Recebi de um grande amigo essa semana uma sugestão de leitura. Trata-se da obra de Bernard Cornwell, intitulada “As Crônicas Saxônicas”, publicada em 4 volumes: O Último Reino, O Cavaleiro da Morte, Os Senhores do Norte e a Canção da Espada. Em um breve resumo do contexto e da principal personagem do livro lemos o seguinte:
Estamos tratando da época entre 870-880, na formação da Grã-Bretanha, época em que fora invadida pelos “vikings” dinamarqueses, e vivia uma luta atrás da outra.A personagem principal das crônicas de Cornwell é Uhtred. Ele era filho de uma importante família britânica, que dominava sua região.
Num dos confrontos entre britânicos e dinamarqueses, houve grande perda no lado britânico e o pai de Uhtred (também chamado Uhtred) morreu.
Uhtred, um garoto na época, foi capturado (ou adotado, como queira) pelos dinamarqueses e ali educado em suas tradições e costumes, tornando-se um grande guerreiro.Participou de inúmeras batalhas tanto do lado dinamarquês quanto do lado britânico. Do ponto de vista religioso, nasceu como cristão mas, quando educado pelos dinamarqueses, optou pela religião local e, ao longo das narrativas encontramos muitas pérolas em suas reflexões sobre a questão religiosa.
Em determinado trecho das narrativas encontramos as palavras abaixo:
“Eu não sou cristão. Hoje em dia não é bom confessar isso, porque os bispos e abades têm influências demais e é mais fácil fingir uma fé do que lutar contra idéias furiosas. Fui criado como cristão, mas aos dez anos, quando fui levado para a família de Ragnar, descobri os antigos deuses saxões que também eram deuses dos dinamarqueses e nórdicos, e seu culto sempre fez mais sentido para mim do que me curvar para um deus que pertence a um país tão distante que não conheci ninguém que já tenha estado lá. Tor e Odin caminhavam por nossos morros, dormiam em nossos vales, amavam nossas mulheres e bebiam em nossos riachos, e isso faz com que pareçam vizinhos.A outra coisa de que gosto em nossos deuses é que eles não são obcecados conosco. Têm suas próprias brigas, seus casos amorosos e parecem nos ignorar na maior parte do tempo, mas o deus cristão não tem nada de melhor a fazer do que criar regras para nós. Ele cria regras, mais regras, proibições e mandamentos, e precisa de centenas de sacerdotes e monges com mantos pretos para garantir que obedeçamos a essas leis. Parece-me um deus muito rabugento, esse, ainda que seus padres vivam afirmando que ele nos ama. Nunca fui idiota a ponto de achar que Tor, Odin ou Oder me amavam, mas às vezes espero que me considerem digno deles.”
(CORNWELL, Bernard. Os Senhores do Norte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 76-7)
Respeitado o devido cuidado com as heresias que se apresentam, mas seguindo sempre a recomendação de observarmos tudo, reter o que for bom e jogar fora o que não presta, apresenta-se a pergunta: Será que, através de nossas pregações, temos colaborado para que as pessoas vejam um deus rabugento?
Começo minhas ponderações sobre os parágrafos acima dizendo que essa reflexão sobre apresentarmos em nossa pregação “um deus rabugento”, tem sido para mim...mais freqüente do que eu gostaria que fosse. Nessa hora vem a minha mente as palavras de Jesus no evangelho de João: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará..*” pois bem... Desde que comecei a tentar me aplicar de forma mais dedicada ao estudo da bíblia tenho percebido muita coisa que não bate com os ensinos de alguns de nossos “sacerdotes e monges com mantos pretos”...
Parece que a maioria deles, agem mais como os fariseus do novo testamento do que como Jesus. Adoram uma lista de “regras, proibições e mandamentos...” para que o sistema e o poder religioso estabelecido permaneça nos trilhos ... Sei que não posso e não devo generalizar... Conheço um bom número de líderes que buscam pregar a mensagem do amor, a libertadora, piedosa e fraternal mensagem do verdadeiro evangelho do Cristo. Mas que não é fácil, perceber tanta coisa acontecendo dentro das igrejas, convenções e alianças...ah..não é não.
Escutei de uma pessoa algum tempo atrás,o comentário de que apesar da insatisfação com essa situação dentro da igreja, sentia não estar preparado para assumir o “viés profético” ... Pois é..acho que também não estou. “...os bispos e abades têm influências demais e é mais fácil fingir uma fé do que lutar contra idéias furiosas”....É muito difícil “dar a cara pra bater”... Emitir sua opinião baseada em uma exegese coerente e clara das escrituras, e perceber que as pessoas te perseguem ou te ignoram por causa disso, e quando questionadas, evitam respostas por não conseguirem argumentar com a bíblia. E é muito cruel também perceber que esses “sacerdotes da pós-modernidade”fazem questão de que os “incautos” continuem ignorantes á respeito da verdade que liberta , sentados nos bancos das igrejas... aceitando tudo que é imposto, por aqueles que dependem da lei para seguir em frente.
Não....esses “sacerdotes e monges”, não conseguiriam sobreviver sem a presença desse “deus rabugento”... Que outro deus afinal poderia criar tantas regras e nomeá-los a serem os vigias e guardiões da garantia de que essas regras fossem cumpridas? ...
Parece até a história daquele sujeito que comprou o inferno e decidiu fechá-lo pra sempre, impedindo a entrada de quem quer que fosse lá, mas logo, teve que revendê-lo à Igreja, pois se assim não fosse, o que seria daqueles que ameaçavam as pessoas de não irem para o céu, por causa da existência do inferno?
Eu aqui com minhas reflexões, já cheguei muitas vezes á pensar como o Uhtred.... Mas ainda que ele prefira fingir uma fé, tenho comigo a idéia de que lutar contra idéias furiosas tem acompanhado os cristãos através dos séculos. E eu sou um cristão. O preço é Indesejável, porém necessário. E vamos prosseguindo pela graça e pela misericórdia de Deus... Após dizer o que disse, volto ao início de minhas ponderações onde citei o texto de João 8:32, e deixo uma pergunta, para que eu e você possamos pensar juntos sobre a resposta:
Jesus disse a frase sobre o conhecimento da verdade, conforme o texto de João.... à Judeus que já haviam crido nEle, isso, talvez equivaleria em nossos dias, aqueles que levantam as mãos e preenchem cartões de decisão “aceitando à Jesus” nas igrejas. O “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, indicaria então o conhecimento de uma verdade libertadora... pois então, de qual verdade Jesus estava falando ?
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... ( João 8:32)
Que Deus, tenha misericórdia de nós, e nos revele a verdade.
José B. Silva Junior, com a colaboração de Sandro A. Nascimento.
Estamos tratando da época entre 870-880, na formação da Grã-Bretanha, época em que fora invadida pelos “vikings” dinamarqueses, e vivia uma luta atrás da outra.A personagem principal das crônicas de Cornwell é Uhtred. Ele era filho de uma importante família britânica, que dominava sua região.
Num dos confrontos entre britânicos e dinamarqueses, houve grande perda no lado britânico e o pai de Uhtred (também chamado Uhtred) morreu.
Uhtred, um garoto na época, foi capturado (ou adotado, como queira) pelos dinamarqueses e ali educado em suas tradições e costumes, tornando-se um grande guerreiro.Participou de inúmeras batalhas tanto do lado dinamarquês quanto do lado britânico. Do ponto de vista religioso, nasceu como cristão mas, quando educado pelos dinamarqueses, optou pela religião local e, ao longo das narrativas encontramos muitas pérolas em suas reflexões sobre a questão religiosa.
Em determinado trecho das narrativas encontramos as palavras abaixo:
“Eu não sou cristão. Hoje em dia não é bom confessar isso, porque os bispos e abades têm influências demais e é mais fácil fingir uma fé do que lutar contra idéias furiosas. Fui criado como cristão, mas aos dez anos, quando fui levado para a família de Ragnar, descobri os antigos deuses saxões que também eram deuses dos dinamarqueses e nórdicos, e seu culto sempre fez mais sentido para mim do que me curvar para um deus que pertence a um país tão distante que não conheci ninguém que já tenha estado lá. Tor e Odin caminhavam por nossos morros, dormiam em nossos vales, amavam nossas mulheres e bebiam em nossos riachos, e isso faz com que pareçam vizinhos.A outra coisa de que gosto em nossos deuses é que eles não são obcecados conosco. Têm suas próprias brigas, seus casos amorosos e parecem nos ignorar na maior parte do tempo, mas o deus cristão não tem nada de melhor a fazer do que criar regras para nós. Ele cria regras, mais regras, proibições e mandamentos, e precisa de centenas de sacerdotes e monges com mantos pretos para garantir que obedeçamos a essas leis. Parece-me um deus muito rabugento, esse, ainda que seus padres vivam afirmando que ele nos ama. Nunca fui idiota a ponto de achar que Tor, Odin ou Oder me amavam, mas às vezes espero que me considerem digno deles.”
(CORNWELL, Bernard. Os Senhores do Norte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 76-7)
Respeitado o devido cuidado com as heresias que se apresentam, mas seguindo sempre a recomendação de observarmos tudo, reter o que for bom e jogar fora o que não presta, apresenta-se a pergunta: Será que, através de nossas pregações, temos colaborado para que as pessoas vejam um deus rabugento?
Começo minhas ponderações sobre os parágrafos acima dizendo que essa reflexão sobre apresentarmos em nossa pregação “um deus rabugento”, tem sido para mim...mais freqüente do que eu gostaria que fosse. Nessa hora vem a minha mente as palavras de Jesus no evangelho de João: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará..*” pois bem... Desde que comecei a tentar me aplicar de forma mais dedicada ao estudo da bíblia tenho percebido muita coisa que não bate com os ensinos de alguns de nossos “sacerdotes e monges com mantos pretos”...
Parece que a maioria deles, agem mais como os fariseus do novo testamento do que como Jesus. Adoram uma lista de “regras, proibições e mandamentos...” para que o sistema e o poder religioso estabelecido permaneça nos trilhos ... Sei que não posso e não devo generalizar... Conheço um bom número de líderes que buscam pregar a mensagem do amor, a libertadora, piedosa e fraternal mensagem do verdadeiro evangelho do Cristo. Mas que não é fácil, perceber tanta coisa acontecendo dentro das igrejas, convenções e alianças...ah..não é não.
Escutei de uma pessoa algum tempo atrás,o comentário de que apesar da insatisfação com essa situação dentro da igreja, sentia não estar preparado para assumir o “viés profético” ... Pois é..acho que também não estou. “...os bispos e abades têm influências demais e é mais fácil fingir uma fé do que lutar contra idéias furiosas”....É muito difícil “dar a cara pra bater”... Emitir sua opinião baseada em uma exegese coerente e clara das escrituras, e perceber que as pessoas te perseguem ou te ignoram por causa disso, e quando questionadas, evitam respostas por não conseguirem argumentar com a bíblia. E é muito cruel também perceber que esses “sacerdotes da pós-modernidade”fazem questão de que os “incautos” continuem ignorantes á respeito da verdade que liberta , sentados nos bancos das igrejas... aceitando tudo que é imposto, por aqueles que dependem da lei para seguir em frente.
Não....esses “sacerdotes e monges”, não conseguiriam sobreviver sem a presença desse “deus rabugento”... Que outro deus afinal poderia criar tantas regras e nomeá-los a serem os vigias e guardiões da garantia de que essas regras fossem cumpridas? ...
Parece até a história daquele sujeito que comprou o inferno e decidiu fechá-lo pra sempre, impedindo a entrada de quem quer que fosse lá, mas logo, teve que revendê-lo à Igreja, pois se assim não fosse, o que seria daqueles que ameaçavam as pessoas de não irem para o céu, por causa da existência do inferno?
Eu aqui com minhas reflexões, já cheguei muitas vezes á pensar como o Uhtred.... Mas ainda que ele prefira fingir uma fé, tenho comigo a idéia de que lutar contra idéias furiosas tem acompanhado os cristãos através dos séculos. E eu sou um cristão. O preço é Indesejável, porém necessário. E vamos prosseguindo pela graça e pela misericórdia de Deus... Após dizer o que disse, volto ao início de minhas ponderações onde citei o texto de João 8:32, e deixo uma pergunta, para que eu e você possamos pensar juntos sobre a resposta:
Jesus disse a frase sobre o conhecimento da verdade, conforme o texto de João.... à Judeus que já haviam crido nEle, isso, talvez equivaleria em nossos dias, aqueles que levantam as mãos e preenchem cartões de decisão “aceitando à Jesus” nas igrejas. O “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, indicaria então o conhecimento de uma verdade libertadora... pois então, de qual verdade Jesus estava falando ?
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... ( João 8:32)
Que Deus, tenha misericórdia de nós, e nos revele a verdade.
José B. Silva Junior, com a colaboração de Sandro A. Nascimento.
Você poderia se perguntar também: De qual liberdade Jesus estava falando?
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