Atingidos pelos Reflexos...

sábado, 11 de outubro de 2008

Carta


Estou publicando hoje aqui, uma carta que recebi mês passado de meu professor de filosofia, Pita, comentando sobre um dos textos que publiquei aqui no blog (O Fato, Deus!), e que foi apresentado como trabalho em sua disciplina. Aproveito para agradecê-lo mais uma vez pelas palavras e pela contribuição que tem dado para essa nossa busca pelo saber.



Bom dia José Junior!

Leio quase todos os artigos que me enviam, e tenho percebido um grande crescimento nos conteúdos por você escrito, pensado e refletido, fruto desse existir do pensamento. A filosofia surgiu como um esforço de interiorização do conhecimento, uma ascece do espírito que, ao buscar a unidade do saber, buscava nela a sua própria unidade e,nesta a unidade de saber, ser e agir. Você tem demonstrado essas qualidades e o encorajo a continuar buscando esse crescimento filosófico. Saiba que em todo o período grego, a interrogação sobre a alma, o bem e a conduta na vida não era um domínio separado das investigações físicas e ontológicas, mas formava com elas, na pessoa do filosofo, a síntese de conhecimento e vida. As escolas de filosofia não eram apenas centros de ensino e investigação científicos, mas escolas de sabedoria e , até certo ponto, sociedade iniciáticas. Não procurava apenas transmitir a seus membros um certo conhecimento, mas educá-los numa certa maneira de viver que, para a consciência filosófica, era a maneira certa de viver.
O assombro, dizia Aristóteles, é a mãe do desejo de compreender. Não se referia é claro, ao assombro meramente emotivo, epidérmico, comum ao homem e ao animal, que encontra alivio rápido em gritos e trejeitos. Referia-se aquele assombro mais duradouro e profundo, especificamente humano, que em vez de se exteriorizar se interioriza e em vez alivio busca a verdade, mesmo sabendo que troca o fácil pelo difícil. Assim, precisamos ver o “mito da Caverna” como uma realidade para a nossa vida e ministério. Precisamos beber em outras fontes para conhecer o pano de fundo histórico em que o Saramago bebeu (ou percorreu), e assim, entender as idéias que moldaram seu pensamento ou mesmo, influenciou.
Nas décadas de 40 a60, eram comuns os debates sobre “Para que serve a literatura?”. Em geral respondia-se que servia para “criar um mundo melhor”, o que significava, descontados os eufemismos, estender sobre todo o planeta o domínio soviético. Hoje o tema esta fora de moda: sem discussões, dá-se por pressuposto que a literatura serve para o sustento dos que a praticam e que não seria licito esperar dela nada mais, exceto, naturalmente, o lucro dos que a comercializam. Assim, alguns escritores (entre eles, Saramago) vivem um certa ressaca ideológica, o descaramento autocomplacente com que, de outro lado, mostra que, nos dias que correm, as alegações ideológicas de parte a parte não passam em geral de um verniz destinado a encobrir uma mesma mentira fundamental. Crenças análogas vigoram para a musica, as artes plásticas, etc.
Foi assim que os antigos apóstolos da literatura revolucionária se transfiguraram em apologistas da literatura comercial. A literatura tornou-se “uma profissão como qualquer outra”- expressão que se aplica por igual, e com idêntica tranqüilidade, ao sacerdócio e á prostituição. Veja: se a comunidade dos ouvintes de Pixinguinha acumula maior poder dos que a dos amantes de Bach, Pixinguinha torna-se automaticamente superior a Bach. A estratégia de Saramago determina que os intelectuais procurem ocupar espaços nos meios de comunicação, no sistema educacional, de onde podem facilmente impor sua crenças mediante a repetição generalizada de frases feitas, que, acabam por se impor como se fosse um consenso natural e espontâneo. A medida mesma deixava de ser mera abstinência de juízos de valor para se tornar apologia do inferior e repressão explicita a toda pretensão de superioridade diante da qual toda a argumentação é um protesto da alma solitária que se volta, a um tempo, contra tudo que fala, age, adora, busca a Deus. Esta união de todas as forças contra a cultura superior é talvez o fenômeno mais significativo e mais alarmante da nossa época. Nesse novo quadro, as exigências mínimas de coerência, inteligibilidade, sinceridade e honradez cedem lugar aos arranjos oportunistas mais grosseiros e estapafúrdios, que se tornam não apenas crença publica, mas dogma “cientifico” dos intelectuais das massas. Assim, décadas e décadas de cultura anti-Deus, em filmes, livros, e novelas que celebram a maldade como estilo de vida (você já parou pra perceber que felicidade nas novelas não da ibope?) como referencia moral para a sociedade, induzindo-os a fortalecer suas defesas corporativas contra todos nós.

Parabéns, motivação e sucesso!!!!






Pita

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