Atingidos pelos Reflexos...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

“Tirando as máscaras”


Alguém um dia, disse que todo ser humano carrega consigo uma máscara atrás da qual se esconde. Definiu-se através da história , por meio da própria psicologia que esse é um comportamento inerente ao homem. É o que se convencionou chamar de um tipo de “crise de identidade”, que de forma resumida explica que todos nós, temos muita dificuldade em sermos sinceros. Vivemos, hora ou outra, desempenhando algum tipo de papel.

E ao usar a palavra “sinceros” no parágrafo acima, lembrei-me de uma história interessante que explica a sua origem .

Sincera: do latim SIN= (sem) “CERA”= (cera). A história conta que na Europa medieval, as pessoas se divertiam nos bailes, onde era comum o uso de máscaras. Essas máscaras , que eram feitas de cera e levavam o mesmo nome – “CERA” - serviam para que seus donos, não exibissem sua verdadeira identidade, pois tanto as “damas”, como os “cavalheiros”, queriam se preservar perante a sociedade, já que esses bailes eram famosos por promoverem além da diversão, relacionamentos extra-conjugais.

Logo, uma pessoa “sem-cera”, era aquela que não precisava se esconder atrás de nada. Tinha o rosto limpo e suas intenções eram consideradas as melhores possíveis, fosse no baile, ou fora dele. Alguém “sem máscaras”, SINCERA.

Dentro de nossa condição de crentes em Deus e de como nos mostramos às pessoas, uma pessoa muito amiga, outro dia me disse uma frase que guardei e que até hoje me faz refletir: “A hipocrisia é as vezes um mal necessário a boa e tranqüila convivência cristã dos tempos pós-modernos.”.

Pensei na primeira vez que a li que como uma pergunta, talvez essa frase fosse aceita de uma melhor maneira, mas como afirmação... será verdade ? Será mesmo que dentro de nossas igrejas, é possível que pessoas estejam fazendo esse tipo de jogo, usando máscaras com a intenção de manterem sua imagem, reputação e poder? Se respondermos afirmativamente, sabemos a posição de nosso Mestre com relação ao assunto hipocrisia. Por outro lado, se negarmos, estamos ao mesmo tempo declarando que nossa convivência cristã em comunidade poderá ser boa e tranqüila no que depender de minhas atitudes, e que meu comportamento é via de regra o de uma pessoa sincera (sem cera).

Um texto que li dias atrás e que compartilho agora aqui, expõe o assunto de uma maneira interessante e nos faz refletir sobre nossas atitudes. De como buscar o equilíbrio para que nossas ações não fiquem tão distantes de nossas verdadeiras intenções. Seu título é:

Quando uma pessoa é ela mesma .

Escritor: Estou escrevendo um livrinho chamado “Por Que Tenho Medo de lhe Dizer Quem Sou?”.
Outra pessoa: Você quer uma resposta para isso?
Escritor: Essa é a finalidade do livrinho..., responder à pergunta.
Outra pessoa: Mas você quer a minha resposta?

Escritor: É claro que quero!

Outra pessoa: Tenho medo de lhe dizer quem sou porque, se eu lhe disser quem sou, você pode não gostar e isso é tudo o que tenho.

Quantas vezes eu mesmo pensei dessa maneira! Creio que esse diálogo reflete um pouco dos medos que nos aprisionam e das dúvidas que nos enfraquecem, impedindo-nos de caminhar para frente, em direção à maturidade emocional. E quem já não se sentiu compelido a esconder o que verdadeiramente é por medo de não ser aceito? Muitas vezes as dores, desilusões e machucados nos relacionamentos podem gerar defesas que idealizamos para nos proteger de uma vulnerabilidade ainda maior. Elas tendem a se tornar padrões de ação e reação diante da diversidade e “imprevisibilidade” de situações que nos aguardam todos os dias.

O problema é que esses padrões podem se tornar tão enganosos que desempenhar “papéis”, vestir “máscaras” e montar entroncados “jogos de relacionamento” como se fossem a expressão real do que somos por dentro, façam com que nos esqueçamos de quem na realidade somos verdadeiramente. Creio que um número significativo não deseja ser uma fraude ou viver uma mentira. Creio que um número significativo não quer ser uma pessoa falsa ou fingida. Mas os medos que experimentamos e os riscos envolvidos numa auto-comunicação* honesta parecem-nos tão intensos, que torna-se quase uma ação natural e automática o buscar refúgio em nossos papéis, máscaras e jogos de relacionamento. Mas, de novo, pode acontecer que, depois de um certo tempo, torne-se difícil distinguirmos o que realmente somos do que mostramos ser, num momento qualquer de nosso desenvolvimento como pessoa. Esse é um problema humano tão universal, que alguns autores têm chamado, com razão, de “a condição humana“.

Mas agir dessa maneira exige um tremendo esforço e se torna um fardo pesado que precisa ser aliviado! Alguns procuram alívio através dos vícios e fugas da realidade interior e dos diversos outros esquemas que utilizam para escapar desse fardo. Em vão…

Um trecho da Bíblia que tenho compartilhado com alguns amigos e procuro praticar é:

“Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo: Deus é a nossa salvação.” Salmos 68:19.

O gostoso de andar com Deus, compartilhar toda a vida com ele, é que ele sabe dessas minhas dificuldades e me ajuda a trazer à tona (restaurar) a verdadeira identidade! Ele ajuda nesse trabalho de alma que tenho que fazer para equilibrar minha postura em relação a mim mesmo e às pessoas. Ele é um verdadeiro AMIGO! Por isso, depois de pedir que Deus seja sua salvação e que lhe ajude a levar esse ou qualquer outro fardo, pode começar uma nova caminhada em paz e equilíbrio.

“Minha pessoa não é como um núcleo rígido dentro de mim ou uma pequena estátua permanente e fixa; pelo contrário, ser pessoa implica um processo dinâmico. Em outras palavras, se você me conheceu ontem, por favor, não pense que eu sou a mesma pessoa que você encontra hoje. Experimentei mais da vida, encontrei novos sentimentos naqueles a quem amo, aprendi mais com Deus, sofri, orei e estou diferente por dentro.

Por favor, não me atribua “valor médio”, fixo e irrevogável, porque estou sempre alerta, aproveitando as oportunidades do dia-a-dia. Aproxime-se de mim, então, com um senso de descoberta, pois é certo que mudei. Mas, mesmo que você reconheça isso, posso estar um pouco temeroso de lhe dizer quem sou.” J.Powell.

Que Deus, que é Salvação e leva o fardo, o ajude (que você se ajude!) e que nos ajude, também, a encontrar o equilíbrio e nossa identidade verdadeira nele.

* John Powell, “I Afraid to Love?” (Argus Communications, 1967) e “Porque Tenho Medo de Lhe Dizer Quem Sou?” (Editora Crescer 1998)

Fonte: http://www.vidanet.org.br/

2 comentários:

  1. Grande Júnior!

    O blog continua ótimo hein. Minto. Está ainda melhor do que quando o vi pela última vez! Vejo que suas reflexões estão ecoando muito além das "portas da igreja". Isso é bom. Ajuda tanto crentes quanto não crentes em seus viveres diários.

    Também já refleti muito sobre essa questão da máscara. Como sabe, pudemos conhecer algumas pessoas mascaradas no meio cristão. Mas hoje penso de forma diferente.

    Acho que a questão não é tanto de nos utilizarmos de máscaras para esconder quem realmente somos, por medo. Muitas vezes pode ser esse o caso, mas nem sempre. Assisti a um filme outro dia chamado "Crash - No Limite". O filme é muito bom, trata do racismo nas diversas formas nos EUA. Porém o que mais me marcou no filme, foi uma frase, na verdade uma pergunta que havia na capa, e que somente no final do filme eu consegui entender. A pergunta era a seguinte:

    "Será que você sabe quem realmente é?"

    Em uma cena do filme um policial dizia a seu parceiro "Você nem imagina quem é. Fique mais uns dois anos nesse trabalho e então você me compreenderá".

    Tenho refletido sobre isso, e realmente penso que o maior problema que enfrentamos está em saber quem realmente somos. Não são poucos os casos que conheço de pais de família que são eximios profissionais, grandes amigos, porém uma personificação da ignorância no tratamento com sua família! Eu mesmo me coloco em análise com relação a isso. Certas atitudes que tenho em minha casa sei que não teria com colegas de trabalho. E é nesse ponto que me pergunto: Quem sou eu? O de casa ou o do trabalho?

    Seria fácil responder que no trabalho utilizo uma máscara, porém sei que não é o caso. Lá também tomo as atitudes com o intuito de ser quem sou de verdade, mas algum fator existe nesse meio que faz com que situações iguais recebam reações diferentes de minha parte dependendo do meio em que estou.

    Então na verdade a grande questão que vejo é a de saber o que realmente é uma máscara. Até que ponto o "papel" que desempenhamos é uma máscara, ou apenas uma extensão de quem somos realmente mas nem mesmo nós sabemos.

    Gostaria de tirar minhas máscaras. Mas preciso primeiro reconhecer o que é máscara!

    Grande abraço, amigão!

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  2. Valu Anderson.. quando escrevi o texto minha intenção era a de que a reflexão caminhasse exatamente nesse sentido dos seus comentários... muito bem colocado. Assisti ao filme também... e faço a mesma análise que você...

    Como diz um parágrafo do texto... o caminho para amenizar a distância entre o que somos e quem queremos deixar parecer que somos talvez seja: "Deus... me ajuda nesse trabalho de alma que tenho que fazer para equilibrar minha postura em relação a mim mesmo e às pessoas." Ou seja...creio que ELE vai me ajudando dia a dia, a perceber minhas máscaras e me convence a usá-las cada vez menos... (não é um processo rápido e nem fácil...pelo menos pra mim)

    muito obrigado pelo comentário...

    e um grande abraço !

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