Filosofando com meus botões por estes dias, fazia a seguinte reflexão: Como pode se explicar o fato de algumas pessoas enxergarem níveis da realidade de modo tão diferente de outras? Acabei me perguntando: Como, “fulano de tal” não enxerga tal coisa ?
Pensei que o fato de enxergar ou não , esse ou aquele assunto sob determinada perspectiva, era também a principal metaforização nos evangelhos para representar todos aqueles que estavam reduzidos à impotência e privados de sua real condição humana. O próprio Jesus afirma que os líderes judaicos de seu tempo eram “cegos” (Mt. 23:16,19,24) e dizia ainda que eram cegos guiando outros cegos.Assim, entendemos que a frase: “ dar vista aos cegos”, contida nos evangelhos é uma das que pode perfeitamente qualificar a missão libertadora de Cristo.
No capitulo 9 do evangelho de Mateus, nos deparamos com Jesus “abrindo os olhos de um cego”. Um mendigo que pedia esmolas sentado e vivia dependente dos outros. Jesus, ao dar-lhe visão, dá também mobilidade e independência. Tira-o de uma vida improdutiva e inerte. Esse ex-cego foi levado aos fariseus para ser interrogado... eles queriam que o cego declarasse que Jesus era um pecador por haver curado no sábado (o que era contra a lei dos judeus). A resposta do cego foi ótima, direta, sem teorias e nem teologias... : “Eu não sei quem era ele, se pecador ou não, o que sei é que eu era cego e agora vejo”.
Poderia aqui compartilhar experiências minhas, de como isso acontece gradativamente em minha vida. Sobre o novo olhar que adquiro à medida que deixo Cristo agir em mim. E de como esse olhar precisa ser continuamente disciplinado, praticado e habituado. Não acontecendo de uma hora pra outra.
Mas...descobrir e começar a enxergar coisas novas nem sempre é fácil. Isso pode ser muito dramático e doloroso. Sabem por que? Porque começamos a nos conhecer melhor. E geralmente não gostamos do que vemos. Não é nada fácil ficarmos frente a frente com aquilo que nos desagrada em nós mesmos.
E é também difícil, porque causa sofrimento o fato de enxergar a realidade das mazelas de nossa sociedade, de nossa igreja, de nossa família. Porém, apesar de doloroso, é um processo necessário. É muito melhor do que continuar cego.
Outra conseqüência desagradável é o fato de nem sempre sermos compreendidos. As pessoas geralmente não gostam daqueles que enxergam mais. Porque os que tem uma visão mais ampla, revelam o que não queremos ver, aquelas coisas para as quais fazemos vistas grossas.
Houve um tempo em que eu acreditava piamente que as pessoas que estão dentro da igreja são melhores que as que estão fora. Até evitava relacionar-me com as que são indiferentes a Deus e à Igreja. Após tantas decepções com pessoas que ocupam cargos de liderança nas igrejas perdi essa ingenuidade. Eu era cego, agora vejo !
Houve um tempo em que eu acreditava que as pessoas que não professam nossa religião, estavam peremptoriamente condenadas à eternidade sem Deus. Com o tempo aprendi que o critério dado por Cristo para medir a proximidade de uma pessoa com Deus não é a religião que ela segue, mas sua prática, seus frutos de amor e justiça. Eu era cego, agora vejo !
Houve um tempo em que eu acreditava que as pessoas estavam me contando certos episódios da vida de outros com um interesse realmente sincero em ajudá-las. Com o tempo conclui que só o fazem mesmo porque se rendem a um dos desejos mais negativos do ser humano: a fofoca. Melhor (ou pior) ainda quando a fofoca vem disfarçada com linguagem piedosa. Eu era cego, agora vejo !
Creio que muitos de nós talvez pudéssemos compartilhar algumas experiências dessa natureza. De como adquirimos, aos poucos, uma visão mais larga e profunda da existência. De como vamos adquirindo discernimento. Sempre haverá aqueles que ficam incomodados com a revelação de certas verdades, com as luzes que são lançadas sobre determinadas questões ou simplesmente com opiniões sinceras sobre determinados assuntos.
Porém, a pessoa, que está buscando o crescimento no conhecimento e amor de Cristo, tem como seu compromisso maior o testemunho dessa nova visão da vida e da realidade que Cristo nos proporciona. Por isso podemos dizer com alegria, tal como aquele ex-cego: “Eu realmente não conheço muito bem sobre Cristo, as complicadas doutrinas que sobre ele os teólogos escrevem... Nem sei muito bem o que é cristologia. Só sei que eu era cego. Um dia Ele me encontrou. E eu agora vejo”
José B. Silva Junior.
Texto baseado em trechos do livro: “Entre o Púlpito e a Universidade” – Carlos Eduardo Calvani
Pensei que o fato de enxergar ou não , esse ou aquele assunto sob determinada perspectiva, era também a principal metaforização nos evangelhos para representar todos aqueles que estavam reduzidos à impotência e privados de sua real condição humana. O próprio Jesus afirma que os líderes judaicos de seu tempo eram “cegos” (Mt. 23:16,19,24) e dizia ainda que eram cegos guiando outros cegos.Assim, entendemos que a frase: “ dar vista aos cegos”, contida nos evangelhos é uma das que pode perfeitamente qualificar a missão libertadora de Cristo.
No capitulo 9 do evangelho de Mateus, nos deparamos com Jesus “abrindo os olhos de um cego”. Um mendigo que pedia esmolas sentado e vivia dependente dos outros. Jesus, ao dar-lhe visão, dá também mobilidade e independência. Tira-o de uma vida improdutiva e inerte. Esse ex-cego foi levado aos fariseus para ser interrogado... eles queriam que o cego declarasse que Jesus era um pecador por haver curado no sábado (o que era contra a lei dos judeus). A resposta do cego foi ótima, direta, sem teorias e nem teologias... : “Eu não sei quem era ele, se pecador ou não, o que sei é que eu era cego e agora vejo”.
Poderia aqui compartilhar experiências minhas, de como isso acontece gradativamente em minha vida. Sobre o novo olhar que adquiro à medida que deixo Cristo agir em mim. E de como esse olhar precisa ser continuamente disciplinado, praticado e habituado. Não acontecendo de uma hora pra outra.
Mas...descobrir e começar a enxergar coisas novas nem sempre é fácil. Isso pode ser muito dramático e doloroso. Sabem por que? Porque começamos a nos conhecer melhor. E geralmente não gostamos do que vemos. Não é nada fácil ficarmos frente a frente com aquilo que nos desagrada em nós mesmos.
E é também difícil, porque causa sofrimento o fato de enxergar a realidade das mazelas de nossa sociedade, de nossa igreja, de nossa família. Porém, apesar de doloroso, é um processo necessário. É muito melhor do que continuar cego.
Outra conseqüência desagradável é o fato de nem sempre sermos compreendidos. As pessoas geralmente não gostam daqueles que enxergam mais. Porque os que tem uma visão mais ampla, revelam o que não queremos ver, aquelas coisas para as quais fazemos vistas grossas.
Houve um tempo em que eu acreditava piamente que as pessoas que estão dentro da igreja são melhores que as que estão fora. Até evitava relacionar-me com as que são indiferentes a Deus e à Igreja. Após tantas decepções com pessoas que ocupam cargos de liderança nas igrejas perdi essa ingenuidade. Eu era cego, agora vejo !
Houve um tempo em que eu acreditava que as pessoas que não professam nossa religião, estavam peremptoriamente condenadas à eternidade sem Deus. Com o tempo aprendi que o critério dado por Cristo para medir a proximidade de uma pessoa com Deus não é a religião que ela segue, mas sua prática, seus frutos de amor e justiça. Eu era cego, agora vejo !
Houve um tempo em que eu acreditava que as pessoas estavam me contando certos episódios da vida de outros com um interesse realmente sincero em ajudá-las. Com o tempo conclui que só o fazem mesmo porque se rendem a um dos desejos mais negativos do ser humano: a fofoca. Melhor (ou pior) ainda quando a fofoca vem disfarçada com linguagem piedosa. Eu era cego, agora vejo !
Creio que muitos de nós talvez pudéssemos compartilhar algumas experiências dessa natureza. De como adquirimos, aos poucos, uma visão mais larga e profunda da existência. De como vamos adquirindo discernimento. Sempre haverá aqueles que ficam incomodados com a revelação de certas verdades, com as luzes que são lançadas sobre determinadas questões ou simplesmente com opiniões sinceras sobre determinados assuntos.
Porém, a pessoa, que está buscando o crescimento no conhecimento e amor de Cristo, tem como seu compromisso maior o testemunho dessa nova visão da vida e da realidade que Cristo nos proporciona. Por isso podemos dizer com alegria, tal como aquele ex-cego: “Eu realmente não conheço muito bem sobre Cristo, as complicadas doutrinas que sobre ele os teólogos escrevem... Nem sei muito bem o que é cristologia. Só sei que eu era cego. Um dia Ele me encontrou. E eu agora vejo”
José B. Silva Junior.
Texto baseado em trechos do livro: “Entre o Púlpito e a Universidade” – Carlos Eduardo Calvani
Graça e Paz!
ResponderExcluirTem um selo pro seu blog no meu. Passe lá no meu blog para pegar o presente que recebi e repasso para você.
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Otimo texto Zé!
ResponderExcluirDa vontade de te-lo escrito!
aBRAÇOS
DANILO
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