nos dedos das mãos”. Eu não preciso de uma inteira. Aliás, acho que não preciso da metade.

"Um amigo verdadeiro é alguém que pensa que você é um ovo bom, mesmo que saiba que você é ligeiramente rachado." (Bernard Meltzer).

Ê... semana boa....!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Exemplos...

A foto que aparece na matéria abaixo é de meu irmão mais velho Sérgio. Profissional na área do esporte, que dedica boa parte de seu tempo na aplicação da pedagogia esportiva como ferramenta de integração da criança na sociedade.

"O professor Sérgio Luís da Silva, responsável pela organização da 34ª edição dos Jogos dos trabalhadores de Paulinia-SP, no seu discurso,  enfatizou a importância do esporte na sociedade, como um exemplo de formação cultural e integração social.Ele usou ainda, como exemplo, experiências pessoais para descrever a força impulsora do esporte na vida das pessoas e relembrou uma frase conhecida para simplificar o pensamento: “A criança que descobre o esporte, descobre um brinquedo para toda a vida”. Fonte: Leandro Ferreira -  Portal de Paulinia  




Quando li suas citações, lembrei-me da reportagem abaixo, apresentada em um programa esportivo pelo competente Regis Rosing:




Me lembrei também daquele conhecido versículo: [Disse Jesus:] Deixai vir os pequeninos a mim e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus.

Que o Sérgio possa continuar ensinando as crianças terem um brinquedo para toda vida, e que todos nós possamos de alguma forma deixar que elas se acheguem a Jesus. 

"Pequenos gestos que podem provocar grandes mudanças, não devem ficar só na vontade"

Deus nos ajude !

sábado, 28 de agosto de 2010

Shine !




Shine
Salvador

I woke up to another day
Another day to celebrate
Your beauty and Your mystery, it’s more than any eye can see
I’m not the man I was before
With You, my life is so much more
Break the chains and open doors to a world I can't ignore

Lord let me shine, shine like the moon
A reflection of You in all that I do
Lord let me be a light for Your truth
Light of the world, I wanna be used to shine for You

As simple as a passing smile
Or listening a little while
To someone that's convinced that they are in this all alone
Here's my chance to share the news
To introduce the good that's You
Here You go again, You never cease to blow my mind

Lord let me shine, shine like the moon
A reflection of You in all that I do
Lord let me be a light for Your truth
Light of the world, I wanna be used to shine for You

You're the love that we all need
You lift us up to our feet
You hold the key to eternity
The King of Kings alive in me.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Apesar de tudo, ELE o estima...



Salmo 23

O SENHOR É O meu pastor. Ele me dá tudo de que eu preciso!

Ele me leva aos pastos de grama bem verde e macia para descansar. Quando sinto sede, Ele me leva para os riachos de águas mansas. Ele me devolve a paz de espírito quando me sinto aflito. Ele me faz andar pelo caminho certo para mostrar a todos quão grande Ele é.

Eu posso andar pelo vale escuro, onde a morte está bem perto; mas continuo tranqüilo e não sinto medo. Tu, Senhor, me guias e proteges constantemente!
Preparas uma refeição deliciosa para mim, na presença dos meus inimigos. Tu me recebes como um convidado de honra; e a minha vida fica cheia das tuas bênçãos!

Eu tenho absoluta certeza de que a tua bondade e o teu amor cuidadoso me acompanharão todos os dias da minha vida, sim; eu viverei na presença do Senhor para sempre!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A gente não quer falar...mas não tem jeito.

Autor: Pr. Renato Vargens

Para a cantora gospel Ana Paula Valadão, existe no mundo espiritual um principado denominado Exu Boiadeiro. Segundo a revelação de alguns "profetas", este exú, possui um tripé no planeta terra: Uma base em Barretos, outra em Dallas (EUA) e outra em Madri (Espanha). Se não bastasse isso, em um video postado na Internet, Ana Paula testemunha que o "Espírito Santo" lhe orientou a comprar e usar uma bota de couro de piton, como ato profético numa apresentação no Sambódromo no Rio de Janeiro. Depois ela também compartilhou, que o mesmo "Espírito" a orientou a comprar uma bota de cowboy, que deveria ser usada profeticamente em um show em Barretos.

Veja o vídeo:




Caro leitor, vamos combinar uma coisa? Acho que esse pessoal não está entendendo muito bem o Evangelho de Cristo. Infelizmente, diante de tantas invencionices, confesso que me assusta ver e ouvir tantas distorções teológicas. Sinceramente eu não vejo nas Escrituras Sagradas base bíblica para essa viagem toda. Por favor, pare, pense e responda com sinceridade: Em algum momento na Bíblia você encontra o Apóstolo Paulo orientando a Igreja de Cristo a fazer atos proféticos para destronar principados? Por acaso, o Novo Testamento relata os apostólos preocupados em dar nomes a demônios?

Pois é, uma das coisas que mais me me choca é que Ana Paula afirma que foi DEUS quem lhe orientou a comprar tanto o bota de Piton, como a bota de cowboy.

Prezado amigo, eu não sei aonde vamos parar, mesmo porque, a cada novo dia surgem novas heresias nos arraiais evangélicos. Sinceramente volta e meia me questiono: O que fizeram com o evangelho de Cristo? O que fizeram da sã doutrina? Que Cristianismo ensandecido é esse? Que Evangelho é esse? Que doutrinas são estas? Ora, esse não é e nunca foi o evangelho anunciado pelos apóstolos. Antes pelo contrário, este é o evangelho que alguns dos evangélicos fabricaram! Infelizmente, a Igreja de Jesus deixou de ser a comunidade da palavra de Deus cuja fé se fundamenta nas Escrituras Sagradas, para ser a comunidade da pseudo-experiência, do dualismo, do misticismo e do neomaniqueismo!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ah..que bom !

Segunda-feira, "braba", eu com mil preocupações na cabeça...Recebo o vídeo abaixo pelo Orkut. Veio enviado pela minha esposa Nilce.Uma pessoa que realmente me ama... e me ajuda a perceber que a vida vale a pena...

domingo, 18 de julho de 2010

Exercitando a Razão na Teologia...


Exercício da razão na Teologia:


O uso adequado da razão é imprescindível para a Teologia. A ciência sobre Deus adquire assim a condição de sólido e verdadeiro conhecimento humano e se livra de sérios perigos, como o fideismo e o racionalismo. A razão introduz na Teologia o sentido crítico necessário e as comprovações respeitosas do conteúdo da fé permitem ao crente satisfazer as legítimas perguntas da sua inteligência. Podemos resumir a tarefa da razão na Teologia assim:

* a) Procura analisar os dados da revelação, tenta comprovar seu valor, descobrir relações e definir objetos, delimitando suas propriedades e elementos constitutivos;
* b) A razão teológica tenta fundamentar os preâmbulos da fé e faz ver que a Palavra de Deus merece ser aceita e crida;
* c) Procura entender melhor as verdades da fé, advertir o sentido e a profundeza da cada uma delas e encontrar as articulações que unem umas às outras;
* d) Examina as objeções contra a fé e procura dar uma resposta racional a estas;
* e) A razão teológica procura fazer passar o conteúdo da fé desde o aspecto pessoal a uma expressão universal e pública, que possa ser compreendida e ensinada a outros.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

UMA IGREJA VELHA! QUERO UMA IGREJA VELHA!



Por Isaltino Gomes Coelho Filho

“Intolerâncias” é o título de artigo de Mauro Santayana, no “Jornal do Brasil”, de 12 de outubro. Começa assim: “Um fiel ‘desequilibrado’ da Assembléia de Deus apedrejou a imagem de Nossa Senhora, durante a procissão do Círio de Nazaré, em Belém. O ‘bispo’ da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio von Helder, esmurrou e chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, em programa de televisão visto por milhões de pessoas, faz dez anos hoje – e não era desequilibrado”.

Santayana segue: “Há mais ou menos um mês, outro ‘desequilibrado’ matou, a enxadadas, seus velhos patrões, um casal de japoneses, em chácara de Brasília. De acordo com as testemunhas, o assassino, convertido há alguns meses à mesma Igreja Universal, sentiu-se incumbido, pelo pastor, de ‘retirar os demônios’ do corpo dos anciãos. Atemorizados, os patrões o despediram. Matou primeiro a patroa, e depois o patrão, a pedradas e a enxadadas, gritando que o fazia ‘em nome do Senhor’. A Polícia fechou a igreja local”.

Não me direciono, aqui, contra a Universal. Creio serem coincidências os episódios em que ela é citada. A questão é outra. No passado, éramos chamados de “crentes” e éramos respeitados. Eu tinha 16 anos, trabalhava num escritório, na 7 de Setembro, no Rio. Numa noite, roubaram o cofre da empresa. A polícia veio investigar. Fim do expediente, eu precisava sair porque estudava. Um policial disse: “Deixa o menino ir. Ele é crente e crente não faz isso”. Não era eu, como pessoa. Eram os crentes. Acima de suspeita. Depois viramos “evangélicos”. Alguns são “gospel”. Ora, vão para os Estados Unidos! Mas quando éramos respeitados, o caráter era trabalhado em nossas igrejas.

A ênfase mudou. Passou a ser o poder espiritual. Daí para o poder material e político foi um passo, porque não era o quebrantamento espiritual, mas poder espiritual para dominar. Nesta busca de poder, o que nos limitava foi posto de lado, pouco a pouco, a Bíblia. Porque ela estabelece padrões e limites. Foi substituída por uma enxurrada de revelações, de profecias, de era do Espírito, onde líderes nem sempre sensatos fogem ao controle das Escrituras e ditam sua visão pessoal como palavra divina. O senso crítico se esvaiu. De pastor passou-se a bispo. De bispo a primaz. De primaz a apóstolo. De apóstolo a pai apóstolo. Uma megalomania que evidencia desequilíbrio gravíssimo. Como há desequilibrados em nossas igrejas! O evangelho produz saúde, não doença! Quem chama à sanidade espiritual e emocional é frio, ressentido porque o rebanho não cresce.

A ética cedeu à celebração. Vale mais o culto festivo que o culto reflexivo, de análise da vida diante de Deus, de conserto, de afirmação de valores. O narcisismo é chocante. Pasmei num congresso em que preguei. Um típico programa de auditório: música pauleira e manipulação. A entrada do cantor em palco foi doentia. Luzes apagadas, rufar de instrumentos, luzes sobre ele, de cabeça baixa, até levantá-la em ar triunfal. E a gritaria. Senti-me fisicamente mal. E envergonhado. Não foi isso que aprendi na Bíblia.

A Convenção Batista Brasileira, em excelente documento, pede um Brasil novo, à luz dos gravíssimos casos de corrupção no país. Mas junto com o Brasil novo precisamos clamar por “uma igreja velha”. Uma igreja velha, sim. Uma igreja antiga. Uma igreja em que a Bíblia seja pregada, em que a crença no poder do Espírito para fazer a obra crescer nos leve a prescindir de atos desonestos, de manipulações e de extorsão na contribuição. Uma igreja velha em que evangelizemos, e não agridamos. Em que aceitemos o crescimento dado pelo Espírito, e não o de “marketing”. Uma igreja velha, onde caráter seja mais importante que os nomes de figurões usados para adornar a igreja. Uma igreja velha em que o evangelho não ceda lugar à convivência amiga, sem contestações e sem exigências, “porque precisamos atrair as pessoas”. Uma igreja velha que pregue Jesus e não política. E que não chame de “alienados” os que pregam que “Jesus salva” e que só Jesus pode mudar o mundo.
Que minha igreja, que aprendi a amar, seja uma igreja velha. Cheia de “crentes” e não de “gospéis” (céus!). Se ela não quiser, este pastor maduro, que se sente “velho”, terá que buscar uma “igreja velha”. Mas está tão difícil achar crentes “velhos” e “igrejas velhas”!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A utilidade da teologia II


Aos leitores do blog meu pedido de desculpas por não o atualizar nos últimos tempos. Passo por uma fase de reflexão sem escrita. Diria que uma fase em que “me recolho à caverna...” Hoje, darei um passeio fora dela... Se é que me entendem...

Incentivado pelo pastor, filósofo, professor e amigo “Pita”, tentei em postagens anteriores através da dialética kantiniana, reunir alguns argumentos que explicassem a utilidade da Teologia. Prometi a mim mesmo, voltar a pensar mais um pouco sobre o assunto.

Eis então que me deparo no último sábado com o texto escrito por Silvino Santiago no jornal “Estado de São Paulo” que tem por título: “ O filósofo vai à Igreja”, onde consta o relato do filósofo Jürgen Habermas, que havia comparecido ao velório do dramaturgo suíço Max Frisch na igreja de S. Pedro em Zurique:

“Agnóstico que rejeitava qualquer profissão de fé, Max Frisch (conhecido dos brasileiros pela peça “Biedermann e os Incendiários”) se sentia desconfortável frente às cerimônias fúnebres que desconsideram a religião. Pela escolha do local onde seu corpo seria velado, declarava publicamente que a idade moderna iluminista não tinha conseguido encontrar um substituto adequado para o modo religioso de lidar com o rito de passagem que dá por finda a vida."

A atitude de Frisch, que escolhe um templo religioso para ser velado, por sua paradoxalidade, provoca no filósofo Habermas o interesse pelo assunto e a abertura do curto ensaio intitulado: “Um Entendimento do Que Está Faltando” – (An Awareness of What Is Missing).

Na visão teológica, esse ensaio talvez poderia ser resumido na idéia de que: “Falta à razão algo que poderia ter, mas não tem e por que anseia dolorosamente.”

Tentando achar respostas à esse anseio, um outro filósofo de tempos mais remotos, Platão defendia o conceito do idealismo. Reavivado nos tempos modernos por Hegel - O idealismo na filosofia não é o estado de espírito da pessoa cheia de ideais. Entre outros entendimentos fico com o de que é a teoria segundo a qual a realidade pertence à natureza da mente ou da idéia. Para tentar exemplificar, tomemos uma cadeira. É algo real, material, concreto. Mas antes de existir como objeto concreto existiu na mente do carpinteiro. Usou-se o idealismo também para argumentar-se em favor da existência de Deus... Só podemos pensar no que existe. Se temos a idéia de Deus, existe Deus. Aliás, este era o ponto de vista de Descartes, a teoria prioriza a idéia como sendo a verdade. O idealismo platônico também pode ser visto em Hebreus 3.5: “Eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus, já que Moisés foi avisado quando estava para construir o tabernáculo: ‘Tenha o cuidado de fazer tudo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte’”.
Na dialética Kantiniana então, o idealismo foi reavivado, Seu pensamento foi a reação cristã “a várias correntes filosóficas que acabavam negando a razão humana e subvertendo a religião cristã”.

Com isto, Kant lançou as bases do idealismo moderno. Seu pensamento é amplo e complexo, mas uma frase sua, traduzida de várias maneiras, nos ajuda a entender seu pensamento: “Duas coisas me pressionam sobremaneira: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”. Com isto ele reconhecia o mundo exterior, que acessamos pelos sentidos, e o mundo interior, o das idéias, que está em nós. Protestante, Kant nos legou esta frase: “A existência da Bíblia é a maior bênção que a humanidade jamais experimentou”. Ele entendia que as verdades espirituais eram a Idéia, e que a experiência podia confirmar a Idéia. Para Kant, “Deus, a liberdade e a imortalidade, longe de serem demonstráveis, de constituírem o objeto de um raciocínio teórico, são postulados, hipóteses exigidas pela razão prática, isto é, que dizem respeito à ação moral, à regra a priori da moralidade. Aos olhos de Kant, a esperança de outra vida depois da morte e de um Deus justiceiro vincula-se com efeito, a uma exigência prática”. Ele não se livrou de uma Idéia necessária, o Absoluto, causa das idéias. Podemos a partir disso, concluir então que a razão tem um grande valor e deve ser a senhora, na Filosofia, mas não podemos dispensar uma Idéia, a Revelação. Revelação que o iluminismo deixou para trás quando criticou a explicação idealista-religiosa do mundo... A falta dessa Revelação, é o que deixava Max Frisch incomodado... A Revelação é o caminho ao entendimento do que está faltando que Habermas procura.

Tem a ver com a utilidade da Teologia como campo do conhecimento, levando ao homem informações sobre aquilo que ele não pode ver ou tocar. Na Teologia, a Revelação precisa ser trabalhada pela idéia.

Frisch tinha razão quando dizia que a idade moderna iluminista não fora capaz de lidar com a morte.

José B. Silva Junior

Fontes:
“O Estado de São Paulo” Prosa de Sábado – 10/07/2010 – Silvino Santiago
www.amai.jc.nom.br/Filo_Teo.html – Visão Panorâmica da História da Filosofia – Isaltino Gomes C. Filho

sábado, 26 de junho de 2010

Um abraço...

Um abraço guarda o segredo de literalmente aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá descanso à palavra. O silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra precise se juntar à outra. O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante. (Ana Jácomo)



Vi no Chiroma.com


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pais e Filhos


Pais e Filhos

Ontem fui procurado por meus filhos, estavam precisando de ajuda com a tarefa da escola. Primeiro um dos probleminhas do Joás: “Começando a contar de um domingo, o milésimo dia vai cair em qual dia da semana”? Depois um da Júlia, também de matemática, que parecia ser sobre equações de um grau que já não me lembrava mais e que só de olhar já me fez sentir arrepios.

Depois de ajudá-los no que foi possível, fiquei ali sentado no sofá da sala, olhando para os dois e refletindo sobre o grande desafio que tenho em educá-los corretamente. De como tudo seria mais fácil, se tudo que tivesse que fazer fosse resolver exercícios de matemática. A pergunta que ficou em minha mente foi: Afinal, como posso educar corretamente meus filhos? É uma pergunta difícil, para a qual não existe uma resposta pronta.

Já tentei usar a bíblia e o conselho dos Provérbios para respondê-la: “Ensina o menino no caminho em que deve andar, e quando envelhecer não se desviará dele”. Sábio e precioso conselho. Porém, aprendemos que essa resposta foi dada a uma sociedade unitária de séculos atrás, sem pluralidade, com apenas um norte e sentido e com uma religião só talvez. Tempo em que não havia, computador, internet, Orkut, MSN, twitter, grupos virtuais, celular com tecnologia Bluetooth, blogs, televisão, “malhação”, escola instituída, rua, gangs, bulling... e muito mais coisas que existem hoje em dia e que invadem nosso espaço tal como enxurrada, que toma a forma de tudo que vê pela frente.

Naquele tempo só havia o pai e a mãe. Só. Havia o pai, que não apenas orientava, mas que mandava e selava o futuro dos filhos, abençoando ou não, fazendo do futuro dos filhos aquilo que fosse melhor para eles.

Gostaria muito que hoje, no ano de 2010, fosse só eu que educasse a Júlia e o Joás. Mas não é assim. Sou consciente que não sou a única voz a ensiná-los. Talvez apenas uma dentre tantas, e nem sempre a mais importante. Não adianta querer escolher com quem vão namorar ou casar e dizer que antigamente o pai ordenava que o servo buscasse a esposa para o filho e a trouxesse montada num camelo. Eles vão olhar para mim com uma cara de “lá vem conversa de velho”. Tenho que ter consciência de que eles vão ter que descobrir seus limites, e que para descobrirem esses limites vão passar por sofrimentos, erros e infelizmente nem sempre haverá retornos. E aí, sobrará o olhar triste e melancólico do pai, o “você deveria ter escutado seu pai”. Só que aí já foi ou terá sido.

Tempos difíceis. Não há atalhos para superá-los, e não há como voltar pra época dos camelos. E aí é que tem que entrar o bom senso, a integridade da vida e os valores. Hoje não dá para ser um pai conceitual, que só fica resolvendo os problemas de matemática e dizendo faça isso ou aquilo. Aprenda isso e aprenda aquilo. Esse tipo de ensino tem o seu lugar, só que antes vem o que se é no relacionamento em casa, na amizade, companheirismo, humanidade, afetividade, fidelidade, hombridade, honestidade, cordialidade, responsabilidade, seriedade, mansidão, capacidade de abertura ao diálogo, senso de justiça e muita oração. Muita, mas muita mesmo. Um pouco mais do que você está pensando. Porque enquanto você conversa com Deus sobre os filhos, fala de si, e pede conselhos também com o Pai.

E assim, chegará o tempo em que você estará ao lado de seu filho dizendo: Filho, é assim que se faz, olha aqui, bem aqui ó, tá vendo? Eu faço primeiro, olha bem para não errar. Olha a receita do carinho, do amor, da fidelidade, da integridade , da honestidade..., coloque água na medida certa, senão fica seco demais ou mole demais, e daí não gruda. Viu como é? Não é difícil, é só praticar bastante. E chegará o tempo em que nossos filhos quando escutarem alguém lhes sugerindo que façam uma coisa absurda, sentirão repulsa antes de pensar na resposta. E vão dizer: “Aprendi isso com meu pai”, e não iremos escutar, mas estaremos lá em suas memórias, e a melhor maneira de se lembrarem da gente é praticarem o que ensinamos. E estaremos felizes, sem saber que estamos felizes. São coisas que a Júlia e o Joás só vão entender direito quando forem pais... Porque na verdade sentimento de pai, não dá para explicar ou ensinar.

José B. Silva Junior

Extraído do Texto de Natanael Gabriel da Silva
“A Casa Oficina”.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Afinal, para que serve a teologia ?


Afinal, para que serve e Teologia ?

Dia desses fui ao banco assinar alguns documentos e o funcionário que me atendia aproveitou para atualizar o cadastro da conta. O atendente passou então a confirmar alguns dados: Endereço, telefone, local de trabalho... Quando chegou no item escolaridade, ao dizer para ele que era estudante de Teologia, percebi o único momento em que o fiz tirar os olhos do monitor do computador e olhar em minha direção com uma incrível expressão de interrogação. Invariavelmente é assim, quando me apresento como estudante de teologia, as pessoas demonstram um misto de curiosidade e espanto sobre o assunto.

Já houve quem questionasse: “Mas depois disso você fará algo que lhe de algum futuro, não é ?”

Richard Dawkins, um dos maiores defensores do ateísmo foi além, ele disse:

“Qual a utilidade da Teologia...? As realizações dos teólogos não fazem nada, não afetam nada, não significam nada. Afinal, o que faz alguém pensar que “teologia” é um campo do conhecimento?” ( uau... essa doeu !)

Para tentar entender no que a Teologia (cujo principal objeto de estudo é invisível) pode ser benéfica a alguém, ou ainda, ser reconhecida como um campo do conhecimento, recorri inicialmente a metafísica.

A metafísica trata de problemas sobre o propósito e a origem da existência e dos seres. Da especulação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da Filosofia, outras, se confunde com ela.

Pois bem, a metafísica é o exercício da mais difícil das operações intelectivas: a apreensão do transparente dos transparentes, isto é, do diáfano* das coisas (*que deixa passar a luz através de sua massa compacta, sem, contudo, deixar ver distintamente as formas dos objetos; algo translúcido,transparente) ; para isso, o nosso saber precisa fazer a si mesmo a maior das "violências". Para entedermos melhor, imagine-se tentando observar um vidro com um grau de transparência muito próximo a 100%, e do esforço que você terá que empreender em sua visão para poder focá-lo.

Aristóteles (Estagira, Macedônia, 384-322 aC), e S. Boaventura (Bagnoregio, Itália, 1217-1274), por exemplo, nos falam de aspectos diferentes da ofuscação circunstancial da mente humana perante o diáfano.

Diz Aristóteles: Do mesmo modo que se comportam os olhos do morcego a respeito da luz do meio-dia, comporta-se também o intelecto de nossa alma a respeito das coisas que são as mais visíveis do mundo ("té phúsei phanerótata pánton").

S. Boaventura cita literalmente o texto de Aristóteles e acrescenta: Porque, acostumados às trevas dos entes e das imagens sensíveis, quando o homem vê a luz do Ser Supremo, parece-lhe que nada vê; não entende que essa escuridão é a iluminação suprema da nossa mente.

A apreensão do diáfano é "constitutivamente" difícil; e isso por dois motivos:

• Primeiro, porque o diáfano é um âmbito constitutivo das coisas, mas não pertence ao âmbito do óbvio ou do ultra-óbvio delas...

• As coisas do cosmos simplesmente têm um certo desejo ou tendência (órexis) de estar em movimento ou mudança.

• Mas isso não parece plenamente suficiente para explicar os movimentos e mudanças das coisas do cosmos; alguém, de alguma maneira, faz que as coisas existentes no cosmos efetivamente se movam ou mudem; e a nossa pergunta (incluindo os teólogos e estudantes de teologia) então é: Quem?

Crítica de Kant (Königsberg, Alemanha, 1724-1804) a toda a metafísica anterior ao seu tempo: A razão humana não pode conhecer as "coisas tal como são em si mesmas"; o conhecimento da razão humana consiste apenas em "objetualidade".

Ou seja: É certo que a razão humana está carregada de questões acerca das coisas em si, (objetualidade) que não pode eliminar, porque lhe são colocadas precisamente pela sua própria natureza.

• No entanto, muito mais certo ainda é que a razão não é capaz de resolver essas questões acerca das coisas em si, porque transcendem absolutamente todo poder da razão humana.

Para Kant, assim como para toda a metafísica moderna, o primeiro transcendental é a verdade, mas entendida como "a objetualidade a priori do dado pelas coisas feitas pelo Eu pensante".

Assim, Kant (como crítico da razão pura) me faz pensar, que somente a Razão Divina conhece as coisas em si, porque as criou; a razão humana não, porque é "essencialmente diferente" da Razão de Deus.

Isto posto, deixando um pouco de lado a metafísica e a filosofia, a utilidade da teologia consiste em fornecer ferramentas e subsídios à busca da compreensão da “Razão de Deus”. A teologia também se esforça para analisar os caminhos da sociedade e fornecer elementos e subsídios para que se identifique os seus desvios. A missão do teólogo dentro desse contexto, é a de convidar os indivíduos para refletirem acerca do transcendente à sua razão. Pois de fato, quando o homem pergunta; “Qual a utilidade da Teologia, e o que faz alguém pensar que esse é um campo do conhecimento?”, ele nada mais faz do que demonstrar sua sede de racionalizar explicações que sua mente não tem capacidade por si só de compreender.

E é nessa sede de conhecer à Deus, (ainda que por um impulso inconsciente), que o homem ao se colocar ante o diáfono, também anseia desenvolver relacionamentos profundos, e encontrar algo capaz de fazê-lo ir além de si mesmo e descobrir-se como pessoa. Então, a teologia tenta traduzir para a linguagem humana os caminhos que nos conduzem aos mistérios Divinos.

Para quê serve a Teologia? Para lembrar às pessoas de que a vida é mais do que aquilo que se pode ver ou tocar.

Jose B. Silva Junior – 05/2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pedir ou Determinar ?


“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” Jo 14:13

Em seu livro “Exija seus direitos” RR Soares, líder da Igreja Internacional da Graça ensina que o crente não deve pedir a bênção, mas determiná-la ou exigir como um direito. A suposta base bíblica para essa sua doutrina nefasta é Jo 14:13, muito embora ele a credite a Kenneth Hagin. Ambos afirmam que “a palavra pedirdes foi mal traduzida” e que aiteo “deveria ter sido traduzido por exigirdes ou determinardes” (p. 42). Segundo ele “continuar orando, pedindo, suplicando por algo que já é seu é declarar que a Palavra do Senhor pode não ser a verdade” (p. 45). Chega ao extremo de dizer que ser paciente e suportar a provação é dar lugar ao Diabo (p. 78).

No livro ele afirma que não é versado em grego. Mas acreditou piamente no que Hagin lhe disse. Depois disse que conferiu no dicionário de Strong e que de fato a palavra aitéo também pode significar exigir, determinar. A propósito, ele define determinar como “a nossa ação com base na Palavra de Deus, o que nada mais é do que tomar posse da bênção e exigir os nossos direitos” (p. 27).

O significado de um termo deve ser buscado no uso que os autores fizeram dele nas escrituras. E quando examinamos o uso de aiteo nas Escritura descobrimos que ele jamais é utilizada com o sentido que RR Soares e Hagin lhe emprestam. E também descobrimos que as palavras determinar, ordenar, exigir, etc. jamais são utilizadas pelo homem para obter algo de Deus. Portanto, se Soares valoriza a Palavra de Deus como diz valorizar, deveria ter o mínimo cuidado para utilizá-la sem distorcer o seu significado, semeando o erro no meio do povo de Deus.

O significado bíblico de aiteo

As principais traduções e versões bíblicas traduzem aiteo como pedir. Tomando Jo 14:13 como exemplo, já vimos que a Almeida Revista e Atualizada a traduz assim, assim como a Almeida Revista e Corrigida. A Tradução Brasileira também fez essa tradução, bem como a Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Estariam todos os tradudores enganados ou mal intencionados ao esconderem o sentido de ordenar em suas traduções? Veremos que não.

Antigo Testamento

O termo aiteo e seus cognatos são utilizados no Antigo Testamento 65 vezes na Septuaginta. O sentido é sempre de pedir, implorar, suplicar, e nunca de ordenar ou determinar. Assim, temos Elias dizendo a Eliseu “pede-me o que queres” (2Re 2:9); Jabez invocou a Deus dizendo “Oh! Tomara que me abenções” e Deus lhe deu “o que lhe tinha pedido” (1Cr 4:10); a Salomão Deus disse “pede-me o que queres que eu te dê” (2Cr 1:7) e o próprio Salomão deu à rainha de Sabá “tudo o que ela desejou e pediu” (2Cr 9:12). Vemos também Esdras dizendo que teve “vergonha de pedir ao rei” (Ed 8:22), enquanto que Neemias diz “pedi licença ao rei” (Ne 13:6) para voltar a Jerusalém. Davi não determinou, mas orou “uma coisa peço ao Senhor” (Sl 27:4), Salomão, mesmo sendo mais ousado disse “duas coisas te peço” (Pv 30:7). Isaías disse a Acaz “pede ao Senhor, teu Deus, um sinal” (Is 7:11) e Jeremias observou que durante o cerco de Jerusalém “os meninos pedem pão” (Lm 4:4). Para que seus três amigos fossem constituídos sobre os negócios da Babilônia, Daniel não determinou ao rei, mas fez um pedido (Dn 2:49). Finalmente, Zacarias disse “pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serôdias” (Zc 10:1).

Em todas as passagens acima a Septuaginta utiliza aiteo, e em nenhuma delas a tradução determinar é cabível. Imagine Eliseu exigindo de Elias a porção dobrada, Jabez ordenando a Deus que alargasse os seus limites, Salomão determinando que Deus lhe desse sabedoria e a rainha, em sua visita de cortesia a Salomão ordenasse que este lhe desse o que ela desejasse! Seria absurdo. Como seria despropositado também que Esdras, Neemias e Daniel exigissem seus direitos junto ao rei, que Davi, Salomão e Acaz dessem ordens a Deus e meninos famintos exigissem seus direitos! Portanto, o uso que os setenta fizeram de aiteo na tradução do Antigo Testamento para o grego não deixa dúvida que pedir, rogar, suplicar, etc. é a tradução mais adequada e que qualquer termo que denote autoridade não é apropriada.

Novo Testamento

Já vimos que no uso que os tradutores da Septuaginta fizeram de aiteo não cabe o sentido de ordenar, determinar, mandar, exigir ou qualquer outro que Hagin e seu aprendiz queiram dar. Mas sei que Hagin principalmente despreza o Antigo Testamento, então vejamos se o Novo lhe dá algum apoio às suas idéias. A palavra aiteo aparece diversas vezes nos evangelhos e nos demais escritos do Novo Testamento. Jesus diz que o Pai sabe o que seus filhos precisam “antes que o peçais” (Mt 6:8), mesmo assim orienta “pedi, e dar-se-vos-á” (Mt 7:7), pois “qual pai se porventura seu filho lhe pedir pão lhe dará uma pedra?” (Mt 7:9). Vemos que a mulher de Zebedeu se aproximou dEle, o adorou e “pediu-lhe um favor” (Mt 20:20). No verso seguinte ao utilizado como cavalo de batalha por Soares Jesus diz “se me pedirdes alguma coisa coisa em meu nome eu vos darei” (Jo 14:14). À porta Formosa, o coxo de nascença pedia esmola (At 3:2) e Paulo escreveu aos Colossenses “não cessamos de orar por vós e de pedir” (Cl 1:9). Aos faltos de sabedoria Tiago preceitua “peça-a a Deus” (Tg 1:5) e João anima com o testemunho de que “aquilo que pedimos, dEle recebemos” (1Jo 3:22).

Em todas essas passagens e outras não mencionadas, aiteo é utilizada para mostrar alguém pedindo encarecidamente a alguém que tem autoridade maior e que poderia conceder o pedido ou não, de acordo com sua vontade. É um contra-senso pensar que um filho pode determinar o que seu pai deve lhe dar, que a mãe de Tiago e João poderia adorar a Jesus e em seguida lhe dar ordem ou fazer exigências ou que um aleijado de nascença pudesse exigir direito a esmolas, que por isso deixaria de ser esmola. A esta altura RR Soares diria “Exigir ou determinar a bênção não é dar ordens ao Senhor” (p. 46). Porém, se aiteo significa determinar, ordenar, exigir e se aiteo refere-se àquilo que queremos receber de Deus, então forçosamente a ordem é dada a Deus. Jesus disse “se me pedirdes” e Tiago escreveu “peça a Deus”. No mínimo RR Soares deverá explicar porque aiteo em Jo 14:13 significa ordenar, exigir e no verso seguinte significa pedir, suplicar, etc. O emaranhado que ele se meteu é tal que a conseqüência lógica de seu raciocínio beira à blasfêmia, pois ou faz do Diabo a fonte de bênção do crente ou a criatura mete-se a mandar no Criador!

Jesus e nós

RR Soares afirma que não devemos pedir, pois Jesus não pedia nada ao Pai, apenas determinava, ordenava, exigia. Escapou-lhe um detalhe que faz toda diferença: não somos Jesus e embora ele tenha participado de nossa humanidade nós não participamos de sua divindade. Ele é Senhor, e nós servos. Jesus não era apenas um homem, era verdadeiro Deus. Mas há outro detalhe que Soares não percebeu e seu mestre não lhe alertou. Jesus nunca se referiu a si mesmo como pedindo ao Pai utilizando o termo aiteo. Por quê? Porque aiteo se refere a um inferior pedindo a um superior, e Jesus é igual ao Pai. Assim, quando refere-se a um pedido ao Pai ou quando ora, Jesus utiliza o termo erotao, que é mais usado para um pedido entre iguais. Na mesma passagem que nos manda pedir (aiteo) Jesus disse “eu rogarei ao Pai” (Jo 14:16), utilizando erotao. Numa outra passagem Jesus diz “naquele dia, pedireis (aiteo) em meu nome; e não vos digo que rogarei (erotao) ao Pai por vós” (Jo 16:26). Mesmo quando a tradução é pedir, o termo utilizado por Jesus é erotao, como em Jo 17:15. Então, se aiteo é determinar, temos que Jesus nunca determinava, enquanto que os discípulos deveriam fazer isso, o que só faz sentido na mente de Hagin e Soares.

Determinar e ordenar

Apesar de aiteo não significar determinar, ordenar ou exigir, estas são palavras que ocorrem na Bíblia. Mas não estão relacionadas ao recebimento de bênçãos de Deus através da oração. Uma das palavras utilizadas para traduzir determinar é keleuo, traduzida também por comandar, ordenar. Assim, Jesus “ordenou que passassem para a outra margem” (Mt 8:18) e Herodes “ordenou que lha desse [a cabeça de João Batista]“ (Mt 14:19). Quando José de Arimatéia pediu (aiteo) o corpo de Jesus, Pilatos “mandou que lho fosse entregue” (Mt 14:19). Em nenhuma ocasião keleuo é utilizado para que crentes tomassem posse da bênção. Outra palavra grega utilizada como determinar é prostasso. Das sete vezes em que ocorre, em nenhuma refere-se a crente usando de autoridade para receber bênçãos (Mt 1:24; 8:4; 21:6; Mc 1:44; Lc 5:14; At 10:33,48). Outra palavra às vezes traduzida determinar é paraggello, como usado em “Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem” (Lc 8:29). Esta mesma autoridade usou Paulo para expulsar demônios (At 16:18), mas isto está longe de ordenar anjos que nos tragam a bênção. Horizo também pode é traduzido como determinar, como por exemplo em Hb 4:7, porém em nenhuma de suas oito ocorrências refere-se a crentes determinando a bênção. Como essas, há outras palavras que transmitem a idéia de determinar, porém nãos e aplicam a crentes obtendo bênçãos de Deus.

A palavra normalmente traduzida como ordenar, mandar é epitasso. Jesus mandou que espíritos fossem para o abismo (Lc 8:31), Herodes mandou que trouxessem a caça de João Batista (Mc 6:27), o sumo sacerdote mandou que batessem na boca de Paulo (At 23:2) e o próprio Paulo reconehceu que poderia ordenar o que quisesse a Filemom, mas nenhuma dessas pessoas estavam determinando a bênção para suas vidas!

Conclusão

O autor de “Exija seus direitos” confessou não ser versado em grego. Eu também não sou. Porém, mesmo para quem falta erudição é patente a falta de sustentação bíblica para a idéia de que o crente não deve pedir, e sim determinar, exigir sua bênção. RR Soares semeia um ensino pernicioso à fé, e como veremos em outros artigos, essa não é apenas uma filosofia cristã inocente, pois chega ao ponto de tornar Deus obsoleto. Se eu pudesse determinar alguma coisa, determinaria que ele percebesse o erro a que está induzindo muitas pessoas, se retratasse e deixasse a Bíblia dizer o que diz.

Pr. Celmir Guilherme

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