Atingidos pelos Reflexos...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A gente não quer falar...mas não tem jeito.

Autor: Pr. Renato Vargens

Para a cantora gospel Ana Paula Valadão, existe no mundo espiritual um principado denominado Exu Boiadeiro. Segundo a revelação de alguns "profetas", este exú, possui um tripé no planeta terra: Uma base em Barretos, outra em Dallas (EUA) e outra em Madri (Espanha). Se não bastasse isso, em um video postado na Internet, Ana Paula testemunha que o "Espírito Santo" lhe orientou a comprar e usar uma bota de couro de piton, como ato profético numa apresentação no Sambódromo no Rio de Janeiro. Depois ela também compartilhou, que o mesmo "Espírito" a orientou a comprar uma bota de cowboy, que deveria ser usada profeticamente em um show em Barretos.

Veja o vídeo:




Caro leitor, vamos combinar uma coisa? Acho que esse pessoal não está entendendo muito bem o Evangelho de Cristo. Infelizmente, diante de tantas invencionices, confesso que me assusta ver e ouvir tantas distorções teológicas. Sinceramente eu não vejo nas Escrituras Sagradas base bíblica para essa viagem toda. Por favor, pare, pense e responda com sinceridade: Em algum momento na Bíblia você encontra o Apóstolo Paulo orientando a Igreja de Cristo a fazer atos proféticos para destronar principados? Por acaso, o Novo Testamento relata os apostólos preocupados em dar nomes a demônios?

Pois é, uma das coisas que mais me me choca é que Ana Paula afirma que foi DEUS quem lhe orientou a comprar tanto o bota de Piton, como a bota de cowboy.

Prezado amigo, eu não sei aonde vamos parar, mesmo porque, a cada novo dia surgem novas heresias nos arraiais evangélicos. Sinceramente volta e meia me questiono: O que fizeram com o evangelho de Cristo? O que fizeram da sã doutrina? Que Cristianismo ensandecido é esse? Que Evangelho é esse? Que doutrinas são estas? Ora, esse não é e nunca foi o evangelho anunciado pelos apóstolos. Antes pelo contrário, este é o evangelho que alguns dos evangélicos fabricaram! Infelizmente, a Igreja de Jesus deixou de ser a comunidade da palavra de Deus cuja fé se fundamenta nas Escrituras Sagradas, para ser a comunidade da pseudo-experiência, do dualismo, do misticismo e do neomaniqueismo!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ah..que bom !

Segunda-feira, "braba", eu com mil preocupações na cabeça...Recebo o vídeo abaixo pelo Orkut. Veio enviado pela minha esposa Nilce.Uma pessoa que realmente me ama... e me ajuda a perceber que a vida vale a pena...

domingo, 18 de julho de 2010

Exercitando a Razão na Teologia...


Exercício da razão na Teologia:


O uso adequado da razão é imprescindível para a Teologia. A ciência sobre Deus adquire assim a condição de sólido e verdadeiro conhecimento humano e se livra de sérios perigos, como o fideismo e o racionalismo. A razão introduz na Teologia o sentido crítico necessário e as comprovações respeitosas do conteúdo da fé permitem ao crente satisfazer as legítimas perguntas da sua inteligência. Podemos resumir a tarefa da razão na Teologia assim:

* a) Procura analisar os dados da revelação, tenta comprovar seu valor, descobrir relações e definir objetos, delimitando suas propriedades e elementos constitutivos;
* b) A razão teológica tenta fundamentar os preâmbulos da fé e faz ver que a Palavra de Deus merece ser aceita e crida;
* c) Procura entender melhor as verdades da fé, advertir o sentido e a profundeza da cada uma delas e encontrar as articulações que unem umas às outras;
* d) Examina as objeções contra a fé e procura dar uma resposta racional a estas;
* e) A razão teológica procura fazer passar o conteúdo da fé desde o aspecto pessoal a uma expressão universal e pública, que possa ser compreendida e ensinada a outros.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

UMA IGREJA VELHA! QUERO UMA IGREJA VELHA!



Por Isaltino Gomes Coelho Filho

“Intolerâncias” é o título de artigo de Mauro Santayana, no “Jornal do Brasil”, de 12 de outubro. Começa assim: “Um fiel ‘desequilibrado’ da Assembléia de Deus apedrejou a imagem de Nossa Senhora, durante a procissão do Círio de Nazaré, em Belém. O ‘bispo’ da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio von Helder, esmurrou e chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, em programa de televisão visto por milhões de pessoas, faz dez anos hoje – e não era desequilibrado”.

Santayana segue: “Há mais ou menos um mês, outro ‘desequilibrado’ matou, a enxadadas, seus velhos patrões, um casal de japoneses, em chácara de Brasília. De acordo com as testemunhas, o assassino, convertido há alguns meses à mesma Igreja Universal, sentiu-se incumbido, pelo pastor, de ‘retirar os demônios’ do corpo dos anciãos. Atemorizados, os patrões o despediram. Matou primeiro a patroa, e depois o patrão, a pedradas e a enxadadas, gritando que o fazia ‘em nome do Senhor’. A Polícia fechou a igreja local”.

Não me direciono, aqui, contra a Universal. Creio serem coincidências os episódios em que ela é citada. A questão é outra. No passado, éramos chamados de “crentes” e éramos respeitados. Eu tinha 16 anos, trabalhava num escritório, na 7 de Setembro, no Rio. Numa noite, roubaram o cofre da empresa. A polícia veio investigar. Fim do expediente, eu precisava sair porque estudava. Um policial disse: “Deixa o menino ir. Ele é crente e crente não faz isso”. Não era eu, como pessoa. Eram os crentes. Acima de suspeita. Depois viramos “evangélicos”. Alguns são “gospel”. Ora, vão para os Estados Unidos! Mas quando éramos respeitados, o caráter era trabalhado em nossas igrejas.

A ênfase mudou. Passou a ser o poder espiritual. Daí para o poder material e político foi um passo, porque não era o quebrantamento espiritual, mas poder espiritual para dominar. Nesta busca de poder, o que nos limitava foi posto de lado, pouco a pouco, a Bíblia. Porque ela estabelece padrões e limites. Foi substituída por uma enxurrada de revelações, de profecias, de era do Espírito, onde líderes nem sempre sensatos fogem ao controle das Escrituras e ditam sua visão pessoal como palavra divina. O senso crítico se esvaiu. De pastor passou-se a bispo. De bispo a primaz. De primaz a apóstolo. De apóstolo a pai apóstolo. Uma megalomania que evidencia desequilíbrio gravíssimo. Como há desequilibrados em nossas igrejas! O evangelho produz saúde, não doença! Quem chama à sanidade espiritual e emocional é frio, ressentido porque o rebanho não cresce.

A ética cedeu à celebração. Vale mais o culto festivo que o culto reflexivo, de análise da vida diante de Deus, de conserto, de afirmação de valores. O narcisismo é chocante. Pasmei num congresso em que preguei. Um típico programa de auditório: música pauleira e manipulação. A entrada do cantor em palco foi doentia. Luzes apagadas, rufar de instrumentos, luzes sobre ele, de cabeça baixa, até levantá-la em ar triunfal. E a gritaria. Senti-me fisicamente mal. E envergonhado. Não foi isso que aprendi na Bíblia.

A Convenção Batista Brasileira, em excelente documento, pede um Brasil novo, à luz dos gravíssimos casos de corrupção no país. Mas junto com o Brasil novo precisamos clamar por “uma igreja velha”. Uma igreja velha, sim. Uma igreja antiga. Uma igreja em que a Bíblia seja pregada, em que a crença no poder do Espírito para fazer a obra crescer nos leve a prescindir de atos desonestos, de manipulações e de extorsão na contribuição. Uma igreja velha em que evangelizemos, e não agridamos. Em que aceitemos o crescimento dado pelo Espírito, e não o de “marketing”. Uma igreja velha, onde caráter seja mais importante que os nomes de figurões usados para adornar a igreja. Uma igreja velha em que o evangelho não ceda lugar à convivência amiga, sem contestações e sem exigências, “porque precisamos atrair as pessoas”. Uma igreja velha que pregue Jesus e não política. E que não chame de “alienados” os que pregam que “Jesus salva” e que só Jesus pode mudar o mundo.
Que minha igreja, que aprendi a amar, seja uma igreja velha. Cheia de “crentes” e não de “gospéis” (céus!). Se ela não quiser, este pastor maduro, que se sente “velho”, terá que buscar uma “igreja velha”. Mas está tão difícil achar crentes “velhos” e “igrejas velhas”!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A utilidade da teologia II


Aos leitores do blog meu pedido de desculpas por não o atualizar nos últimos tempos. Passo por uma fase de reflexão sem escrita. Diria que uma fase em que “me recolho à caverna...” Hoje, darei um passeio fora dela... Se é que me entendem...

Incentivado pelo pastor, filósofo, professor e amigo “Pita”, tentei em postagens anteriores através da dialética kantiniana, reunir alguns argumentos que explicassem a utilidade da Teologia. Prometi a mim mesmo, voltar a pensar mais um pouco sobre o assunto.

Eis então que me deparo no último sábado com o texto escrito por Silvino Santiago no jornal “Estado de São Paulo” que tem por título: “ O filósofo vai à Igreja”, onde consta o relato do filósofo Jürgen Habermas, que havia comparecido ao velório do dramaturgo suíço Max Frisch na igreja de S. Pedro em Zurique:

“Agnóstico que rejeitava qualquer profissão de fé, Max Frisch (conhecido dos brasileiros pela peça “Biedermann e os Incendiários”) se sentia desconfortável frente às cerimônias fúnebres que desconsideram a religião. Pela escolha do local onde seu corpo seria velado, declarava publicamente que a idade moderna iluminista não tinha conseguido encontrar um substituto adequado para o modo religioso de lidar com o rito de passagem que dá por finda a vida."

A atitude de Frisch, que escolhe um templo religioso para ser velado, por sua paradoxalidade, provoca no filósofo Habermas o interesse pelo assunto e a abertura do curto ensaio intitulado: “Um Entendimento do Que Está Faltando” – (An Awareness of What Is Missing).

Na visão teológica, esse ensaio talvez poderia ser resumido na idéia de que: “Falta à razão algo que poderia ter, mas não tem e por que anseia dolorosamente.”

Tentando achar respostas à esse anseio, um outro filósofo de tempos mais remotos, Platão defendia o conceito do idealismo. Reavivado nos tempos modernos por Hegel - O idealismo na filosofia não é o estado de espírito da pessoa cheia de ideais. Entre outros entendimentos fico com o de que é a teoria segundo a qual a realidade pertence à natureza da mente ou da idéia. Para tentar exemplificar, tomemos uma cadeira. É algo real, material, concreto. Mas antes de existir como objeto concreto existiu na mente do carpinteiro. Usou-se o idealismo também para argumentar-se em favor da existência de Deus... Só podemos pensar no que existe. Se temos a idéia de Deus, existe Deus. Aliás, este era o ponto de vista de Descartes, a teoria prioriza a idéia como sendo a verdade. O idealismo platônico também pode ser visto em Hebreus 3.5: “Eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus, já que Moisés foi avisado quando estava para construir o tabernáculo: ‘Tenha o cuidado de fazer tudo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte’”.
Na dialética Kantiniana então, o idealismo foi reavivado, Seu pensamento foi a reação cristã “a várias correntes filosóficas que acabavam negando a razão humana e subvertendo a religião cristã”.

Com isto, Kant lançou as bases do idealismo moderno. Seu pensamento é amplo e complexo, mas uma frase sua, traduzida de várias maneiras, nos ajuda a entender seu pensamento: “Duas coisas me pressionam sobremaneira: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”. Com isto ele reconhecia o mundo exterior, que acessamos pelos sentidos, e o mundo interior, o das idéias, que está em nós. Protestante, Kant nos legou esta frase: “A existência da Bíblia é a maior bênção que a humanidade jamais experimentou”. Ele entendia que as verdades espirituais eram a Idéia, e que a experiência podia confirmar a Idéia. Para Kant, “Deus, a liberdade e a imortalidade, longe de serem demonstráveis, de constituírem o objeto de um raciocínio teórico, são postulados, hipóteses exigidas pela razão prática, isto é, que dizem respeito à ação moral, à regra a priori da moralidade. Aos olhos de Kant, a esperança de outra vida depois da morte e de um Deus justiceiro vincula-se com efeito, a uma exigência prática”. Ele não se livrou de uma Idéia necessária, o Absoluto, causa das idéias. Podemos a partir disso, concluir então que a razão tem um grande valor e deve ser a senhora, na Filosofia, mas não podemos dispensar uma Idéia, a Revelação. Revelação que o iluminismo deixou para trás quando criticou a explicação idealista-religiosa do mundo... A falta dessa Revelação, é o que deixava Max Frisch incomodado... A Revelação é o caminho ao entendimento do que está faltando que Habermas procura.

Tem a ver com a utilidade da Teologia como campo do conhecimento, levando ao homem informações sobre aquilo que ele não pode ver ou tocar. Na Teologia, a Revelação precisa ser trabalhada pela idéia.

Frisch tinha razão quando dizia que a idade moderna iluminista não fora capaz de lidar com a morte.

José B. Silva Junior

Fontes:
“O Estado de São Paulo” Prosa de Sábado – 10/07/2010 – Silvino Santiago
www.amai.jc.nom.br/Filo_Teo.html – Visão Panorâmica da História da Filosofia – Isaltino Gomes C. Filho

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