Atingidos pelos Reflexos...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Evangelho Moderno

Há quem se sinta ofendido vendo críticas que faço ao modelo pastoral que grassa no meio evangélico atual .

É engraçado. Os que se ofendem, sabem que o que se faz é uma afronta à nossa inteligência, aos princípios éticos e morais. Sabem. Os que me leem sabem que aceitar depósito em conta no valor de R$ 100.000,00 ou R$ 1.000.000,00 sem querer saber de onde esse dinheiro vem não é prática que evidencie modelo pastoral. Sabem que vender bíblia a R$ 900,00, um lenço a 200,00, TV a cabo, CDs ,livros, em não sei quantas vezes no boleto ou cartão de crédito não deveria ser coisa de igreja. Sabem que usar dinheiro de dízimos e ofertas que não são tributados pra comprar grade horária na 2ª maior emissora de TV do país acima do valor de mercado não deveria ser negócio de “Homens de Deus”. Mas, mesmo sabendo dizem: “Júnior, se estão fazendo errado, só cabe a Deus julgar.” De certa forma entendo... é o sistema defendendo o sistema, a roda tem que continuar a girar...
Identificar os falsos pastores que estão aí no mercado é fácil. Difícil é imaginar-se que tipo de religioso é preciso para, desde dentro do sistema, explodir inteiramente com eles, dando à luz a um modelo completamente diferente... Não fazem. Pior, fazem o que podem para calar quem pensa com coerência...

 Um dos últimos que tentou e de que ouvi falar foi assassinado.

 Chamavam-no de Jesus.

E não se enganem: os modelos dos quais falamos aqui não tem nada a ver com o modelo dele - seja lá qual imagem dele tomarmos nos Evangelhos. O Cristo da tradição pascal, seus modelos de tratar Deus como "paizinho", de trancar-se no quarto - e não no Templo ou na sinagoga - para falar com ele, de romper com o sábado e pôr-se acima dele... Não, não mesmo. 

 Logo, estamos numa situação bastante difícil.

 Não sei se é possível reformar o sistema...

 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Sobre nossas doenças e curas...

Já  disse uma vez aqui... É um sonho: Pudesse, iria para o meio do mato, ou pra uma praia tranquila, viver sossegado, longe do stress, da ansiedade do cotidiano que essa vida louca nos impõe. Mas lá no meio do mato e na areia da praia, não tem folha de pagamento pra fechar, conciliações pra fazer, imposto pra ser calculado, internet pra enviar as obrigações que o governo cobra das empresas. E se lá não tem nada disso, também não tem salário na conta no fim do mês... Por isso continuo por aqui... 
Nilce (que já me disse – e quero acreditar -  se pudesse iria comigo) me ajuda aqui a aliviar o cansaço e evitar o esgotamento físico e mental. É, junto com meus filhos, a principal razão que faz com que me mantenha em pé, e siga em frente...
Nilce é uma dádiva (quem a conhece, de gastar algumas horas de conversa com ela, sabe disso), que se dá a si mesma, anulando-se muitas vezes (conversamos sobre isso ainda ontem; é um defeito...: - Invalida-se inteira pelos que ama, ainda que isso lhe roube a saúde). E quem poderia dá-la a alguém senão ela mesma, até quando o quisesse?  Decidiu-se um dia, a dar-se a mim, o que faz de mim um homem de sorte. De sorte, que a cura de minhas neuras, da solidão, das angústias que me afligem, é a fusão com ela... Ela... Nilce. Porque nos teus braços, não há (mais) eu, apenas, por um instante, uma luz... a dar sentido. Sim,.. É a minha religião, meu mito, minha doutrina, meu amor, meu porto de sentido, meu céu... Sinto muito por não conseguir correspondê-la quase nada à altura, não sou nada bom em traduzir meus poucos bons sentimentos em gestos, e talvez essa dificuldade minha seja um desajuste social... Mas isso, esse, sou eu. Há algo de muito ruim nesse eu, mas é isso que faz de mim, "eu", para o bem e para o mal. É assim que é... e enquanto Nilce me aceitar assim... vou ficando...
Hoje faz 24 anos que casamos.  Dormindo com essa mulher há 8.760 noites, vivendo com ela já há mais de 10.000 dias, acho que estou começando a apreender seus movimentos, seu jeito, sua identidade. Talvez eu esteja começando a respirar o ar que ela respira... Pensando as palavras que talvez ela pense... Não sei se ela me aguentará ainda por muito mais tempo, mas enquanto esse amor durar,  será o remédio a me curar, a me manter vivo...
Obrigado Nilce, te amo! – 19/12/2016.

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