Atingidos pelos Reflexos...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Das vantagens e desvantagens de não ser um religioso...





Pra falar do assunto, penso que eu tenho uma vantagem em relação ao religioso. Antes de tornar-me um questionador, curioso, leitor e estudante sobre assuntos da Teologia e religião,  alguém que olha a religião "desde fora", vivi-a por dentro, como um conservador fundamentalista. Tive meus pelo menos quinze anos de "fundamentalismo" - de corte batista, ainda por cima... Sei como a cabeça de um religioso funciona, e sei como a cabeça de um doutrinário-dogmático funciona: tive minha fase ... Acreditem: se estamos falando das experiências evangélicas tradicionais brasileiras. Entreguei minha consciência a elas, durante quinze anos - pelo menos...





Os religiosos que me conhecem e me ouvem ou leem devem lembrar que eu carrego dentro de mim as duas experiências - sei exatamente como funciona a cabeça do religioso (acreditem, sei!), e sei também, pela instrução de professores que tive no curso de Teologia como "deve" funcionar a do pesquisador, que é o que tenho perseguido por natural expressão de minha interioridade.




Quando eu digo que rito religioso nenhum é capaz de ajudar você a aproximar-se da realidade para "saber" como ela é, é porque estou dizendo que a função dele é dizer a você - sem checar - o que isso diz que o real é. A religião e os ritos evangélicos são o modo evangélico de ver o mundo. Ele é diferente do islâmico, que é o modo do Islã ver o mundo... Quando falamos de realidade, não pode ser de religião que falamos...
Para aproximar-se do real, você deve, antes de mais nada, admitir que tudo que você acha que sabe sobre ele pode estar errado. Você só saberá depois de pôr seu pensamento em cheque e ir para o mundo, testá-lo, seja empiricamente, seja racionalmente, submetendo-o aos mais severos regimes de confrontação. Mas fazer isso, para a fé, é, já, pecar, apostatar. Mentem para você, dizendo que a dúvida é o fim da fé, logo da verdade, quando ela é a condição para o início da caminhada. A dúvida é o fim do dogma, isso sim... Da verdade ela é é a condição.
Um religioso, meus amigos, um cristão, e, lamento dizer, um evangélico - enquanto evangélico e na condição de evangélico, sujeitando-se ao regime evangélico e de pé sobre o princípio evangélico da verdade dogmática, ensinada em catequese sem possibilidade de dúvida, simplesmente está proibido por sua própria consciência, por força da educação que recebe e do tipo de fé que tem, de assumir a possibilidade de estar errado. Ele sempre está certo - até de noite, quando põe a cabeça sobre o travesseiro, ou quando olha no espelho e, principalmente, quando lê a Bíblia por meio da doutrina, confirmação fundamental e subjetiva de seu estado de verdade...
Para esse não há a mínima possibilidade de que a doutrina que segue não seja a verdade...
Religião pode dar conforto, como remédios alopáticos dão - é a melhor função dela. Mas "verdade" é algo absolutamente pernicioso para a religião - é como o sal sobre a lesma, como o Sol sobre o orvalho.
E, nesse sentido (eu disse.., nesse sentido), se você quer ir para o céu, religião, se quer saber o que o mundo é, ciência...
Das leituras em:
peroratio.blogspot.com - Osvaldo Luiz Ribeiro

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