Atingidos pelos Reflexos...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pais e Filhos


Pais e Filhos

Ontem fui procurado por meus filhos, estavam precisando de ajuda com a tarefa da escola. Primeiro um dos probleminhas do Joás: “Começando a contar de um domingo, o milésimo dia vai cair em qual dia da semana”? Depois um da Júlia, também de matemática, que parecia ser sobre equações de um grau que já não me lembrava mais e que só de olhar já me fez sentir arrepios.

Depois de ajudá-los no que foi possível, fiquei ali sentado no sofá da sala, olhando para os dois e refletindo sobre o grande desafio que tenho em educá-los corretamente. De como tudo seria mais fácil, se tudo que tivesse que fazer fosse resolver exercícios de matemática. A pergunta que ficou em minha mente foi: Afinal, como posso educar corretamente meus filhos? É uma pergunta difícil, para a qual não existe uma resposta pronta.

Já tentei usar a bíblia e o conselho dos Provérbios para respondê-la: “Ensina o menino no caminho em que deve andar, e quando envelhecer não se desviará dele”. Sábio e precioso conselho. Porém, aprendemos que essa resposta foi dada a uma sociedade unitária de séculos atrás, sem pluralidade, com apenas um norte e sentido e com uma religião só talvez. Tempo em que não havia, computador, internet, Orkut, MSN, twitter, grupos virtuais, celular com tecnologia Bluetooth, blogs, televisão, “malhação”, escola instituída, rua, gangs, bulling... e muito mais coisas que existem hoje em dia e que invadem nosso espaço tal como enxurrada, que toma a forma de tudo que vê pela frente.

Naquele tempo só havia o pai e a mãe. Só. Havia o pai, que não apenas orientava, mas que mandava e selava o futuro dos filhos, abençoando ou não, fazendo do futuro dos filhos aquilo que fosse melhor para eles.

Gostaria muito que hoje, no ano de 2010, fosse só eu que educasse a Júlia e o Joás. Mas não é assim. Sou consciente que não sou a única voz a ensiná-los. Talvez apenas uma dentre tantas, e nem sempre a mais importante. Não adianta querer escolher com quem vão namorar ou casar e dizer que antigamente o pai ordenava que o servo buscasse a esposa para o filho e a trouxesse montada num camelo. Eles vão olhar para mim com uma cara de “lá vem conversa de velho”. Tenho que ter consciência de que eles vão ter que descobrir seus limites, e que para descobrirem esses limites vão passar por sofrimentos, erros e infelizmente nem sempre haverá retornos. E aí, sobrará o olhar triste e melancólico do pai, o “você deveria ter escutado seu pai”. Só que aí já foi ou terá sido.

Tempos difíceis. Não há atalhos para superá-los, e não há como voltar pra época dos camelos. E aí é que tem que entrar o bom senso, a integridade da vida e os valores. Hoje não dá para ser um pai conceitual, que só fica resolvendo os problemas de matemática e dizendo faça isso ou aquilo. Aprenda isso e aprenda aquilo. Esse tipo de ensino tem o seu lugar, só que antes vem o que se é no relacionamento em casa, na amizade, companheirismo, humanidade, afetividade, fidelidade, hombridade, honestidade, cordialidade, responsabilidade, seriedade, mansidão, capacidade de abertura ao diálogo, senso de justiça e muita oração. Muita, mas muita mesmo. Um pouco mais do que você está pensando. Porque enquanto você conversa com Deus sobre os filhos, fala de si, e pede conselhos também com o Pai.

E assim, chegará o tempo em que você estará ao lado de seu filho dizendo: Filho, é assim que se faz, olha aqui, bem aqui ó, tá vendo? Eu faço primeiro, olha bem para não errar. Olha a receita do carinho, do amor, da fidelidade, da integridade , da honestidade..., coloque água na medida certa, senão fica seco demais ou mole demais, e daí não gruda. Viu como é? Não é difícil, é só praticar bastante. E chegará o tempo em que nossos filhos quando escutarem alguém lhes sugerindo que façam uma coisa absurda, sentirão repulsa antes de pensar na resposta. E vão dizer: “Aprendi isso com meu pai”, e não iremos escutar, mas estaremos lá em suas memórias, e a melhor maneira de se lembrarem da gente é praticarem o que ensinamos. E estaremos felizes, sem saber que estamos felizes. São coisas que a Júlia e o Joás só vão entender direito quando forem pais... Porque na verdade sentimento de pai, não dá para explicar ou ensinar.

José B. Silva Junior

Extraído do Texto de Natanael Gabriel da Silva
“A Casa Oficina”.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Afinal, para que serve a teologia ?


Afinal, para que serve e Teologia ?

Dia desses fui ao banco assinar alguns documentos e o funcionário que me atendia aproveitou para atualizar o cadastro da conta. O atendente passou então a confirmar alguns dados: Endereço, telefone, local de trabalho... Quando chegou no item escolaridade, ao dizer para ele que era estudante de Teologia, percebi o único momento em que o fiz tirar os olhos do monitor do computador e olhar em minha direção com uma incrível expressão de interrogação. Invariavelmente é assim, quando me apresento como estudante de teologia, as pessoas demonstram um misto de curiosidade e espanto sobre o assunto.

Já houve quem questionasse: “Mas depois disso você fará algo que lhe de algum futuro, não é ?”

Richard Dawkins, um dos maiores defensores do ateísmo foi além, ele disse:

“Qual a utilidade da Teologia...? As realizações dos teólogos não fazem nada, não afetam nada, não significam nada. Afinal, o que faz alguém pensar que “teologia” é um campo do conhecimento?” ( uau... essa doeu !)

Para tentar entender no que a Teologia (cujo principal objeto de estudo é invisível) pode ser benéfica a alguém, ou ainda, ser reconhecida como um campo do conhecimento, recorri inicialmente a metafísica.

A metafísica trata de problemas sobre o propósito e a origem da existência e dos seres. Da especulação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da Filosofia, outras, se confunde com ela.

Pois bem, a metafísica é o exercício da mais difícil das operações intelectivas: a apreensão do transparente dos transparentes, isto é, do diáfano* das coisas (*que deixa passar a luz através de sua massa compacta, sem, contudo, deixar ver distintamente as formas dos objetos; algo translúcido,transparente) ; para isso, o nosso saber precisa fazer a si mesmo a maior das "violências". Para entedermos melhor, imagine-se tentando observar um vidro com um grau de transparência muito próximo a 100%, e do esforço que você terá que empreender em sua visão para poder focá-lo.

Aristóteles (Estagira, Macedônia, 384-322 aC), e S. Boaventura (Bagnoregio, Itália, 1217-1274), por exemplo, nos falam de aspectos diferentes da ofuscação circunstancial da mente humana perante o diáfano.

Diz Aristóteles: Do mesmo modo que se comportam os olhos do morcego a respeito da luz do meio-dia, comporta-se também o intelecto de nossa alma a respeito das coisas que são as mais visíveis do mundo ("té phúsei phanerótata pánton").

S. Boaventura cita literalmente o texto de Aristóteles e acrescenta: Porque, acostumados às trevas dos entes e das imagens sensíveis, quando o homem vê a luz do Ser Supremo, parece-lhe que nada vê; não entende que essa escuridão é a iluminação suprema da nossa mente.

A apreensão do diáfano é "constitutivamente" difícil; e isso por dois motivos:

• Primeiro, porque o diáfano é um âmbito constitutivo das coisas, mas não pertence ao âmbito do óbvio ou do ultra-óbvio delas...

• As coisas do cosmos simplesmente têm um certo desejo ou tendência (órexis) de estar em movimento ou mudança.

• Mas isso não parece plenamente suficiente para explicar os movimentos e mudanças das coisas do cosmos; alguém, de alguma maneira, faz que as coisas existentes no cosmos efetivamente se movam ou mudem; e a nossa pergunta (incluindo os teólogos e estudantes de teologia) então é: Quem?

Crítica de Kant (Königsberg, Alemanha, 1724-1804) a toda a metafísica anterior ao seu tempo: A razão humana não pode conhecer as "coisas tal como são em si mesmas"; o conhecimento da razão humana consiste apenas em "objetualidade".

Ou seja: É certo que a razão humana está carregada de questões acerca das coisas em si, (objetualidade) que não pode eliminar, porque lhe são colocadas precisamente pela sua própria natureza.

• No entanto, muito mais certo ainda é que a razão não é capaz de resolver essas questões acerca das coisas em si, porque transcendem absolutamente todo poder da razão humana.

Para Kant, assim como para toda a metafísica moderna, o primeiro transcendental é a verdade, mas entendida como "a objetualidade a priori do dado pelas coisas feitas pelo Eu pensante".

Assim, Kant (como crítico da razão pura) me faz pensar, que somente a Razão Divina conhece as coisas em si, porque as criou; a razão humana não, porque é "essencialmente diferente" da Razão de Deus.

Isto posto, deixando um pouco de lado a metafísica e a filosofia, a utilidade da teologia consiste em fornecer ferramentas e subsídios à busca da compreensão da “Razão de Deus”. A teologia também se esforça para analisar os caminhos da sociedade e fornecer elementos e subsídios para que se identifique os seus desvios. A missão do teólogo dentro desse contexto, é a de convidar os indivíduos para refletirem acerca do transcendente à sua razão. Pois de fato, quando o homem pergunta; “Qual a utilidade da Teologia, e o que faz alguém pensar que esse é um campo do conhecimento?”, ele nada mais faz do que demonstrar sua sede de racionalizar explicações que sua mente não tem capacidade por si só de compreender.

E é nessa sede de conhecer à Deus, (ainda que por um impulso inconsciente), que o homem ao se colocar ante o diáfono, também anseia desenvolver relacionamentos profundos, e encontrar algo capaz de fazê-lo ir além de si mesmo e descobrir-se como pessoa. Então, a teologia tenta traduzir para a linguagem humana os caminhos que nos conduzem aos mistérios Divinos.

Para quê serve a Teologia? Para lembrar às pessoas de que a vida é mais do que aquilo que se pode ver ou tocar.

Jose B. Silva Junior – 05/2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pedir ou Determinar ?


“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” Jo 14:13

Em seu livro “Exija seus direitos” RR Soares, líder da Igreja Internacional da Graça ensina que o crente não deve pedir a bênção, mas determiná-la ou exigir como um direito. A suposta base bíblica para essa sua doutrina nefasta é Jo 14:13, muito embora ele a credite a Kenneth Hagin. Ambos afirmam que “a palavra pedirdes foi mal traduzida” e que aiteo “deveria ter sido traduzido por exigirdes ou determinardes” (p. 42). Segundo ele “continuar orando, pedindo, suplicando por algo que já é seu é declarar que a Palavra do Senhor pode não ser a verdade” (p. 45). Chega ao extremo de dizer que ser paciente e suportar a provação é dar lugar ao Diabo (p. 78).

No livro ele afirma que não é versado em grego. Mas acreditou piamente no que Hagin lhe disse. Depois disse que conferiu no dicionário de Strong e que de fato a palavra aitéo também pode significar exigir, determinar. A propósito, ele define determinar como “a nossa ação com base na Palavra de Deus, o que nada mais é do que tomar posse da bênção e exigir os nossos direitos” (p. 27).

O significado de um termo deve ser buscado no uso que os autores fizeram dele nas escrituras. E quando examinamos o uso de aiteo nas Escritura descobrimos que ele jamais é utilizada com o sentido que RR Soares e Hagin lhe emprestam. E também descobrimos que as palavras determinar, ordenar, exigir, etc. jamais são utilizadas pelo homem para obter algo de Deus. Portanto, se Soares valoriza a Palavra de Deus como diz valorizar, deveria ter o mínimo cuidado para utilizá-la sem distorcer o seu significado, semeando o erro no meio do povo de Deus.

O significado bíblico de aiteo

As principais traduções e versões bíblicas traduzem aiteo como pedir. Tomando Jo 14:13 como exemplo, já vimos que a Almeida Revista e Atualizada a traduz assim, assim como a Almeida Revista e Corrigida. A Tradução Brasileira também fez essa tradução, bem como a Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Estariam todos os tradudores enganados ou mal intencionados ao esconderem o sentido de ordenar em suas traduções? Veremos que não.

Antigo Testamento

O termo aiteo e seus cognatos são utilizados no Antigo Testamento 65 vezes na Septuaginta. O sentido é sempre de pedir, implorar, suplicar, e nunca de ordenar ou determinar. Assim, temos Elias dizendo a Eliseu “pede-me o que queres” (2Re 2:9); Jabez invocou a Deus dizendo “Oh! Tomara que me abenções” e Deus lhe deu “o que lhe tinha pedido” (1Cr 4:10); a Salomão Deus disse “pede-me o que queres que eu te dê” (2Cr 1:7) e o próprio Salomão deu à rainha de Sabá “tudo o que ela desejou e pediu” (2Cr 9:12). Vemos também Esdras dizendo que teve “vergonha de pedir ao rei” (Ed 8:22), enquanto que Neemias diz “pedi licença ao rei” (Ne 13:6) para voltar a Jerusalém. Davi não determinou, mas orou “uma coisa peço ao Senhor” (Sl 27:4), Salomão, mesmo sendo mais ousado disse “duas coisas te peço” (Pv 30:7). Isaías disse a Acaz “pede ao Senhor, teu Deus, um sinal” (Is 7:11) e Jeremias observou que durante o cerco de Jerusalém “os meninos pedem pão” (Lm 4:4). Para que seus três amigos fossem constituídos sobre os negócios da Babilônia, Daniel não determinou ao rei, mas fez um pedido (Dn 2:49). Finalmente, Zacarias disse “pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serôdias” (Zc 10:1).

Em todas as passagens acima a Septuaginta utiliza aiteo, e em nenhuma delas a tradução determinar é cabível. Imagine Eliseu exigindo de Elias a porção dobrada, Jabez ordenando a Deus que alargasse os seus limites, Salomão determinando que Deus lhe desse sabedoria e a rainha, em sua visita de cortesia a Salomão ordenasse que este lhe desse o que ela desejasse! Seria absurdo. Como seria despropositado também que Esdras, Neemias e Daniel exigissem seus direitos junto ao rei, que Davi, Salomão e Acaz dessem ordens a Deus e meninos famintos exigissem seus direitos! Portanto, o uso que os setenta fizeram de aiteo na tradução do Antigo Testamento para o grego não deixa dúvida que pedir, rogar, suplicar, etc. é a tradução mais adequada e que qualquer termo que denote autoridade não é apropriada.

Novo Testamento

Já vimos que no uso que os tradutores da Septuaginta fizeram de aiteo não cabe o sentido de ordenar, determinar, mandar, exigir ou qualquer outro que Hagin e seu aprendiz queiram dar. Mas sei que Hagin principalmente despreza o Antigo Testamento, então vejamos se o Novo lhe dá algum apoio às suas idéias. A palavra aiteo aparece diversas vezes nos evangelhos e nos demais escritos do Novo Testamento. Jesus diz que o Pai sabe o que seus filhos precisam “antes que o peçais” (Mt 6:8), mesmo assim orienta “pedi, e dar-se-vos-á” (Mt 7:7), pois “qual pai se porventura seu filho lhe pedir pão lhe dará uma pedra?” (Mt 7:9). Vemos que a mulher de Zebedeu se aproximou dEle, o adorou e “pediu-lhe um favor” (Mt 20:20). No verso seguinte ao utilizado como cavalo de batalha por Soares Jesus diz “se me pedirdes alguma coisa coisa em meu nome eu vos darei” (Jo 14:14). À porta Formosa, o coxo de nascença pedia esmola (At 3:2) e Paulo escreveu aos Colossenses “não cessamos de orar por vós e de pedir” (Cl 1:9). Aos faltos de sabedoria Tiago preceitua “peça-a a Deus” (Tg 1:5) e João anima com o testemunho de que “aquilo que pedimos, dEle recebemos” (1Jo 3:22).

Em todas essas passagens e outras não mencionadas, aiteo é utilizada para mostrar alguém pedindo encarecidamente a alguém que tem autoridade maior e que poderia conceder o pedido ou não, de acordo com sua vontade. É um contra-senso pensar que um filho pode determinar o que seu pai deve lhe dar, que a mãe de Tiago e João poderia adorar a Jesus e em seguida lhe dar ordem ou fazer exigências ou que um aleijado de nascença pudesse exigir direito a esmolas, que por isso deixaria de ser esmola. A esta altura RR Soares diria “Exigir ou determinar a bênção não é dar ordens ao Senhor” (p. 46). Porém, se aiteo significa determinar, ordenar, exigir e se aiteo refere-se àquilo que queremos receber de Deus, então forçosamente a ordem é dada a Deus. Jesus disse “se me pedirdes” e Tiago escreveu “peça a Deus”. No mínimo RR Soares deverá explicar porque aiteo em Jo 14:13 significa ordenar, exigir e no verso seguinte significa pedir, suplicar, etc. O emaranhado que ele se meteu é tal que a conseqüência lógica de seu raciocínio beira à blasfêmia, pois ou faz do Diabo a fonte de bênção do crente ou a criatura mete-se a mandar no Criador!

Jesus e nós

RR Soares afirma que não devemos pedir, pois Jesus não pedia nada ao Pai, apenas determinava, ordenava, exigia. Escapou-lhe um detalhe que faz toda diferença: não somos Jesus e embora ele tenha participado de nossa humanidade nós não participamos de sua divindade. Ele é Senhor, e nós servos. Jesus não era apenas um homem, era verdadeiro Deus. Mas há outro detalhe que Soares não percebeu e seu mestre não lhe alertou. Jesus nunca se referiu a si mesmo como pedindo ao Pai utilizando o termo aiteo. Por quê? Porque aiteo se refere a um inferior pedindo a um superior, e Jesus é igual ao Pai. Assim, quando refere-se a um pedido ao Pai ou quando ora, Jesus utiliza o termo erotao, que é mais usado para um pedido entre iguais. Na mesma passagem que nos manda pedir (aiteo) Jesus disse “eu rogarei ao Pai” (Jo 14:16), utilizando erotao. Numa outra passagem Jesus diz “naquele dia, pedireis (aiteo) em meu nome; e não vos digo que rogarei (erotao) ao Pai por vós” (Jo 16:26). Mesmo quando a tradução é pedir, o termo utilizado por Jesus é erotao, como em Jo 17:15. Então, se aiteo é determinar, temos que Jesus nunca determinava, enquanto que os discípulos deveriam fazer isso, o que só faz sentido na mente de Hagin e Soares.

Determinar e ordenar

Apesar de aiteo não significar determinar, ordenar ou exigir, estas são palavras que ocorrem na Bíblia. Mas não estão relacionadas ao recebimento de bênçãos de Deus através da oração. Uma das palavras utilizadas para traduzir determinar é keleuo, traduzida também por comandar, ordenar. Assim, Jesus “ordenou que passassem para a outra margem” (Mt 8:18) e Herodes “ordenou que lha desse [a cabeça de João Batista]“ (Mt 14:19). Quando José de Arimatéia pediu (aiteo) o corpo de Jesus, Pilatos “mandou que lho fosse entregue” (Mt 14:19). Em nenhuma ocasião keleuo é utilizado para que crentes tomassem posse da bênção. Outra palavra grega utilizada como determinar é prostasso. Das sete vezes em que ocorre, em nenhuma refere-se a crente usando de autoridade para receber bênçãos (Mt 1:24; 8:4; 21:6; Mc 1:44; Lc 5:14; At 10:33,48). Outra palavra às vezes traduzida determinar é paraggello, como usado em “Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem” (Lc 8:29). Esta mesma autoridade usou Paulo para expulsar demônios (At 16:18), mas isto está longe de ordenar anjos que nos tragam a bênção. Horizo também pode é traduzido como determinar, como por exemplo em Hb 4:7, porém em nenhuma de suas oito ocorrências refere-se a crentes determinando a bênção. Como essas, há outras palavras que transmitem a idéia de determinar, porém nãos e aplicam a crentes obtendo bênçãos de Deus.

A palavra normalmente traduzida como ordenar, mandar é epitasso. Jesus mandou que espíritos fossem para o abismo (Lc 8:31), Herodes mandou que trouxessem a caça de João Batista (Mc 6:27), o sumo sacerdote mandou que batessem na boca de Paulo (At 23:2) e o próprio Paulo reconehceu que poderia ordenar o que quisesse a Filemom, mas nenhuma dessas pessoas estavam determinando a bênção para suas vidas!

Conclusão

O autor de “Exija seus direitos” confessou não ser versado em grego. Eu também não sou. Porém, mesmo para quem falta erudição é patente a falta de sustentação bíblica para a idéia de que o crente não deve pedir, e sim determinar, exigir sua bênção. RR Soares semeia um ensino pernicioso à fé, e como veremos em outros artigos, essa não é apenas uma filosofia cristã inocente, pois chega ao ponto de tornar Deus obsoleto. Se eu pudesse determinar alguma coisa, determinaria que ele percebesse o erro a que está induzindo muitas pessoas, se retratasse e deixasse a Bíblia dizer o que diz.

Pr. Celmir Guilherme

terça-feira, 18 de maio de 2010

Evangelismo - A Estratégia da Sedução


“Persuadiste-me, ó SENHOR, e persuadido fiquei; mais forte foste do que eu, e prevaleceste...” (Jeremias 20:7).


Nesses dias não é fácil falar sobre evangelização, porque essa é uma palavra usada por muita gente e de diferentes maneiras. Há quem pense na evangelização apenas como expansão da igreja, crescimento da instituição e aumento explosivo do número de batismos e nomes na relação de membros.

Em geral quem entende evangelismo dessa forma, fica muito preocupado com os relatórios anuais, porque os avalia em termos mercantilistas, próprios à ideologia do sucesso que nos rodeia. Entendo que embora importantes, o aumento da membresia e o crescimento de uma igreja, são muito mais a conseqüência do evangelismo que propriamente sua natureza. Quem deseja medir a qualidade da fé com base nesses critérios, terminará contribuindo para o desenvolvimento da desagradável competição de estratégias missionárias entre igrejas e denominações, disputa bastante discutível do ponto de vista ético e teológico.

O texto bíblico contido no livro do profeta Jeremias nos indica um sublime caminho em direção à forma de evangelizar.

“Persuadiste-me, ó SENHOR, e persuadido fiquei; mais forte foste do que eu, e prevaleceste...”

Muitos de nós conhecemos a estória do Pequeno Príncipe, clássico infanto-juvenil de Saint-Exupéry. Em certo trecho do livro, o principezinho encanta-se com a beleza de uma raposinha e lhe diz: “venha aqui brincar comigo”. Mas a raposinha responde: “Eu não posso... não fui cativada ainda...”. O príncipe lhe pergunta o que significa cativar, e a raposa responde: “Cativar é criar laços. Você não é para mim nada mais do que um menino entre outra centena de meninos. E para você, eu sou apenas uma raposa, como outras tantas raposas. Mas se você me cativar, nós sentiremos falta um do outro. Você será para mim o único no mundo e eu seria para você a única no mundo”. Depois disso, dia após dia, o pequeno príncipe aproximava-se pouco a pouco da raposinha. Ambos se cativaram.

Cativar alguém é um ato elevado. E é assim que Jeremias descreve a ação de Deus. Ele o cativou, o seduziu. E ao agir assim, revelou-se não como um Deus preocupado com mais um, mas um Deus cuja marca central é a pessoalidade, o amor, a gratuidade, o encanto. Isso nos leva a compreender melhor o que significa a palavra evangelizar. Não é somente convencer alguém a respeito de certas doutrinas. Mais do que isso, é cativar as pessoas, compartilhar com elas nossa própria vida, tal como Cristo fez (e faz) conosco. Foi o que aconteceu entre o pequeno príncipe e a raposinha – ambos compartilharam seu tempo um com o outro.

Evangelização tem necessariamente que passar por essa via: aproximação gradativa e constante, tal como o principezinho aprendeu. E esse movimento não pode ser motivado apenas pela busca de resultados dos quais possamos nos orgulhar. O principal objetivo da aproximação é servir, compartilhar Cristo e contribuir para que a vida do nosso próximo seja mais livre, feliz, realizada e completa.

Quando nós cristãos aprendermos que a evangelização deve ser conduzida de modo diferente sem querermos tanto a qualquer preço que as pessoas aceitem nossa doutrina, quando passarmos a dedicar mais tempo a cativar as pessoas, então a fé cristã se tornará muito mais relevante.

Quando a evangelização começar a acontecer em outra perspectiva, com encanto e ternura, haverá mais abraços e a saudação de paz será realmente sinal de reconciliação entre Deus e entre nós, sinal de restauração de relações rompidas, sinal de graça nas ruas e praças. E nós temos urgência disso, principalmente em nosso mundo, tão marcado pela violência e perda de sensibilidade.

Espero que o texto de Jeremias nos ensine a compreender a evangelização numa nova perspectiva. A opção pelo abraço, o encanto, a poesia, o despertar da sensibilidade, do carinho e da acolhida. E que a graça de Deus me ajude a cativá-los...

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"; (Antoine de Saint-Exupery)


Extratos do livro "Entre o Púlpito e a Universidade"
Carlos Calvani

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Você é religioso ?


Outro dia alguém me perguntou: Você é religioso?

O que você responderia?

Penso no homem como um ser religioso desde os tempos mais remotos. Existiram desde os primórdios povos sem governo, sem lei, sem escola e sem economia, mas não sem religião. A religião, através de uma definição em suas origens, é algo que busca oferecer ao homem o caminho de volta para Deus e tenta estabelecer um relacionamento entre o ser humano e o Divino. Porém, esse próprio homem, através dos tempos, carregado de sua natureza de pecado, parece ter se perdido no caminho da busca dessa ânsia pelo sagrado. Assim, a religião ao invés de ser o elo entre o homem e Deus, acaba o afastando dessa meta. Pois o homem procura encontrar na religião algo que faça sentido somente para ele. Sob essa visão, a religião passa então a ser uma ilusão, com a finalidade de realizar os desejos do homem e não propriamente um encontro com Deus. Idéia que pode se resumir em uma frase de Rubem Alves: “Deus é o protesto e o poder dos oprimidos.”

Tentando trazer o assunto para o século XXI, ano de 2010, o que percebemos é essa confirmação da religião como algo que traz satisfação ao homem. Através de uma busca cada vez maior à “profetas, profetisas, bispos e bispas”, ao “evangelho de números e resultados”, ás “ fogueiras, campanhas e reuniões de prosperidade”, à busca de algo que agrade aos egos e seja aceito socialmente por todos. Uma religião baseada em um analfabetismo bíblico. A tendência pós-moderna parece-me ser essa mesmo, de fazer da religião, algo que busque não a Deus, mas ao desejo de ser suprido por Deus em suas necessidades pessoais.

Parece-me ser desse religioso que fala o profeta Isaías, e que Jesus confirma aos religiosos de seu tempo: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens”.

O que está na raiz dessa tendência é o antropocentrismo idolátrico. A preocupação do homem moderno é agradar a si mesmo, e não a Deus, se distanciando cada vez mais do sentido de religião que imaginamos como correta.

E então, será que somos religiosos?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Beleza Americana


“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem possa devorar”. (I Pedro 5.8)

Você já assistiu ao filme “Beleza Americana” ? É um filme profundo e forte, que explora temas tais como a importância imposta pelas sociedades modernas na aparência e no êxito econômico, e mostra como estes reduzem as relações interpessoais, deformando-as e, muitas vezes, gerando a necessidade de um escape, reduzindo a existência a um mero teatro apenas com a função de movimentar um sistema social e econômico medíocre onde de fato apenas poucos usufruem livremente da plena liberdade e soberania.

Cada personagem ali representa alguém infeliz com seu mundo, com sua vida. A vida que levam é envolvida pela mediocridade. Todos aparentam ser algo que na verdade não são. Todos são, no fundo, infelizes, frustrados, amargurados e tristes.
O filme nos faz pensar em como é fácil nos deixarmos levar por essa vida fútil, sendo arrastados para um mundo de convenções sociais, de papéis a cumprir. E a medida que nos deixamos envolver por essa rotina, vamos perdendo o brilho, a alegria e a felicidade.

Enfim, isto nos proporciona um bom momento para refletirmos sobre nossa vida. E isso exige de nós, uma dose muito grande de sinceridade em nossa auto-avaliação. Estamos vivendo uma existência realmente autêntica ou inautêntica? Estamos apenas cumprindo papéis sociais e nos esquecendo de ser felizes e de realizar nossos sonhos ?

O texto bíblico de I Pedro é bastante sugestivo para guiar nossa reflexão. Ele fala de um personagem bíblico cuja importância não pode ser menosprezada: O “diabo”.

Os símbolos e os diábolos.

“Diabo” vem do grego “diabolos”. Essa palavra na língua grega é formada pelo verbo “ballein” que significa “lançar”, “atirar”. Porém, aquilo que é lançado pode ser a favor ou contra alguém. Se é lançado contra alguém, na qualidade de obstáculo ou impecilho, o verbo é antecedido pela preposição “dia”. Portanto “dia-ballein” é “lançar contra”, “atrapalhar”, “obstruir”. Quando algo é lançado a favor, como uma corda para auxílio ou uma ponte para união de duas coisas separadas, o verbo é antecedido pela preposição “syn”. Desse modo, “symballein” é tudo aquilo que é lançado como auxílio. Vemos portanto, qual o significado da palavra “símbolo”. É a mesma raiz. Símbolo é tudo aquilo que nos auxilia na compreensão de nós mesmos e do mundo que nos cerca. “Diábolos” é tudo aquilo que nos atrapalha, que nos obstrui, que impede nosso crescimento e a compreensão de nós mesmos, da realidade à nossa volta e acima de nós. Portanto o oposto de “diabólico” é o simbólico. É por isso que como já escrevi antes aqui, ajudado pelo meu irmão Silvio e pelo poeta Fernando Pessoa, a palavra de Deus e a obra redentora de Jesus na cruz é melhor entendida através de símbolos e não de “diábolos”.

“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem possa devorar”. Em nossa vida somos continuamente assediados pelo diabólico, essa realidade perversa impregnada na sociedade e nos valores do mundo. Essa estrutura nos rodeia procurando nos devorar. E quando consegue, nossas vidas se tornam medíocres, fúteis, banais, comuns e falsas, como a vida dos personagens do filme “Beleza Americana”.

Como enfrentar os diábolos ?

Jesus os enfrentou na solidão do deserto. Acredito que o tempo em que vivemos é oportuno para revivermos espiritualmente essa experiência: deserto e solidão. Infelizmente não temos dado valor à solidão. Tornou-se comum com o passar dos tempos vermos a solidão (ou solitude), como algo negativo. Mas não deveria ser assim. Os desertos sempre foram lugares procurados por místicos e pessoas de espírito mais contemplativo. Ao deserto estão associadas idéias de recolhimento, contemplação, oração, meditação e interiorização.

Nosso desafio é que voltemos a exercitar esses momentos tão preciosos de solidão e introspecção. Isso faz muito bem. Quem valoriza esses momentos sabe do que estou falando. Quando estamos no interior de um templo religioso por exemplo: Uma igreja vazia e silenciosa motiva o recolhimento interior, ao contrário de um local barulhento, com muito ruído, sons, conversas e gritos. Conversando com uma pessoa dia desses na igreja, falávamos sobre as músicas “pop-evangélicas” tocada hoje dentro da liturgia do culto e de como as baterias, guitarras e demais equipamentos eletrônicos que potencializam o som desses instrumentos tornaram-se elementos principais e essenciais na “nova liturgia” moderna. Apesar de não ser tão velho, sou do tempo em que a música dentro da igreja conduzia mais à reflexão e interiorização da mensagem do evangelho do que ao êxtase e deslumbre do “louvor” moderno.

Você há de concordar comigo, que é muito melhor uma praia deserta no final da tarde, do que aquelas cheias de gente, vendedores gritando e lixo. Na primeira a inspiração é muito maior. Uma caminhada por uma trilha na natureza ou uma escalada, por exemplo, é infinitamente melhor que qualquer passeio em um Shopping Center.
Deserto, não é apenas um lugar geográfico. É um espaço espiritual que trabalhado pela graça de Deus pode produzir em nós muitos e surpreendentes frutos.
Porque evitamos os desertos e os momentos de solidão ?

Por medo e insegurança. É sempre melhor estar envolvido em constante ativismo porque isso evita que nos confrontemos com nossas feras, aquilo que Jung chamou “nossas sombras”, aquele lado oculto em nós que pouco conhecemos e que não gostamos em nós mesmos. Por isso as pessoas se cercam de diversões, de sons, barulhos, ruídos, uma roda de ativismo desenfreado porque não têm coragem de defrontar-se com o tentador, com a sombra que habita em nós, com o “diábolos”.

Falamos muito em vida comunitária, na necessidade de criar uma comunidade, e isso é salutar. Mas isso não pode nos afastar desses momentos de deserta solidão. Deserto é, por definição, um lugar solitário. Não há nenhum outro ser humano ali para nos ajudar. Ali no deserto estamos sozinhos com Deus e com o diabo. Ás vezes as únicas companhias que nos aparecem são as feras, as nossas próprias feras. E não são todos que gostam disso.

Ali no deserto não há pastor, padre ou psicólogo. Estamos sós. E necessitamos desses momentos a sós para crescer. Deserto é também lugar silencioso. E por ser assim, estamos mais sensíveis e vulneráveis aos ruídos interiores, às feras que rugem dentro de nós. Podemos conhecer melhor os sentimentos ruins que nos habitam, o lado sombrio de nossa natureza e personalidade. Não despreze esses momentos. Eles são valiosos.

Assim é o deserto. Lugar onde a solidão existencial é total. Lugar onde se diz: “Estou perdido”. Ali onde todos os gritos por socorro são inúteis, pois não há referenciais e ninguém por perto para escutar. Ali, onde estamos mais frágeis e vulneráveis. Ali, onde aprendemos a valorizar o que é essencial na vida. Ali onde em meio às provas nosso caráter e a personalidade se formam e se solidificam.
Jesus foi ao deserto, João Batista vivia no deserto, o povo de Israel passou pelo deserto antes de alcançar a terra prometida. O apóstolo Paulo após sua conversão esteve no deserto da Arábia preparando-se para sua missão. Portanto, não menospreze a necessidade, o valor e o significado do deserto em sua vida.

Conclusão:

As feras que nos rodeiam são astutas, sagazes e tremendamente persuasivas. É preciso muita força espiritual para resisti-las. E essa força vem do alto. É o poder transcendente de Deus. E esse poder nós descobrimos quando nos fortalecemos no único apoio que nos resta quando estamos no deserto. Ali não há mais ninguém a recorrer, exceto Deus mesmo.

Faça do seu deserto um período de experiência com Deus, um período de autoconhecimento, purificação, busca de equilíbrio e crescimento espiritual. Permaneça sóbrio e vigilante. Há forças destrutivas ao seu redor. Mas ao seu redor também está a força maior do Deus que não nos abandona.

José B. Silva Junior

C/ extratos do livro:
“Entre o Púlpito e a Universidade”
Carlos Calvani

sábado, 8 de maio de 2010

Pirataria de CD evangélico é pecado ?


Quando alguém ou alguma editora faz cópias da Bíblia, ela paga os direitos autorais para quem? Os CDs evangélicos não são mensagens da palavra de Deus cantadas?

Na antiga União Soviética, na época em que era proibido pregar o evangelho e as igrejas eram subterrâneas, tomávamos conhecimento que missionários levavam Bíblias escondidas embaixo de roupas. Um conhecido missionário da JMM confessou que já contrabandeou várias bíblias disfarçadas com a capa do alcorão para a Palestina . Eles estavam (ou estão) errados? Estavam em pecado ? Afinal, desobedeciam as leis do país, contrabandeavam Bíblias, mensagens de Deus.

Alguém que compra um CD pirata, ou tira uma cópia do CC de um amigo, ou mesmo que baixam da internet louvores cristãos, que falam de Jesus, da Palavra de Deus, está errando o alvo?

Para refletir :

Em outubro de 2007, o grupo de rock inglês Radiohead causou sensação ao distribuir seu último disco “In Rainbows” diretamente pela internet. Os fãs da banda puderam ainda escolher o valor que pagariam pelo download. A violinista britânica Tasmin Little anunciou que vai disponibilizar seu próximo álbum “Naked Violin” gratuitamente na internet. Sem falar do MOBY que colocou gratuitamente para download no myspace todas as musicas do seu novo CD antes mesmo dele chegar as lojas nos EUA. A banda independente Porto Cinco2, desenvolveram o projeto social “Real Valor”, utilizando o download de músicas na internet como fonte de arrecadação de fundos para a CUFA, Central Única das Favelas.

Estes são exemplos realmente interessantes que deveria ser o padrão de todo musico gospel. Geralmente os cantores não lucram com a venda de cd´s e sim com shows. Nosso querido Caetano Veloso declarou no início desta história de pirataria que ele não se importava muito com isso, porque ele ganhava dinheiro com shows e que a gravadora é que ganha com os CD´s, que os artistas não têm controle nenhum e comumente são ludibriados neste quesito, ele mesmo achava um absurdo um CD dele custar (na época) R$ 20,00 .Mas a mensagem que vemos estampada em cada novo CD gospel colocado no mercado é a mesma “pirataria de CD é crime e é pecado”*.

Será que é mesmo ?


Crime: é Todo o ato merecedor de repreensão ou castigo, que provoca a reação
organizada da sociedade. Ato que a lei declara punível, ou transgressão de um
preceito legal.

Pecado: é todo e qualquer ato de desobediência à vontade de
Deus. Origina-se do grego “hamartia” e significa errar o alvo

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