Estive lendo sobre um assunto que tem chamado minha atenção há algum tempo: O desenvolvimento da criança no contexto familiar. O tema, antes de ajudar-me na área de ensino no âmbito eclesiástico, acrescentou, e muito, à minha vida pessoal.
É fácil de perceber que de uma maneira geral, adotamos padrões de comportamentos familiares que não servem como modelo social e muito menos cristão no que se refere à educação de nossas crianças. Um dos graves problemas nesse contexto, é que a maioria das pessoas, não tem acesso (ou não querem ter), aos padrões de comportamento e estruturas familiares estudados pela psicologia como ideais. Penso caber aos psicólogos, pastores, professores, líderes religiosos, profissionais da área de assistência social e ensino, fazer com que esses padrões sejam ensinados, disseminados e adotados pela sociedade.
O psicólogo Urie Brofenbrenner faz a sua parte através de estudos e teorias apresentadas na área de desenvolvimento da criança. O estudo em questão consiste em analisar o sistema ecológico em que a criança se desenvolve, os vários ambientes (macros e microssistemas) , nos quais a criança está inserida e nos quais sofre influências, que são apresentados e estudados com o objetivo de avaliar a maneira correta pela qual a estrutura familiar pode contribuir da melhor forma ao desenvolvimento da criança.
Segundo Brofenbrenner, a grande parte do que conhecemos sobre as influências familiar e cultural sobre crianças é fragmentado, em vez de sistêmico. Sistematizar então as influências do sistema familiar sobre a criança se faz necessário à medida que esse processo proporciona aos educadores um atalho à descoberta de relacionamentos mais efetivos e saudáveis com a criança, fazendo com que esta se sinta apoiada e tenha a participação de suas relações significativas no que se refere ao estabelecimento e perpetuação de sentimentos positivos.
Outro elemento importante que indica para um satisfatório desenvolvimento da criança dentro do sistema familiar aborda o que podemos chamar de: “relativo carinho versus hostilidade do lar”. Ressalta-se como “muito importante” para a criança o carinho de seu progenitor. Sabe-se através de vários estudos na área de psicologia que crianças tornam-se amorosas e carinhosas quando tem um apego maior com famílias amorosas e carinhosas, elas tem também um QI mais elevado, e provavelmente não apresentarão comportamentos delinqüentes na adolescência. As crianças mais seguramente apegadas afetivamente são mais hábeis, mais exploradoras e mais seguras de si mesmas. A afeição e o carinho dos pais aumentam a força daquilo que eles dizem para a criança.
Ao acabar de escrever o parágrafo acima, questionei-me do porque disso não ser ensinado e exposto de forma massiva pela mídia a todos os casais que ainda vão ter filhos? Por que nossas igrejas não tem investido e ensinado continuamente e sistematicamente sobre essa questão? Chego a conclusão de que são tantos os benefícios que simples atos de afeição e carinho dentro da família produzem que não podemos privar dessa preciosa informação, responsáveis pela educação infantil.
Por outro lado também devemos considerar as conseqüências que atos de hostilidade e abuso trazem para a criança dentro do ambiente familiar e sobre o despreparo dos pais, em estabelecer regras e modelos consistentes na disciplina dos filhos. Pais altamente restritivos provavelmente terão filhos obedientes, pouco agressivos, porém, essas crianças provavelmente também serão tímidas, e podem ter dificuldade em estabelecer relacionamentos. É fato que a punição tem uma função na educação, estudiosos do assunto dizem que funciona sim, porém devemos saber aplicá-la adequadamente. É clara a idéia de que tanto o carinho e afeição, quanto a punição e disciplina tem seu papel na formação da criança, mas devem ser usadas de maneira adequada.
Só a título de comentário; interessante pensarmos e refletirmos sobre a questão do “bater ou não bater”. A opinião de alguns profissionais na área de educação e psicologia é clara em afirmar que NÃO é correto o uso de qualquer tipo de castigo físico á criança, seja uma pequena palmada ou um severo espancamento. Creio que seria interessante lançar a questão neste espaço para possíveis comentários... Você leitor desse texto, acredita que devemos ou não castigar a criança fisicamente? É bom lembrar que temos uma recomendação bíblica sobre o assunto (ou será que não?), do uso da vara para correção dos filhos.
A comunicação é outro assunto relevante tratado na leitura de Brofenbrenner. O que vemos no mundo pós-moderno e globalizado, de uma maneira geral são famílias que não tem se comunicado de maneira ajustada. A família tem criado núcleos individuais dentro dos lares, o que, de alguma maneira explica os desvios de comportamento dos dias atuais. Onde principalmente adolescentes dão mais importância aos grupos formados fora do lar, em detrimento à relação com a família.
A questão do comportamento dos pais é outro fator importante no desenvolvimento da criança. Pais que passam por processos de perda de emprego, crises de depressão, ou problemas similares, influenciam no modo de vida e comportamento dos filhos e da família, assim como o divórcio (que é apresentado em forma de estatística assustadora na sociedade moderna), provoca variações significativas no comportamento familiar.
Devemos estar então atentos como pais e líderes, a buscar entender e aplicar os princípios da psicologia abordados nesse texto e também aos princípios bíblicos de educação e desenvolvimento da criança, tratados e analisados em postagens anteriores.
Que Deus, nos ajude a cuidar do desenvolvimento saudável de nossas crianças...
"Ensina ao menino o caminho que deve seguir, e assim, mesmo quando for velho não se afastará dele." Provérbios 22:6
José B.Silva Junior
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