Aula de Filosofia do Direito, ontem...
O professor fala
sobre a dialética de Kant. Expõe a teoria dos limites da razão e como didática
cita o conceito da Instrumentalização da liberdade. Para o filósofo o
importante não é praticar a verdade porque essa lhe foi ensinada, repetida e
imposta, mas interiorizá-la na consciência, de modo que não seja o medo da
punição a fazer com que se pratiquem as virtudes. Não importa apenas cumprir, mas querer cumprir, a prática da lei deve ter seu âmago na vontade interna do sujeito.
Para
exemplificar usou a religião. O discurso da punição pelo pecado, do medo de um
inferno usado como instrumentos de manutenção das estruturas dos poderes
instituídos. Instrumentos que habitam os espaços já organizados e disciplinados
da vida eclesial...
E eu reflito a
partir disso de como há mesmo na religião a tal da instrumentalização da
liberdade (excetuando-se a parte que disso se pode aproveitar). Sem consciência
crítica, autonomia e liberdade, as pessoas vão só obedecendo, ficando tristes, pensando todos
os dias os mesmos pensamentos, fazendo todos os dias as mesmas coisas, orando
as mesmas orações espontâneas formadas com a colagem de frases feitas e
estereotipadas, sem coragem para contar as coisas que acontecem no fundo da sua
alma, com medo que isso perturbe a simetria da rotina das estruturas…
Pensando no
Direito, é necessária muita coragem para protestar, contrapor, - como sugere o pensamento de Kant - a voz da consciência individual à voz das autoridades
constituídas. Fazendo isto, se declara que, se existe um referencial sagrado
para o comportamento, se existe um lugar de verdade para o pensamento, tais
lugares não se confundem com os lugares do poder, não importa que o poder tenha
sido legitimamente constituído. O segredo e a verdade não habitam as
instituições (já diria Paulo), mas invadem o nosso mundo através da consciência. O que dá ao indivíduo permissão para pensar com ousadia pensamentos
mais avançados. Porque a instrumentalização da liberdade faz com que se reprima o
pensamento, e reprimindo-se o pensamento reprime-se a consciência e assim
coloca-se a autoridade estabelecida mais alta que a liberdade do indivíduo.
Para Kant, a
coerção não seria um sistema legal, mas um sistema moral, visto que para ele
Direito e autorização para utilização da coerção significam a mesma coisa. Kant
trabalha a ideia do uso correto e justo da coerção de forma a impedir o uso
injusto da liberdade.
Mas é assim
que funcionam as coisas. Enquanto o mundo e a sociedade forem o que são a
coerção e a instrumentalização da liberdade serão necessárias para garantir a
aplicação e a eficácia das normas jurídicas.
Kant era
chato...
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