Atingidos pelos Reflexos...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pais e Filhos


Pais e Filhos

Ontem fui procurado por meus filhos, estavam precisando de ajuda com a tarefa da escola. Primeiro um dos probleminhas do Joás: “Começando a contar de um domingo, o milésimo dia vai cair em qual dia da semana”? Depois um da Júlia, também de matemática, que parecia ser sobre equações de um grau que já não me lembrava mais e que só de olhar já me fez sentir arrepios.

Depois de ajudá-los no que foi possível, fiquei ali sentado no sofá da sala, olhando para os dois e refletindo sobre o grande desafio que tenho em educá-los corretamente. De como tudo seria mais fácil, se tudo que tivesse que fazer fosse resolver exercícios de matemática. A pergunta que ficou em minha mente foi: Afinal, como posso educar corretamente meus filhos? É uma pergunta difícil, para a qual não existe uma resposta pronta.

Já tentei usar a bíblia e o conselho dos Provérbios para respondê-la: “Ensina o menino no caminho em que deve andar, e quando envelhecer não se desviará dele”. Sábio e precioso conselho. Porém, aprendemos que essa resposta foi dada a uma sociedade unitária de séculos atrás, sem pluralidade, com apenas um norte e sentido e com uma religião só talvez. Tempo em que não havia, computador, internet, Orkut, MSN, twitter, grupos virtuais, celular com tecnologia Bluetooth, blogs, televisão, “malhação”, escola instituída, rua, gangs, bulling... e muito mais coisas que existem hoje em dia e que invadem nosso espaço tal como enxurrada, que toma a forma de tudo que vê pela frente.

Naquele tempo só havia o pai e a mãe. Só. Havia o pai, que não apenas orientava, mas que mandava e selava o futuro dos filhos, abençoando ou não, fazendo do futuro dos filhos aquilo que fosse melhor para eles.

Gostaria muito que hoje, no ano de 2010, fosse só eu que educasse a Júlia e o Joás. Mas não é assim. Sou consciente que não sou a única voz a ensiná-los. Talvez apenas uma dentre tantas, e nem sempre a mais importante. Não adianta querer escolher com quem vão namorar ou casar e dizer que antigamente o pai ordenava que o servo buscasse a esposa para o filho e a trouxesse montada num camelo. Eles vão olhar para mim com uma cara de “lá vem conversa de velho”. Tenho que ter consciência de que eles vão ter que descobrir seus limites, e que para descobrirem esses limites vão passar por sofrimentos, erros e infelizmente nem sempre haverá retornos. E aí, sobrará o olhar triste e melancólico do pai, o “você deveria ter escutado seu pai”. Só que aí já foi ou terá sido.

Tempos difíceis. Não há atalhos para superá-los, e não há como voltar pra época dos camelos. E aí é que tem que entrar o bom senso, a integridade da vida e os valores. Hoje não dá para ser um pai conceitual, que só fica resolvendo os problemas de matemática e dizendo faça isso ou aquilo. Aprenda isso e aprenda aquilo. Esse tipo de ensino tem o seu lugar, só que antes vem o que se é no relacionamento em casa, na amizade, companheirismo, humanidade, afetividade, fidelidade, hombridade, honestidade, cordialidade, responsabilidade, seriedade, mansidão, capacidade de abertura ao diálogo, senso de justiça e muita oração. Muita, mas muita mesmo. Um pouco mais do que você está pensando. Porque enquanto você conversa com Deus sobre os filhos, fala de si, e pede conselhos também com o Pai.

E assim, chegará o tempo em que você estará ao lado de seu filho dizendo: Filho, é assim que se faz, olha aqui, bem aqui ó, tá vendo? Eu faço primeiro, olha bem para não errar. Olha a receita do carinho, do amor, da fidelidade, da integridade , da honestidade..., coloque água na medida certa, senão fica seco demais ou mole demais, e daí não gruda. Viu como é? Não é difícil, é só praticar bastante. E chegará o tempo em que nossos filhos quando escutarem alguém lhes sugerindo que façam uma coisa absurda, sentirão repulsa antes de pensar na resposta. E vão dizer: “Aprendi isso com meu pai”, e não iremos escutar, mas estaremos lá em suas memórias, e a melhor maneira de se lembrarem da gente é praticarem o que ensinamos. E estaremos felizes, sem saber que estamos felizes. São coisas que a Júlia e o Joás só vão entender direito quando forem pais... Porque na verdade sentimento de pai, não dá para explicar ou ensinar.

José B. Silva Junior

Extraído do Texto de Natanael Gabriel da Silva
“A Casa Oficina”.

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