Atingidos pelos Reflexos...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

OrAção, InspirAção !


Desde que comecei a escrever e divulgar minhas idéias aqui nesse blog acontece algo que me deixa feliz, mas ao mesmo tempo preocupado. Feliz, porque creio que ao expor minhas idéias, pensamentos e opiniões, é natural que espere uma reação por parte daqueles que compartilham do que escrevo. E tem sido uma grande satisfação receber um número considerável de respostas aos e-mails com as postagens do blog que mando para um grande número de pessoas. Em geral, são mensagens que contém palavras de carinho e incentivo para que continue escrevendo, pessoas compartilhando idéias semelhantes aos textos que escrevo e também aqueles que apreciam a discussão saudável sobre teologia, religião e até mesmo sobre filosofia.

A preocupação deve-se ao fato de que de uns tempos para cá, há pessoas que tem me procurado para pedir conselhos ou opiniões a respeito dos mais variados assuntos, a grande maioria na área de relacionamentos pessoais. E sinceramente... Confesso não ser suficientemente capacitado, ou considerar-me a pessoa ideal para dar conselhos. Porém, analisando as circunstâncias, tento na medida do possível, sempre reconhecendo minha infinita limitação, fazer o papel dos que deveriam estar nesse lugar, recorrendo à preciosa, eficaz, poderosa e infalível Palavra de Deus, para tentar de alguma forma trazer um caminho seguro aos meus problemas e a quem eventualmente tem me procurado em busca de um conselho. E não posso me esquecer que minha esposa Nilce é que tem esse dom latente em sua vida, e tem me ajudado muito nessa difícil tarefa.

E pensando nessas coisas, percebo que as teorias de aconselhamento, assim como quase todas as teorias, ficam bem distantes da ação que preciso praticar.

Posso perceber que escrever para uma pessoa e sugerir através de um texto que ela tenha uma busca mais intensa das verdades de Deus para seus relacionamentos e soluções de seus conflitos, é muito mais tranqüilo e cômodo do que tratar deles na vida real. E é aí, que entro na razão ter começado a escrever esse texto, que é a de pensar sobre o desafio de entender as dificuldades e angústias daqueles que me procuram com seus problemas e ajudá-los (e me ajudar) a vencer as situações que os afligem.

Normalmente o primeiro passo do desafio é reconhecer o fato de que você tem à sua frente uma situação que deve ser tratada de forma pessoal. Sim, pode parecer algo óbvio, mas o que vemos até mesmo dentro de igrejas, de forma geral, é a despreocupação com a vida real e pessoal do ser humano. Tratamos das pessoas virtualmente, domingo após domingo. Elas sentam-se nos bancos das igrejas, ouvem o sermão, ou o estudo de 40 minutos preparado para atender de forma coletiva ao padrão de nosso sistema eclesiástico, e tem uma grande chance de voltar para casa com mais dúvidas do que com certezas para a solução de seus problemas. Assim temos o desafio de imitar nosso Mestre, no cuidado e relacionamento com o ser humano. Olhando nos olhos das pessoas, inclinando nossos ouvidos para elas, oferecendo nossos ombros, nosso abraço, nosso interesse real e não virtual pelo problema, que a partir desse momento deve passar a ser uma dificuldade compartilhada, de interesse comum.

Essa semana conversei com uma dessas pessoas que estava muito angustiada por conta de um problema na família. Disse ter recebido a visita de um pastor, que dera o seguinte diagnóstico: “Você está com uma legião de demônios que precisa ser expulsa, precisa ir à Igreja e orar.” O problema estava identificado, a solução também. A responsabilidade agora era de quem tinha o problema. Simples assim.

Tenho que ter cuidado para não ser contaminado pela velocidade da globalização mundial, da internet e dos fast-foods. Preciso estar atento que para entender as pessoas e ajudá-las a resolver seus problemas e para isso não posso agir como se estivesse numa fila do Mc.Donalds. Vou precisar de muito mais tempo e de conversas muito mais complexas para identificar a solução para a ansiedade e angústia de uma pessoa. Vou precisar de tempo e atenção para identificar o que sua testa franzida, suas mãos trêmulas, seu olhar abatido e sua respiração ofegante querem me dizer. Talvez esses sinais estejam gritando muito mais alto que as palavras que ela consiga me dizer. Imagino que ajudaria muito mais do que orar para os demônios serem expulsos, se pudesse explicar a ela que sua ansiedade que causa pânico e a faz pensar que talvez sua vida vá acabar naquele instante e que tudo esteja fora de controle em sua vida, seja algo comparável á uma saudade invertida. A saudade que faz com que sintamos aquela dor no peito por algo que desejamos muito sentir ou ver de novo e que talvez o que esteja causando toda essa angústia, depressão e falta de sentido na vida, possa ser uma saudade por algo que nunca tenha existido ou acontecido... e que talvez nunca vá acontecer, e que talvez seja melhor que nunca deva mesmo acontecer. E pensar com ela que o conselho do apóstolo Paulo : “Não andeis ansiosos, por coisa alguma...” tenha algo a ver com isso. Ajudaria se voltasse à casa dessa pessoa, sem pressa, dia após dia, dando um abraço, segurando sua mão...perguntando como foi seu dia... ouvindo, ouvindo, ouvindo... e depois disso... talvez fazer uma oração. (É incrível como ao escrever isso, posso sentir o quanto minha oração pode não fazer efeito na solução de um problema). Tenho esse grande desafio em minha vida: Apresentar conselhos que indiquem o melhor caminho e que possam trazer ânimo e motivação ao invés de peso e frustração.

Em outra experiência que tivemos, recebemos a visita de uma senhora, aproximadamente ás 23:00 Hs. da última sexta-feira. Ela disse estar passando mal e não conseguindo achar um rumo para sua vida e nem o caminho de volta para sua casa. Passou para minha esposa, que a atendeu, um número de telefone e pediu encarecidamente que ligássemos para sua filha vir buscá-la. Minha esposa assim o fez, e enquanto sua filha se dirigia até nossa casa, ela chorava muito e dizia não poder suportar a idéia de que o marido a traía. Estava visivelmente transtornada e precisando de ajuda. Ela ouviu de minha esposa algumas rápidas palavras sobre o amor de Deus... e da probabilidade dela estar sofrendo antecipadamente com a situação. Sua filha chegou... uma adolescente que aparentava uns 15 anos... também profundamente transtornada com toda aquela situação. Foram embora nos agradecendo pelo pouco (aliás, muito pouco) que fizemos. A mulher disse à minha esposa, que talvez Deus a tivesse mandado ali pelo fato de sermos evangélicos. Não pudemos ajudar mais aquele dia, mas temos agora em mãos um telefone, deixado por Deus (eu creio), para podermos colocar em prática tudo que falamos e escrevemos.

Senhor... devo reconhecer que preciso de sua ajuda para poder ajudar as pessoas. Essa é hoje minha oração.

"...em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica... Filipenses 4:6

Jose B. Silva Junior

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