Atingidos pelos Reflexos...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Neoignorantismo

Recebi um e-mail essa semana de uma pessoa que está entre os novos contatos que tenho feito nos últimos meses por conta dessa atividade “bloguística”. Josenilton kaj Madragoa é escritor e tem compartilhado com algumas pessoas o ensaio de um livro que pretende publicar, que tem como título: “Conscienciosofia Prática”. Dentro da leitura do texto, aliás, muito bem escrito e pensado, encontrei uma palavra que pela sua peculiaridade chamou muito minha atenção, e me fez refletir sobre algumas coisas:

Neoignorantismo.

E para que entendamos sobre o que estamos arrazoando, necessário se faz que os significados da origem da palavra e do termo fiquem bem claros para nós.

Ignorante: Pessoa que não tem conhecimentos, que comenta um assunto sem conhecer detalhe, que não sabe o suficiente sobre tal matéria. Destaco como interessante uma última definição de ignorante que encontrei, enquanto fazia a pesquisa para escrever esse texto: “Você, ao procurar o significado dessa palavra”.

Partindo desse ponto, podemos então pensar em ignorantismo como uma ação contínua da ignorância, chegando próximo a um estilo de vida.

Se fosse então definir neoignorantismo, o faria pensando em: “Uma tendência da consciência em defender a ignorância como a melhor maneira de viver sem complicações nessa época pós-moderna”

Acredito mesmo que vivemos um uma época que faz apologia ao ignorantismo.Parece ser exatamente isso que vemos em muitas instituições que se autodenominam igrejas na atualidade. A ignorância sendo alimentada pela proliferação de “líderes” que se aproveitam do povo sofrido e pouco instruído para ter algum, ou melhor, muito benefício e até porque não dizer, lucro. Estes ao invés de incentivarem a busca pela leitura e pelo conhecimento (como fez o apóstolo Paulo ao citar os Bereianos) trazem até os “fiéis” posicionamentos e pensamentos fechados e mastigados por eles, pensamentos estes que muitas vezes vão contra os próprios ensinamentos bíblicos. Usam dos púlpitos e de sua influência sobre os incautos para disseminar ensinamentos heréticos e inclinados à apostasia. Eu mesmo não preciso ir muito longe para buscar exemplo desse tipo de líder.

Senão, de que outra maneira podemos entrar em contato com o conhecimento do sagrado se não pela leitura? Afinal, o que Deus nos deixou para que o conhecêssemos e compreendêssemos sua vontade senão o texto? Creio não existir outra forma pela qual possamos de maneira eficiente e satisfatória deixar de ser ignorantes acerca da revelação divina. Deus poderia se revelar a nós da maneira que mais lhe conviesse: Através da tradição oral, do envio de seres angelicais e de sonhos e visões como fez nos tempos antigos. Mas não. A maneira como Ele se revela a nós de maneira universal, é através do texto bíblico. Conversando com uma amiga de trabalho sobre esse assunto enquanto escrevia esse parágrafo, embora ela tenha confessado certa preguiça de ler, disse-me também o que seu pai sempre ensinou a ela e a seu irmão, algo que também acredito, deva ser ensinado por todo líder e pastor de qualquer igreja: “Meus filhos, sabem o que têm que fazer? Três coisas: Ler, ler e ler.” No nosso caso, a leitura do texto sagrado deve ser o principal objetivo se quisermos nos distanciar do neoignorantismo evangélico.

Citando novamente Josenilton Madragoa:

“Ler é decriptar. Os meandros e subterrâneos do texto são perceptíveis apenas para os leitores iniciados na misteriosa e quase esotérica arte da hermenêutica profunda. Nos dias de hoje isso tem sido privilégio de poucos ledores. É o efeito da prevalência do neoignorantismo, imposto não mais pela igreja na Idade das Trevas, mas pelo Capitalismo, igualmente supranacional, que prefere consumidores não pensantes e que contribuam para o apressuramento, de forma segura e constante, das esteiras de produção de culturas de massas altamente lucrativas.”

As pessoas têm procurado nos dias de hoje uma melhor maneira de viver sem complicações nessa sociedade consumista. O trabalho, a conquista de bens materiais, a diversão,o passar horas e horas sentado em frente à um aparelho de TV... Tudo isso tem feito parte dessa busca à um modelo agradável de vida. Sem nos darmos conta, fazemos da ignorância um estilo de vida e plantamos em nossa consciência uma defesa natural contra a busca do conhecimento da vontade de Deus para nossas existências. Precisamos com urgência, fazer essa busca por iniciativa e vontade próprias, tentando nos desligar de paradigmas e filosofias estabelecidas através da imposição de falsos líderes e pseudo-mestres que tem como principal objetivo, não o compartilhar o conhecimento da verdade que liberta, mas sim a manipulação das massas a fim de obterem benefícios particulares.

“Ora, os cristãos de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim" (Atos 17:11).

Que Deus nos ajude...
José B. Silva Junior

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