Atingidos pelos Reflexos...

sábado, 29 de outubro de 2016

Religião e Modernidade




“Junior, pelo que leio em suas postagens, você não gosta de religião...”

Entendo que passe essa mensagem. Porque da parte boa (que é exceção) quase não falo aqui. Os bons leitores hão de me entender. É uma abordagem crítica que faço. Há quem prefira só as rosas... Antes de chegar nelas me atenho aos espinhos. E quantos espinhos a machucar-nos as mãos...

Com raríssimas exceções, a religião ao longo da história, concretamente falando, não apenas apoiou, mas ainda legitimou a escravidão, a submissão das mulheres, o extermínio dos povos colonizados, e, hoje, o vilipêndio de cidadãos da República, pelo fato de serem homossexuais [o conceito de Humanidade vai sempre enfiado goela abaixo da religião pela modernidade laica]. É de suma relevância que os aspectos de insuficiência concreta da implantação dessa plataforma moderna sejam tratados como desvios do padrão, erros, crimes, insuficiências. Isso, em si, é importante. Ainda que o que se pratique em nome disso seja chamado de religião.

A Religião deveria, se formos usar nossas consciências para fazer uma reflexão séria,  converter-se à modernidade e ao humanismo. Deveria assumir, como ponto de partida a autonomia epistemológica, política e religiosa por parte do homem e da mulher dentro de parâmetros Laicos para o Estado Democrático de Direito. E isso nos níveis filosóficos, sociais e políticos. É isso mesmo... A Religião deveria se converter. Por que a religião, essa que está aí, não constitui um fenômeno em harmonia com esses valores não.  Há exceções? 5, 3, 1%?

Alguém dirá que a modernidade tem seus pecados. Claro, e graves, gravíssimos. Não estou discutindo isso. Trata-se, apenas, de reconhecer que um ser religioso, enquanto ser religioso, sequer competência ética tem, (pois aqui mesmo outro dia quando denunciava um corrupto evangélico, fui admoestado pelo religioso de que deveria me calar e que o julgamento dele pertence a Deus) - e isso não sou eu a dizer. Uma dissertação de mestrado, defendida e aprovada na Escola Nacional de Saúde, na Fiocruz, no Rio de Janeiro, argumenta que a heteronomia do sujeito religioso não permite a ele expressar-se eticamente, uma vez que se encontra subjugado por terceiro representado na forma de valor e dogmas heterônomos. Estudiosos falam disso em termos de "possessão" por parte das ideias.

Não sei se minhas ideias são simplistas. Pelo contrário, talvez: considerar como natural a presença da religião, totalmente não-democrática, até anti-democrática, e mais, considerar como messiânica a sua expressão, uma espécie de revelação à modernidade, como por exemplo pela Revolução Islâmica, isso sim, me parece simplista, uma espécie de condescendência a um sistema heterônomo no coração da democracia, onde dependemos da sanidade política dos cidadãos, como se isso representasse respeito aos cidadãos vinculados a esse sistema.

Tem como “gostar” dessa religião?
 
Extratos de peroratio.blogspot.com - Osvaldo Luiz Ribeiro (Pela educação da Religião).

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