Atingidos pelos Reflexos...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pós Modernidade


Ontem à noite cheguei em casa depois de ter saído da faculdade, passava um pouco das 23:00, havia saído de casa ás 07:30 da manhã, portanto, foi nessa hora pela primeira vez no dia que fui ver minha esposa e meus filhos.


Lembro que estava com fome, um pouco cansado, tinha alguns assuntos que tinha que conversar com minha esposa, mas antes disso já estava pensando em tomar um banho, comer alguma coisa, e descansar. Ah, pensava também em algumas atividades da faculdade que já estão atrasadas e também em preparar a aula da escola bíblica no domingo. O jornal da TV noticiava alguns assuntos do dia, não me lembro bem quais, lembro também de ver algumas correspondências em cima da mesa, entre elas algumas contas para pagar.


Estava no quarto ainda trocando de roupa quando meu filho Joás perguntou: “Pai, você viu a mesa nova ?” Era uma mesa que minha esposa havia ganho de uma de nossas vizinhas e que eu ainda não havia visto por não chegar até a cozinha. Respondi ao Joás que não havia visto ainda e na mesma hora, ele trouxe a capa de um DVD, um filme que ele havia assistido durante o dia. “Pai, você já assisitu esse filme ? É legal, tem que devolver amanhã, então tem que assistir agora”. Respondi pra ele que não poderia assistir aquela hora, o filme demoraria umas duas horas e eu estava cansado e teria que trabalhar no dia seguinte. Depois fui até a cozinha, ele estava do lado da mesa nova, eu com fome, já havia até me esquecido da mesa...Minha esposa olhou em minha direção e com um sinal no olhar disse que o Joás estava esperando que eu comentasse alguma coisa. Soltei um.. “Nossa, que legal..!” meio sem graça. Fiz meu prato de comida, jantei, e quando fui ver o Joás já estava dormindo. Minha esposa comentou que ele havia passado o dia inteiro esperando pra me mostrar o filme e a mesa.


Fiquei pensando no que nossas atividades, nossos compromissos, nosso estilo de vida, nossa sociedade pós-moderna tem feito conosco. Tudo isso me rouba um relacionamento ideal, uma aproximação maior, não só com meus filhos e minha família, mas com todos aqueles que me cercam. Alguém poderá dizer que é para uma boa causa, mas será mesmo ?


Como eram as sociedades antigas, quando ainda não existia a energia elétrica, as máquinas, os carros, os livros, a televisão ? Tento imaginar uma família vivendo sem todos esses nossos recursos. A aproximação devia ser maior, em qualquer lugar que se fosse, as caminhadas juntos eram inevitáveis, pois não existiam carros, e durante essas caminhadas o diálogo certamente era algo intenso. Á noite ninguém se preocupava em estudar em faculdades ou escolas, não existia energia elétrica muito menos televisão, imagino que as conversas entre pais, mães e filhos depois que anoitecia era um momento de prazer, de troca de experiências e de ensinamentos e aprendizagem. Certamente que não existia o consumismo desenfreado de hoje, as pessoas se contentavam com a economia de subsistência, o ser era muito mais importante do que o ter. A vida era mais simples, ninguém se preocupava com a alta do euro ou do dólar, ou com a queda da bolsa, ninguém se importava em trocar de celular ou de carro. Os valores eram outros. Para onde o avanço da ciência e o progresso da sociedade estão nos levando ? O que tudo isso tem trazido de bom ou de ruim para cada um de nós ?


Estamos aos poucos nos tornando pessoas insensíveis, isoladas, programadas, não conseguimos mais parar para ouvir as pessoas. Pais e mães estão abandonando, quando não matando, os filhos. Filhos estão preocupados em ter tudo que precisam para serem aceitos nos grupos de nossa sociedade pós-moderna. Amigos sinceros, vizinhos que se ajudam, parentes que se reúnem, igrejas unidas, é algo que tem se tornado raro em nossos dias.

Vou chegar em casa hoje e ver a mesa com o Joás, comentar sobre a cor dela, sobre o tamanho, de como ficou bem no lugar onde ela está, vou perguntar se ele não teria uma sugestão de um lugar melhor para ela. Amanhã sábado, vou alugar aquele filme que ele queria que eu assistisse, quero que ele assista junto comigo. Sei que isso não vai resolver o problema.

Precisamos fazer algo !

domingo, 24 de agosto de 2008

O Fato, Deus !


Através de um artigo publicado no Jornal Folha de S. Paulo de 16.09.2001, José Saramago declara seu ceticismo em relação á Deus. O texto que tem como título “O Fator Deus”, foi escrito logo após a tragédia das torres gêmeas em Nova York no dia 11 de setembro de 2001, ainda em meio à perturbação que tudo aquilo causava ao mundo.

A perplexidade de Saramago diante de tragédias como as de 11 de setembro, da Guerra do Vietnã, do extermínio de Judeus na 2ª guerra e de outras citadas por ele, é a mesma que sentimos. Não há mesmo como entendermos tantas vidas que chegam ao fim de maneiras tão cruéis e cheias de terror. Seu questionamento sobre o posicionamento e até mesmo sua descrença sobre a existência de Deus em todas essas situações é algo perfeitamente compreensível. Assim como Saramago, ficamos tentados a atribuir a culpa de todas essas tragédias, ao criador do universo, aquele que , pelo menos em nossas idéias, é o responsável pela ordem do caminhar da humanidade. Nessas situações, nossas limitadas mentes procuram respostas muitas vezes através de perguntas: Deus existe ? Onde está Deus ? Se Deus existe e controla tudo isso, porque coisas assim acontecem ? Diante da falta de respostas temos sim o direito que Saramago reivindica. O direito de escolher dizer não à Deus, o direito à Heresia, o direito de achar que Deus só existe em nossos pensamentos. Será que temos uma resposta á essas perguntas ?

A origem do bem e do mal, a criação do homem, a construção do universo é sempre um assunto que nos remete á um debate permeado de especulações, tanto científicas quanto teológicas, mas o que podemos ver em nossos dias, é esse debate tornar-se cada vez mais interessante. O avanço da ciência nas últimas décadas tem contribuído de forma significativa para a discussão. Temos por exemplo a descoberta de dois cientistas há cerca de 30 anos atrás: Arno Penzias e Robert Wilson provaram cientificamente a existência de radiações do brilho avermelhado da explosão do chamado big bang, conhecida como radiação cósmica de fundo, descoberta aliás, que lhes rendeu um prêmio nobel. Em resumo,através deste feito, soube-se que o universo teve sim um início, através de um surgimento grandioso. Mas qual o significado disso para nossa questão sobre a existência de Deus ?

Robert Jastrow, diretor do maior observatório do mundo e fundador do instituto Goddard para estudos especiais da Nasa, autor do livro “Deus e os Astrônomos”, mesmo sendo um agnóstico confesso em relação á assuntos religiosos disse:
Os astrônomos percebem agora que se colocaram numa encruzilhada, porque provaram por seus próprios métodos que o mundo começou abruptamente, num ato de criação ao qual se pode rastrear as sementes de toda estrela , todo planeta, toda coisa viva no cosmo e na terra, eles descobriram que tudo isso aconteceu como um produto de forças que não esperavam encontrar...isso que eu e qualquer pessoa chamaria de força sobrenatural, é agora, penso eu, um fato cientificamente comprovado.

Nas últimas palavras de seu livro Jastrow ainda afirma:
Para o cientista que tem vivido pela fé no poder da razão, a história termina como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância, está prestes a conquistar o pico mais elevado e, quando se lança sobre a última rocha, é saudado por um grupo de teólogos que estão sentados ali há vários séculos.
O que se percebe é que se realmente estudarmos a ciência é certo que seremos levados para mais pertos de Deus.
Usando uma citação de Saramago sobre a frase de Nieztsche: “Tudo seria permitido, se Deus não existisse”, penso haver uma verdade nessa frase, pois para aquele que argumenta a favor da não existência de Deus, tudo não só seria, mas é permitido, até mesmo escrever coisas tão sem sentido. E à essa mesma pessoa que se diz ateísta, será difícil reunir uma linha de raciocínios e argumentos capazes de explicar a existência de Deus, pois conforme o próprio Nieztche (também ateu) disse, “é nossa preferência que decide contra o cristianismo, e não os argumentos.” Portanto, não importa o que eu tente responder aqui para Saramago, ele já conhece todas as possíveis explicações e até provas que indicam a existência de um criador e de uma criação sobrenaturais. Sua opção pelo “Fator Deus” é uma questão pouco inteligente de preferência pessoal.

Lendo há alguns meses atrás um artigo sobre o caso da morte da menina Isabella Nardoni, jogada pelo próprio pai pela janela do 6º andar do prédio onde morava em São Paulo, e que comoveu a opinião pública do Brasil, assim como todas as outras tragédias citadas por Saramago que chocam todo o mundo, uma pergunta chamou-me a atenção: “Onde estava Deus ?”

Penso eu, que Deus estava onde sempre esteve. Na posição que sempre assumiu desde o princípio da criação do universo e do homem, dando-lhe liberdade para fazer escolhas e agir. E é claro que essa afirmativa não deve ser um ponto final na resposta à pergunta, é claro que uma frase não vai confortar os corações aflitos nem tampouco deixar-nos livre da dor de ver tantas pessoas indefesas, incluindo crianças, morrendo de forma tão horrenda; e penso que é muito provável que nem essa e nem tantas outras frases que tentei ou tente dizer aqui serão suficientes para explicar coisas tão humanamente irracionais.

Deus , quando em sua forma humana através de Jesus, passou por este mundo, deixou marcas. Cientistas, filósofos, historiadores, teólogos, psicólogos e até mesmo ateus, reconhecem que seus ensinamentos e sua habilidade em se relacionar com aqueles que o cercavam era algo impressionante. E se atentarmos bem para sua história, veremos que o centro de suas atividades está mesmo no homem. Ao multiplicar os pães e peixes, ao transformar água em vinho, ao fazer a pesca fracassada no mar da Galiléia se transformar em um sucesso, Ele não abre mão da participação do homem em cada um desses episódios. Lembram ? “Encham as talhas de água”..., “Tragam-me os cinco pães e os dois peixes”..., “joguem a rede”... Ele poderia ter feito tudo isso do nada, bastava um estalar de dedos e tudo aconteceria. Porém ele se preocupa com o homem, quer vê-lo sentindo-se parte importante no processo de mudança. Para Jesus o homem é indispensável nessa tentativa de transformar mal em bem. Suas atitudes e ensinamentos sempre apontavam para uma única direção: o fazer o bem. Mas o ser humano insiste pelo mal. No ato da criação humana, Deus dá algumas recomendações do que devia ser feito, mas a escolha pelo erro é feita pelo homem. Jesus, muitos anos depois, volta a relacionar-se com o homem na tentativa de fazê-lo entender que ainda há tempo. O homem teima em não entender; o amor incondicional (e isso inclui amar até mesmo seu próprio inimigo), o abraçar e amar as criancinhas (Jesus demonstra essa preocupação várias vezes no evangelho), curar os doentes, se preocupar com os pobres...enfim, o homem resolve de alguma forma, que nada disso é bom...Então Jesus sofre, a humanidade sofre. Jesus porém, sofre como nenhum outro ser humano sofreu e jamais sofrerá. A cruz então, nos faz pensar e refletir sobre as trágicas mortes que citamos até aqui : Qual outra morte poderia ser tão injusta quanto á de Jesus ? Sim, ela é injusta em nossa perspectiva humana. Alguém bom e inocente não deveria sofrer, nunca deveria morrer. Mas nos esquecemos de que Deus está no controle de tudo, Sua mente divina que projetou todo o universo está no lugar onde sempre esteve e sempre vai estar, se preocupando com o homem. Querendo fazer-nos entender que aquilo que vemos nem sempre será aquilo que enxergamos.
Reconheço; a mente humana, minha mente, sua mente e a mente de Saramago são muito limitadas para entender certas coisas. A garotinha Isabella , sua inocência e fragilidade atacadas por um ser humano covarde que não entendeu os propósitos do criador para sua vida, e escolheu o mal como regra de conduta, me leva a ter vontade de chorar. Os milhões de mortos inocentes em tantas tragédias causam-nos repulsa. Quando penso na mãe de Isabella (como pai que sou), tento imaginar o sofrimento e a dor que a invadiram aquele instante. Creio que ela tenha vivido o ápice de seu sofrimento.

Jesus, o filho de Deus, no ápice de seu sofrimento clamou: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste ?” Naquele momento, Ele sentiu-se separado de Deus, enquanto tomava sobre si todo mal da humanidade, Ele, por um instante me parece , deixou de ser Deus por não poder ter parte em todo esse mal voluntário do ser humano, mas logo em seguida disse: “Está consumado”...Tudo estava cumprido, sua missão estava completa. Fez o que tinha que ser feito. E assim, a história nos conta que Ele foi á direita do Pai.
Talvez essa seja a frase ecoando na cabeça da Mãe de Isabella, “Deus meu, Deus Meu, porque me desamparaste”...Talvez ecoe nas mentes de tantos outros como Saramago através da pergunta:”Deus onde está você !”

Deus conta com o ser humano, para estabelecer o bem e a verdade no meio onde vive. O mal moral, presente no coração do ser humano não é um atributo divino nem sequer faz parte de sua criação. É fruto da escolha que o homem faz entre o certo e errado e talvez esse preço seja alto demais para mãe de Isabella , para mim e você, e talvez não seja hoje que ela e nenhum de nós entendamos isso perfeitamente, em sua plenitude. Mas Deus existe, e estava presente em cada uma dessas situações !
Li um livro do qual tirei algumas frases contidas nesse texto, e do qual tiro também o título para deixar como conclusão e resposta à Saramago e todos aqueles que tem negado algo tão evidente :

“Não tenho fé suficiente para ser ateu !” (Norman Geisler e Frank Turek)
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, tem sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis. Romanos 1:20


José B. Silva Junior

sábado, 16 de agosto de 2008

É assim que Deus faz...

Quem poderia imaginar que o menino ia ajudar alimentar a multidão...?

Já parou para pensar que VOCÊ é importante para Deus e que VOCÊ está nos planos dele ?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Dez razões por que nunca tomo banho


Outro do Jornal Batista, achei interessante...


Dez razões por que nunca tomo banho



Escrito por ISALTINO GOMES COELHO FILHO
12-Aug-2008
As pessoas que não freqüentam a igreja apresentam argumentos curiosos em defesa de sua atitude. O adjetivo “curiosos” se aplica mais pelo seu teor simplório.

Para mostrar a inconsistência de alguns desses argumentos, alguém elaborou uma lista bem-humorada chamada “Dez razões por que nunca tomo banho”. Veja as razões e compare-as com as desculpas dadas para não freqüentar uma igreja:
1. Meus pais me forçaram a tomar banho quando eu era criança. Tomei aversão.
2. As pessoas que tomam banho são hipócritas. Elas se julgam mais limpas que as outras.
3. Há muitos tipos de sabonete. Eu nunca saberia, exatamente, qual deles usar.
4. Eu costumava tomar banho, mas tornou-se algo rotineiro e perdeu o encanto.
5. Nenhum dos meus bons amigos toma banho e eu preciso ser igual a eles. Se souberem que tomo banho vão zombar de mim. Preocupo-me mais com a opinião deles do que com minha higiene pessoal.
6. Tomo banho no Natal e na Páscoa. Isso não é suficiente?
7. Começarei a tomar banho quando ficar mais velho. A juventude não é uma época boa para se tomar banho, pois há coisas mais importantes por fazer. O banho atrapalha minhas aspirações de jovem.
8. Não tenho tempo. Ando muito ocupado, trabalhando, estudando, cuidando do meu futuro. Banho pode esperar. Um pouco de sujeira não faz tão mal assim. Na realidade, banho é para desocupado.
9. O banheiro é muito frio. Ou: “O banheiro é muito quente”. Ou, ainda: “É difícil o estacionamento para se chegar ao banheiro”.
10. Os fabricantes de sabonete estão somente atrás do meu dinheiro.
O paralelo é óbvio. As desculpas para não se ir à igreja, em sua maioria, senão totalidade, são totalmente inconsistentes. Da mesma maneira são fracas as desculpas que as pessoas utilizam como justificativa para não dar atenção à sua situação espiritual. Se um simples banho não comporta desculpas assim tão ocas, imagine a questão da vida eterna e do relacionamento com Deus. O pr. Aníbal Pereira Reis, ex-padre, pregando numa ocasião em igreja que pastoreei (PIB de Bauru) perguntou a uma pessoa, ex-colega seu, se ela não queria aceitar Jesus como Salvador. A pessoa respondeu: “Eu tenho minhas convicções!”. O dr. Aníbal, que a conhecia bem, olhou-a firmemente e disse: “Convicções ou conveniências?”. Não entrei em detalhes da discussão, mas guardei a frase: “Convicção ou conveniência?”. Muita gente não tem convicção alguma sobre coisa alguma. Apenas nutre conveniências, tendo um credo tipo “picadinho”, pegando coisas daqui e dali, mas sem sequer costurar as idéias, sem ter qualquer visão completa da vida, sem uma cosmovisão. São pessoas que se recusam a pensar e a analisar, indo ao sabor de momentos e conveniências. De argumentos fracos, suas desculpas parecem as dadas pelo sujeito com vocação para ser Cascão (o personagem de Maurício de Souza que não gosta de banho).
Pois é, você tem algum motivo sério para não cuidar do seu relacionamento com Deus? Ou eles são da mesma espécie das desculpas do avesso ao banho? Não há nenhuma desculpa válida para ignorar-se Deus.
(Elaborado a partir de um recorte encontrado nos arquivos da Igreja, sem dados identificadores.)

ISALTINO GOMES COELHO FILHO - Pastor da IB do Cambuí, Campinas (SP)

domingo, 10 de agosto de 2008

Ser Seminarista

Atendendo ao pedido de algumas pessoas coloco aqui um texto que escrevi e que foi publicado na edição de "O Jornal Batista", do dia 20/07/2008.




Ser seminarista

“Olho para dentro de mim e vejo sementes que precisam morrer, a fim de poderem dar muito fruto.”



A metafísica aristotélica procura entender a verdade e explicar as coisas, através do ser enquanto ser; trabalha com o pensamento de um mundo verdadeiro e real cuja essência é a multiplicidade de seres e a mudança incessante. (E não é que aprendi algo na aula de Filosofia!)
Comecei essa semana refletindo sobre o assunto, tentando me lembrar por quantas mudanças já tive que passar, situações às quais tive que me adaptar, convicções que deixaram de ser convicções, dúvidas que passaram a ser certeza, descobertas que fizeram a diferença para mim, e diferenças que me impediram de fazer descobertas. Desde minha entrada para o curso de Teologia, essa reflexão tem sido uma constante em minha rotina de seminarista. Uma mudança incessante dentro de um ser que absorve, a cada dia, um pouco da multiplicidade de outros seres.
O ser seminarista (é assim que chamam aquele que decide estudar teologia) é algo não tão fácil de se explicar. Somente quem já passou pelo processo ou vive no ambiente de uma faculdade teológica vai saber o que estou querendo (ou tentando) dizer. Você tem de um lado sua convicção de chamado, a certeza da vocação, a vontade de entregar-se à direção de Deus e cumprir seus desígnios; de outro, você tem a dura tarefa de sair de casa, todos os dias, 7h e chegar à meia-noite. Sua vida muda... você, inevitavelmente, será cobrado a se tornar um modelo de cristão, terá que saber dividir seu tempo e se dedicar da melhor maneira possível a ler inúmeros livros e artigos, preparar várias resenhas, fichas de leitura, trabalhos e apresentações em forma de seminário, ser submetido a testes escritos e orais, entregar todos os trabalhos e leituras nas datas pré-estabelecidas (segundo um professor, se você não faz isso, não será indicado, pelo menos por ele, como um “bom pastor”), dar atenção à sua esposa, a seus filhos e à sua família, de modo que eles não tenham do que reclamar quanto à sua postura como esposo, pai, irmão, filho, tio. (já que... “aquele que não governa bem sua própria casa...”). Também deverá ser exemplo de trabalho e dedicação na igreja, afinal, a comunidade investe em você, nada mais justo do que estar presente e ativo em todas as atividades demonstrando e provando sua vocação a todos. As críticas que você receber certamente serão para testar sua vocação e fazer você crescer. Sua vida profissional não pára, você continuará sendo cobrado e exigido segundo os padrões de competitividade do mercado, apesar de talvez não entenderem o por que de alguém que trabalha na área de administração opte por fazer um curso de Teologia. Você deverá continuar se dedicando ao máximo no trabalho, do qual você tira o sustento seu e de sua família.
Em meio a todos esses fatores externos que o cercam, você deverá saber lidar também com os conflitos internos que com certeza virão, e se existir desordem interna, certamente você experimentará frustrações, ansiedades e pouco ou nenhum crescimento. Você não conseguirá se manter em pé se não separar um tempo diário à prática da oração, conversando com Deus sobre tudo que tem feito, buscando orientação do alto sobre as decisões que deverá tomar, estar em permanente contato com sua Palavra para poder assim estar sensível à voz do Pai. Cultivando esse relacionamento com Deus podemos fazer com que nosso senso de auto-estima cresça, nossas intenções sejam renovadas. Será através dessa prática que manteremos nossa comunhão com Deus e moldaremos nosso caráter. Ocorre que nesse período, nem sempre (ou quase nunca) conseguimos atingir esse objetivo. Carecemos mesmo da misericórdia do Senhor. Que bom que elas se renovam a cada manhã!
Olho para mim e vejo sementes que precisam morrer, a fim de poderem dar muito fruto, e toda morte exige sofrimento, e sofrimento é algo indesejável para qualquer um de nós, mas se a semente nega-se a morrer ela também se nega a virar vida, não se transforma, não se multiplica. Talvez essa seja a explicação do por que as pessoas serem tão resistentes às mudanças. Mudar implica em renunciar a si mesmo, deixar que as sementes que estão dentro de você morram. Mudar dói...
O que percebo hoje é que todas essas mudanças me conduzem para um discernimento correto, aponta para uma segurança e maturidade maior do objetivo para o qual caminho, e penso que a ação de mudança contínua me leva a entender de forma mais profunda a necessidade de transformações que ainda preciso experimentar.
O processo todo faz com que a vocação seja confirmada, dia após dia, e vejo que ela é muito mais importante do que achava ser há tempos. Mais crises virão pela frente e mais crises ficarão para trás, o ser enquanto ser depende cada vez mais do Ser-Supremo.
Usando o jargão de um colega seminarista – “Tudo são pressupostos”. O que realmente importa é estarmos atentos a cumprir a missão para a qual fomos chamados

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta" (Hb 12.1).

A saída para o nosso desânimo está no alicerce que sustentava Jesus quando cada pedra, prego ou fardo era lançado sobre ele. Ânimo meu irmão!

JOSÉ B. SILVA JUNIOR - Seminarista, segundanista da FTB de Campinas (SP)


sábado, 9 de agosto de 2008

DIA DOS PAIS


Esse é o primeiro dia dos pais sem a presença do “Seu Silva”...

Dia difícil, onde as lembranças ressurgem com mais força, e a vontade de ir até sua casa abraçá-lo, aumenta. Saudade de poder subir os degraus depois do portão, e dali mesmo já vê-lo nos esperando, dar aquele costumeiro beijo em sua face, e receber o costumeiro tapinha nas costas e a saudação ... “e aí filhão, tudo bem ?”. Sentar no sofá, de frente á ele, e conversar sobre aquelas banalidades de sempre, afinal, o assunto quase sempre era um assunto qualquer, o que importava mesmo era estarmos ali perto, ver o seu sorriso, ouvir suas queixas, contar-nos sobre seu trabalho, falar de política, de futebol, sobre as coisas da igreja...

Saudade das reuniões em família, da mesa repleta de comida e dos filhos, filhas, genros, noras, netos à sua volta...da churrasqueira que não se acendeu mais..., de vê-lo com o pano de prato sobre o ombro, a tábua de carne na mão, “já parou Junior...? Há..tá esperando o segundo tempo...?” Saudade de vê-lo implicando com o barulho das crianças, com os latidos dos cachorros..., de vê-lo assobiando uma melodia qualquer, das quintas-feiras à noite (devia ter ido mais...), da costela na cebola , do pão com mortadela e da coca-cola gelada que ele tanto gostava...

É ...“Seu Silva”...quanta saudade.

Quis nosso Pai dos Céus, que assim fosse esse dia dos pais de 10/08/2008. E pensando assim, lembrei que “Seu Silva”, antes de ser o papai, era um querido filho do nosso PAI maior.

E agora lá está ele, em Sua presença. Ano passado, logo após o papai ter nos deixado, escutei uma música que me confortou. A música, falava de buscarmos uma proximidade com Deus, e do desejo que Ele tem em que façamos isso. Fez-me pensar em como Deus nos ama como Pai e do seu intento de ter um relacionamento conosco de pai para filho , e que seus propósitos, apesar de nem sempre os entendermos, são sem dúvida, os melhores pra nós. Mas a situação que estávamos vivendo fez também com que eu percebesse, que além de buscarmos ter esse contato mais próximo com Deus e podermos alcançar essa vida cheia da alegria que só Ele pode dar enquanto temos nossos pulmões cheios de ar, além disso ainda, podemos entender também, que Deus está nos esperando para um contato ainda mais próximo, para dar a cada um de nós, uma vida incomparável á essa que temos hoje: A vida que Ele deu ao nosso papai Silva. Imaginei o soberano Deus aguardando o momento de encontrá-lo, assim como nós também sempre aguardávamos encontrá-lo em sua casa. Assim como queríamos seu abraço Deus também o esperava para abraçá-lo. Posso até imaginar Deus falando com ele... “E aí filhão , tudo bem ?”. Papai, encontrou-se com Deus, e Deus o tomou no colo e deu novas vestes à ele. Nesse dia, quando ouvi essa música, imaginei Deus falando com o papai:





FELIZ dia dos pais !!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Adesão ou Conversão ?


Adesão no dicionário da língua portuguesa figura com os seguintes significados : Aderência, união, junção: força de adesão. / Fig. Consentimento, aprovação: dar sua adesão ao projeto. / Inscrição num partido, numa associação.

Aderimos á planos médicos e odontológicos, partidos políticos, provedores de Internet, operadoras de celular, Tvs à cabo, etc. Esses dias estava até pensando em fazer uma adesão á um plano funerário, me convenci de que é uma adesão necessária.

Adesão então, implica em consentirmos com ideais e projetos apresentados, estarmos inscritos como participantes e beneficiários das vantagens que esses ideais podem nos proporcionar, não importando o quanto eu participe daquilo que o plano ao qual aderi tem por meta, meu objetivo será o poder usufruir de suas vantagens, no momento em que precisar.

Penso que ás vezes, refletindo teologicamente, temos feito uma adesão ás coisas de Deus.

Aderimos á uma comunidade que prega Jesus Cristo, consentimos e aprovamos suas doutrinas e práticas, nos inscrevemos através do batismo á um grupo religioso. Nos unimos, perante a sociedade, à uma associação entre pessoas que mantém uma mesma crença , nos tornamos participantes e aguardamos pelas benesses que isso possa nos render.

Josué, reuniu pessoas que haviam feito uma adesão á um grupo, e explicou-lhes a diferença entre adesão e conversão.

Já avançado em idade e preocupado com o destino do povo Israelita, ele lembra à todo o povo de como Deus havia cuidado milagrosamente de seus antepassados, das vitórias nas guerras, da travessia do Mar Vermelho, das terras férteis e produtivas que tinham recebido das mãos Dele. Possuíam todos esses benefícios pela adesão que fizeram à cidadania Israelita.

Josué então também os lembra de que era necessário além dessa adesão,uma total conversão por parte deles. Em um dos textos mais contundentes do Antigo Testamento, Josué pede que todo o povo faça uma decisão séria, de seguirem verdadeiramente à Iavé.

“Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se porém não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos seus deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas, eu e a minha família serviremos ao Senhor”. Josué 24:14-15.

Não é incrível notarmos como todo o povo tendo passado por tantas maravilhas na presença de Deus, ainda precisasse ser alertado a quem devessem servir? No versículo 19 do mesmo capítulo Josué declara para o povo: “...vocês não tem condições de servir ao Senhor...”, e no verso 24 ele diz que o povo estava voltado para deuses estrangeiros que tinham em casa.

Penso ás vezes que assim como aquele povo, não temos condições de servir ao Senhor. Fazemos tal qual o povo de Israel naquele momento, uma adesão aos ensinos Divinos. Falta-nos uma conversão verdadeira. Nos apegamos aos nossos “deuses estrangeiros”, corremos atrás de adesão ao poder, adesão aos prazeres e adesão ás posses. Servimos ao “deus do materialismo” e por vezes ao “deus do intelectualismo”.

Deus deseja que sigamos e prossigamos além da adesão. Ele quer conversão total e compromisso sério e exclusivo com ele. Esse compromisso em nossas vidas implica em uma decisão que temos que fazer dia-a-dia, de escolher a quem servir em cada momento de nossas vidas.

Que possamos refletir e estar tomando a mesma decisão que o povo de Israel:
“E o povo disse à Josué: “Serviremos ao Senhor, o nosso Deus, e lhe obedeceremos” Josué 24:24

Que Deus nos ajude !
José B.Silva Junior

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