“Junior,
pelo que leio em suas postagens, você não gosta de religião...”
Entendo que passe essa mensagem. Porque da parte boa (que é exceção)
quase não falo aqui. Os bons leitores hão de me entender. É uma abordagem
crítica que faço. Há quem prefira só as rosas... Antes de chegar nelas me
atenho aos espinhos. E quantos espinhos a machucar-nos as mãos...
Com raríssimas exceções, a religião ao longo da história,
concretamente falando, não apenas apoiou, mas ainda legitimou a escravidão, a
submissão das mulheres, o extermínio dos povos colonizados, e, hoje, o
vilipêndio de cidadãos da República, pelo fato de serem homossexuais [o
conceito de Humanidade vai sempre enfiado goela abaixo da religião pela
modernidade laica]. É de suma relevância que os aspectos de insuficiência
concreta da implantação dessa plataforma moderna sejam tratados como desvios do
padrão, erros, crimes, insuficiências. Isso, em si, é importante. Ainda que o
que se pratique em nome disso seja chamado de religião.
A Religião deveria, se formos usar nossas consciências para
fazer uma reflexão séria, converter-se à
modernidade e ao humanismo. Deveria assumir, como ponto de partida a autonomia
epistemológica, política e religiosa por parte do homem e da mulher dentro de
parâmetros Laicos para o Estado Democrático de Direito. E isso nos níveis
filosóficos, sociais e políticos. É isso mesmo... A Religião deveria se
converter. Por que a religião, essa que está aí, não constitui um fenômeno em
harmonia com esses valores não. Há
exceções? 5, 3, 1%?
Alguém dirá que a modernidade tem seus pecados. Claro, e graves,
gravíssimos. Não estou discutindo isso. Trata-se, apenas, de reconhecer que um
ser religioso, enquanto ser religioso, sequer competência ética tem, (pois aqui
mesmo outro dia quando denunciava um corrupto evangélico, fui admoestado pelo
religioso de que deveria me calar e que o julgamento dele pertence a Deus) - e
isso não sou eu a dizer. Uma dissertação de mestrado, defendida e aprovada na
Escola Nacional de Saúde, na Fiocruz, no Rio de Janeiro, argumenta
que a heteronomia do sujeito religioso não permite a ele expressar-se
eticamente, uma vez que se encontra subjugado por terceiro representado na
forma de valor e dogmas heterônomos. Estudiosos falam disso em termos de
"possessão" por parte das ideias.
Não sei se minhas ideias são simplistas. Pelo contrário, talvez:
considerar como natural a presença da religião, totalmente não-democrática, até
anti-democrática, e mais, considerar como messiânica a sua expressão, uma
espécie de revelação à modernidade, como por exemplo pela Revolução Islâmica,
isso sim, me parece simplista, uma espécie de condescendência a um sistema
heterônomo no coração da democracia, onde dependemos da sanidade política dos
cidadãos, como se isso representasse respeito aos cidadãos vinculados a esse
sistema.
Tem como “gostar” dessa religião?
Extratos de peroratio.blogspot.com - Osvaldo Luiz Ribeiro (Pela educação da Religião).
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