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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

“Eusebéiando e Filadélfiando”


“Eusebéiando e Filadélfiando”

Escrito com base no sermão proferido no dia 10/01/2010, na Igreja Batista Central de Campinas pelo Pr. Leandro B. Peixoto.

GRAÇA e PAZ!

Essa talvez seja uma das saudações mais comuns entre os cristãos através dos tempos, e o apóstolo Pedro escrevendo no primeiro século sua segunda carta à todos aqueles que haviam abraçado a fé cristã (a qual ele chama de valiosa), iria dizer como multiplicar essa GRAÇA e essa PAZ em suas vidas, a saber: Através do pleno conhecimento de DEUS e de JESUS.

E para que pelo conhecimento o indivíduo pudesse chegar a se tornar participante da natureza divina, o apóstolo vai citar algumas características, as quais aqueles que diziam depositar sua fé em Deus, deveriam se esforçar em praticar:
“Por isso mesmo, empenhem – se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança: à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amor.” II Pedro 2:5-7

Dentre essa lista, duas recomendações me chamaram a atenção: PIEDADE e FRATERNIDADE.
Assim, decidi entender melhor a definição dessas duas palavras que segundo o texto bíblico, se as praticarmos, obteremos Graça e Paz multiplicadas em nossas vidas.

1º - A PIEDADE:

Um dos principais valores do pensamento grego na época em que isso foi escrito era a piedade ou a eusebeia (eusebéia). Isto implicava em um compromisso (sério) em relação à adoração dos deuses helênicos e às práticas de crenças das religiões gregas.

Assim, quando o discípulo Pedro, o grande apóstolo de Jesus Cristo , um dos principais organizadores e líderes da ekklesia do Novo Testamento, usa a palavra “eusebéia”, ele quer se referir à piedade em relação ao Deus dos cristãos. E essa piedade, vai além do sentido que se tornou comum para a maioria das pessoas em nossos dias, que seria um sinônimo de compaixão, dó, ou ainda o sentimento de pena diante de uma situação de miséria qualquer.

Não. Ser piedoso é muito mais que isso. A piedade em sua essência tem a ver com nosso relacionamento com o DEUS em que cremos e declaramos seguir. Ser piedoso é amar, temer, respeitar, conhecer, obedecer todos os mandamentos desse Deus, incluso nisso também o fato relevante de amar, respeitar e cuidar da família. A piedade (eusebéia) parece sintetizar todo o comportamento cristão, e assim sendo, sua importância e riqueza precisa ser cultivada, os verdadeiros cristãos devem ser identificados por uma vida piedosa. A piedade não é apenas um conjunto de conceitos teóricos, ela deve ser praticada, exercitada e seu fruto beneficiará tanto o praticante quanto os que o rodeiam; piedade é doutrina, precisa ser ensinada, lembrada, repetida, todos precisam aprendê-la. Para seguir o caminho da piedade o homem deve consultar sempre a Deus, levar em conta o que é certo, sem se preocupar em agradar aos homens.

Por isso mesmo, empenhe-se em acrescentar à sua fé... PIEDADE.

2º - A FRATERNIDADE

Φιλαδέλφεια significa literalmente, “amor fraterno”: φίλος (philos) “amor”, e αδελφός (adelphos), “irmão”.
Hoje, o termo fraternidade (Philadelphia), devido à dinâmica da língua e às variações semânticas através dos tempos, carrega em seu significado, conceitos políticos e sociais.

Há, por exemplo, alusões históricas de que a Maçonaria participou efetivamente da revolução Francesa, e Malapert, orador do Supremo Conselho da França, escreveu em 1874, na revista La Chaine d´Union: “Para a prática da vida, procuramos uma fórmula capaz de reunir todas as condições desejáveis:“Liberté, Egalité, Fraternité” (“Liberdade, Igualdade, Fraternidade”). é a que melhor corresponde às aspirações dos maçons". Que foram aceitas por todas as Lojas e os grandes homens da Revolução, maçons em grande parte, adotaram-na para divisa da República Francesa. Sendo assim, aqui o conceito de fraternidade estava diretamente ligado à um conceito político e uma outra forma de viver em sociedade, uma idéia política que se espalhou por todo o mundo. Por esse caminho, a idéia de fraternidade estabelecia que o homem , enquanto animal político, faria uma escolha consciente pela vida em sociedade e para tal estabeleceria com seus semelhantes uma relação de igualdade, visto que em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie.

Porém, nos escritos de Pedro, o sentido de fraternidade vai além disso. O termo “philadelpheia”, quer transmitir a idéia de afeto, união, carinho e até mesmo parentesco entre irmãos , e era amplamente difundida no grego comum do primeiro século . Segundo o apóstolo Pedro era o tipo de união que identificaria os verdadeiros cristãos. (1Pedro 2:17).

O conceito cristão de fraternidade passa pelo caminho de desejar ver o próximo sempre satisfeito e suprido, ainda que para isso, se preciso for, o supridor não se sinta assim. Tem a ver com o sentir uma felicidade indizível em fazer o próximo feliz. Aponta para uma preocupação em que os que estão ao redor sejam o alvo principal de suas boas ações cristãs.

Por isso mesmo, empenhe-se em acrescentar à sua fé... FRATERNIDADE.

Concluo dizendo que piedade e fraternidade são características não comuns ao desejo humano. Estarão ao alcance do homem somente quando este se dispõe a conhecer a Deus com todas as suas forças e abrir mão de sua natureza egocêntrica. É sem dúvida algo que exigirá um tremendo esforço de todo aquele que se dispor a fazê-lo.

A contra partida desse esforço, a recompensa por busca tão sublime é a promessa bíblica de que aquele que o fizer, será participante da natureza Divina, multiplicará Graça e Paz em sua vida. E viverá bem, não somente aqui, mas principalmente, estará ricamente provido, quando entrar no reino de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. - II Pedro 1 vv 2,4 e11.

Que Deus então nos ajude a seguirmos “Eusebéiando e Filadélfiando” por essa vida.

José B.Silva Junior

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