Atingidos pelos Reflexos...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pós Modernidade


Ontem à noite cheguei em casa depois de ter saído da faculdade, passava um pouco das 23:00, havia saído de casa ás 07:30 da manhã, portanto, foi nessa hora pela primeira vez no dia que fui ver minha esposa e meus filhos.


Lembro que estava com fome, um pouco cansado, tinha alguns assuntos que tinha que conversar com minha esposa, mas antes disso já estava pensando em tomar um banho, comer alguma coisa, e descansar. Ah, pensava também em algumas atividades da faculdade que já estão atrasadas e também em preparar a aula da escola bíblica no domingo. O jornal da TV noticiava alguns assuntos do dia, não me lembro bem quais, lembro também de ver algumas correspondências em cima da mesa, entre elas algumas contas para pagar.


Estava no quarto ainda trocando de roupa quando meu filho Joás perguntou: “Pai, você viu a mesa nova ?” Era uma mesa que minha esposa havia ganho de uma de nossas vizinhas e que eu ainda não havia visto por não chegar até a cozinha. Respondi ao Joás que não havia visto ainda e na mesma hora, ele trouxe a capa de um DVD, um filme que ele havia assistido durante o dia. “Pai, você já assisitu esse filme ? É legal, tem que devolver amanhã, então tem que assistir agora”. Respondi pra ele que não poderia assistir aquela hora, o filme demoraria umas duas horas e eu estava cansado e teria que trabalhar no dia seguinte. Depois fui até a cozinha, ele estava do lado da mesa nova, eu com fome, já havia até me esquecido da mesa...Minha esposa olhou em minha direção e com um sinal no olhar disse que o Joás estava esperando que eu comentasse alguma coisa. Soltei um.. “Nossa, que legal..!” meio sem graça. Fiz meu prato de comida, jantei, e quando fui ver o Joás já estava dormindo. Minha esposa comentou que ele havia passado o dia inteiro esperando pra me mostrar o filme e a mesa.


Fiquei pensando no que nossas atividades, nossos compromissos, nosso estilo de vida, nossa sociedade pós-moderna tem feito conosco. Tudo isso me rouba um relacionamento ideal, uma aproximação maior, não só com meus filhos e minha família, mas com todos aqueles que me cercam. Alguém poderá dizer que é para uma boa causa, mas será mesmo ?


Como eram as sociedades antigas, quando ainda não existia a energia elétrica, as máquinas, os carros, os livros, a televisão ? Tento imaginar uma família vivendo sem todos esses nossos recursos. A aproximação devia ser maior, em qualquer lugar que se fosse, as caminhadas juntos eram inevitáveis, pois não existiam carros, e durante essas caminhadas o diálogo certamente era algo intenso. Á noite ninguém se preocupava em estudar em faculdades ou escolas, não existia energia elétrica muito menos televisão, imagino que as conversas entre pais, mães e filhos depois que anoitecia era um momento de prazer, de troca de experiências e de ensinamentos e aprendizagem. Certamente que não existia o consumismo desenfreado de hoje, as pessoas se contentavam com a economia de subsistência, o ser era muito mais importante do que o ter. A vida era mais simples, ninguém se preocupava com a alta do euro ou do dólar, ou com a queda da bolsa, ninguém se importava em trocar de celular ou de carro. Os valores eram outros. Para onde o avanço da ciência e o progresso da sociedade estão nos levando ? O que tudo isso tem trazido de bom ou de ruim para cada um de nós ?


Estamos aos poucos nos tornando pessoas insensíveis, isoladas, programadas, não conseguimos mais parar para ouvir as pessoas. Pais e mães estão abandonando, quando não matando, os filhos. Filhos estão preocupados em ter tudo que precisam para serem aceitos nos grupos de nossa sociedade pós-moderna. Amigos sinceros, vizinhos que se ajudam, parentes que se reúnem, igrejas unidas, é algo que tem se tornado raro em nossos dias.

Vou chegar em casa hoje e ver a mesa com o Joás, comentar sobre a cor dela, sobre o tamanho, de como ficou bem no lugar onde ela está, vou perguntar se ele não teria uma sugestão de um lugar melhor para ela. Amanhã sábado, vou alugar aquele filme que ele queria que eu assistisse, quero que ele assista junto comigo. Sei que isso não vai resolver o problema.

Precisamos fazer algo !

Um comentário:

  1. Junior. Uma das coisas que tem me angustiado nos últimos tempos é essa loucura desenfreada sob a qual vivemos. Assim como você não gosto disso, não aceito isso e, assim como você, queria mudar. Não sei se a sociedade como um todo está insatisfeita da mesma forma, mas nós podemos mudar, individualmente. Que Deus nos ajude!!!

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