Atingidos pelos Reflexos...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Fazer concessões é o pior caminho para conseguir a paz

"Fazer concessões é o pior caminho para conseguir a paz"

Li essa semana a frase acima em um e-mail que recebi. Saiu publicado nas páginas amarelas de VEJA. É a entrevista do matemático Israelense Robert Aumann, vencedor do prêmio Nobel de economia em 2005. Aumann usa a Teoria dos Jogos para analisar conflitos e até mesmo relacionamentos pessoais. Através de seus estudos, pode-se chegar a compreensão de como fazer adversários cooperarem entre si. Tempos atrás, foi incumbido pelo governo dos Estados Unidos a desenvolver estratégias de defesa em plena guerra fria.

Entre suas ponderações uma é a de que não basta querer a paz para consegui-la. É preciso entender como esse desejo afeta outras pessoas. Dizer "eu quero paz" pode não trazer paz, mas guerra. Como exemplo de que as concessões nem sempre levam a paz, cita-se o início da II Guerra. O senso comum diz que a II Guerra Mundial foi causada por Adolf Hitler. Há alguma verdade nisso, porque foi ele quem ordenou a invasão da Polônia, mas o papel desempenhado pelo primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain é frequentemente negligenciado. Ele estava tão obcecado em garantir a paz que passou a atender a todas as demandas de Hitler. Ao fim das negociações de Munique, em 1938, ele perguntou a Hitler se todas as exigências da Alemanha haviam sido atendidas. Hitler disse que sim. As concessões de Chamberlain foram um incentivo para Hitler prosseguir com seu desejo insano de conquistas, e elas levaram o mundo à II Grande Guerra. Segundo Aumann, esses princípios têm aplicação prática na economia, na diplomacia, em política e até em religião. Os resultados da teoria dos jogos tanto podem ser aplicados a simples jogos de entretenimento como a aspectos significativos da vida em sociedade.

Quando li essa entrevista, lembrei dos inúmeros artigos que tenho visto sobre o assunto crescimento de igrejas e de como esse assunto tem provocado conflitos no meio religioso, principalmente o Batista. Dia desses visitando um site que traz informações sobre o meio, fiquei sabendo através de uma matéria publicada no Jornal Vale do Paraíba em S.J. dos Campos - SP, sobre uma grande igreja que através do seu grupo de jovens participa já há três anos do desfile de carnaval da cidade, (apesar da proibição em se fazer qualquer apologia ao evangelho) com um bloco chamado
“prazer sem culpa”.

Foi uma das matérias mais comentadas do site. Entre os que comentaram: Membros de igrejas, pastores, esposas de pastores, presidentes de convenções batistas, doutores em sociologia, escritores e o próprio
pastor da Igreja em questão. O conflito sempre acontecia em torno das perguntas: Vale a pena crescer em detrimento da santidade? Vale a pena se amoldar às antigas estratégias e não crescer? Pergunto eu: Como aplicar a Teoria dos Jogos ao conflito de forma que possamos chegar a um denominador comum ?

Aumann diz que não há uma fórmula matemática universal para avaliarmos as diferentes estratégias, mas existem conceitos fundamentais na Teoria dos Jogos, como a noção de equilíbrio. Esse conceito foi inventado por John Nash, a quem a maioria das pessoas conhece pelo filme Uma Mente Brilhante (com Russell Crowe no papel do cientista). Nash desenvolveu a noção do ponto de equilíbrio, que ocorre quando cada envolvido em determinada situação encontra sua maneira ideal de atuar na defesa de seus objetivos.

Alguns dos comentários sobre o artigo que citei , dizia que não devemos discutir sobre se um bloco de carnaval “evangélico” edifica ou não as pessoas, que tal liderança sabia o que fazia. Que agindo assim trazíamos só problemas, divisões e contendas. Segundo essas opiniões o melhor caminho seria fazer concessões. Porém, concordo com Aumann quando ele diz: "Em diversos conflitos atuais, há uma tentativa de agradar à outra parte. Erra quem pensa que atender às demandas do opositor pode trazer a paz. Isso não é verdade".

Alguém a essa altura pode estar pensando. “Mas não estamos tratando de um jogo...” Aumann trabalha com o conceito. Há situações em que apesar das partes envolvidas no conflito terem o mesmo objetivo e lutarem para que algo se realize, alguns aspectos da forma a se executar as ações serão em algum momento divergentes. Daí as pesquisas sobre a Teoria dos Jogos .

Parece-me que na bíblia temos um exemplo de que nem sempre devemos fazer concessões para se alcançar a paz. Temos em Genesis 11:1-9 a descrição da tentativa de edificação de “uma torre que chegasse até os céus”. A busca do homem por realizar algo grande, que todos pudessem ver, através dos próprios esforços , mas que estava longe dos propósitos de Deus. Daí as conclusões:*


1 - Grande nem sempre é bom. De todas as pessoas que já viveram, os norte-americanos possam ser os mais inebriados com grandeza. Falamos com orgulho de morar na maior cidade, estudar na maior escola e fazer cirurgia no maior hospital; além de ter a maior casa, o maior carro e até a maior fazenda. Infelizmente, tais padrões, freqüentemente, são aplicados na religião. Algumas pessoas determinam se uma afirmação seja certa ou não pelo número de pessoas que acreditam nela. Aumann diz que para minimizar as surpresas é preciso calcular com muito cuidado como uma ação leva a outras.

É comum ver pessoas que julgam uma igreja pelo tamanho do seu prédio, a grande variedade de seus programas e a multidão de membros. Alguns até supõem que o crescimento de uma igreja necessariamente prova que Deus está com ela e que ele aprova as suas obras.O projeto torre na planície de Sinar era um grande empreendimento. Pode ser que envolveu toda a humanidade e os planos eram, de fato, visionários. Mas, Deus não o aprovou. O projeto estava errado por, pelo menos, dois motivos. Primeiro, foi o produto de ambições humanas e teve como alvo o engrandecimento do homem e não a glória de Deus. Segundo, foi projetado para conseguir um alvo oposto à vontade de Deus. Deus havia dito: "Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra" (Gênesis 9:1). O propósito explícito de construir a torre foi: "para que não sejamos espalhados por toda a terra" (Gênesis 11:4).

2 - A união e a cooperação nem sempre são desejáveis. (sim... por incrível que pareça). O entusiasmo das pessoas no "Projeto Torre" se torna evidente pelas próprias palavras delas. Podemos quase sentir o ânimo de ter tantas pessoas unidas e cooperando no esforço. Devem ter falado: "Não é maravilhosa esta comunhão?" Pelos conceitos de Aumann, a concessão de todos ali com o projeto, foi determinante para que a vontade de Deus não fosse cumprida, e os planos de PAZ não tivessem êxito.

Deus não considerou aquele consenso maravilhoso! Ele teria ficado contente se alguém tivesse perturbado aquela união — se alguém tivesse se levantado para objetar, os relembrando das instruções de Deus. Se tais objeções não tivessem conseguido mudar as idéias do povo, Deus teria ficado contente com a decisão de um ou mais a ir embora, se dissociando dos seus irmãos. Alguém, pela fé, devia ter ouvido Deus dizendo: "Retirai-vos do meio deles, separai-vos". Mas, ninguém escutava.

Deus deseja união, sim, mas somente na verdade. Ele quer cooperação, é claro, mas somente em fazer a vontade dele. Verdadeira união e cooperação não exigem proximidade física. Não temos que sentar-nos na mesma plataforma ou escrever pelo mesmo jornal para termos comunhão com Cristo. Aqueles povos antigos em Gênesis teriam cooperado com Deus e um com o outro se tivessem partido por caminhos diferentes para encher a terra, fazendo a vontade de Deus. Essa teria sido comunhão agradável—aquela boa e doce comunhão em fazer a vontade de Deus que é tão desejável. Mas, de fato, eles se uniram em rebelião e cooperaram para a glória do homem; de tal unidade Deus nunca se agradou.

3 - A vontade de Deus será feita. Essas pessoas não obedeceram voluntariamente as instruções de Deus para encher a terra. Mas a vontade de Deus foi feita. Quando Deus confundiu a língua deles, ele "os dispersou dali pela superfície da terra" — exatamente o resultado que eles procuraram evitar. A vontade de Deus foi feita, mas eles não receberam nenhuma bênção.

Sou convencido que, se nós falharmos em levar o evangelho para o mundo inteiro, a vontade de Deus de algum modo ainda será feita. Como Mordecai disse a Ester: "Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará...socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis" (Ester 4:14). Aqueles que ouvem o evangelho podem o rejeitar e recusar a reconhecer Jesus agora, mas um dia eles o reconhecerão. "Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Filipenses 2:9-11). Como seria melhor fazer a vontade de Deus agora, voluntariamente para a recompensa que ele tem prometido, do que sermos forçados contra a nossa vontade e para nossa eterna vergonha!

*Baseado no artigo: “Lições do Projeto Torre” de Sewell Hall
Adaptado por José B. Silva Junior,

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