Atingidos pelos Reflexos...

sábado, 28 de março de 2009

Política pastoral

Na última vez que postei aqui sobre o assunto "política", algumas pessoas vieram me procurar para dar sua opinião sobre o assunto. Percebi que o texto rendeu muitos comentários e como minha intenção sempre é a de provocar uma reflexão que indique o ponto de vista teológico sobre o tema abordado, entendi que alcancei meu objetivo, que é o de pensar e fazer pensar... Ontem, lendo "O Jornal Batista", encontrei o artigo abaixo (por sinal muito bem escrito), que também deve fazer mais cabeças pensarem....

Os antropólogos, sociólogos e estudiosos do comportamento humano dizem que o humano é um ser político. O humano é, ao mesmo tempo, muito mais do que isto. Ele é muito complexo. Os cientistas que lidam com a genética - conforme li - afirmam que se colocarmos em linha reta o DNA contido em cada célula de nosso corpo, de ponta a ponta o mesmo alcançaria 5 milhões de quilômetros de extensão. Esta seria a soma de informações sobre este ser humano. Desta forma, quem criticaria o apóstolo Paulo quando afirmou “quem me julga é o Senhor“ (1 Coríntios 4.4)? Alguém o julgaria?

O pastor é um ser humano. Se o humano é um ser político, o pastor também tem sua forma de fazer política. Bem, perguntaremos: Qual a melhor política que um pastor pode realizar? Tenho observado alguns pastores. Há os que atuam de forma dramática. Por outro lado, outros são sisudos e autoritários. Além disso, existem os frios. Há também os altamente emotivos. Também merecem menção os que usam as ovelhas para obterem o apoio do rebanho. E assim por diante. É bom lembrar que há aqueles que gostam sempre de estar em evidência denominacional. Para atingir esta meta precisam sempre ocupar algum cargo.

Já que citamos alguns tipos de atuação pastoral vamos a um dos mais conhecidos pastores da nossa denominação. Este pastor teve uma atitude política singular. Durante três anos e meio o tesoureiro de sua igreja roubava dinheiro da tesouraria. O pastor guardou silêncio o tempo todo. Caso fosse pastor em nossos dias o tesoureiro seria, primeiro, demitido e depois excluído.

Outra atitude política singular foi tomada na escolha da liderança de sua igreja. Ele mesmo realizou este processo, não foi a assembléia da igreja que o desenvolveu. O pastor não se importou com as críticas que poderia receber. Duvido que um pastor nos dias de hoje, caso tivesse a oportunidade que ele teve, escolheria líderes tão problemáticos. Não havia nenhum que fosse de personalidade igual a do outro. Porém, a união e consenso que ele conseguiu foi um verdadeiro milagre. Jamais houve na face da terra um pastor que promovesse tanto os seus liderados como este pastor. Todos, com exceção de um, tornaram-se líderes reconhecidos no mundo todo e ao longo de toda a história. Que coragem teve este pastor!
Outra tática adotada por este pastor era a de nunca se defender. De certa feita, logo no início de meu ministério, imitei este pastor. Ao ser desafiado a colocar meu cargo em votação, embora tivesse apenas um ano de pastorado (e era meu primeiro ministério), coloquei o mesmo em votação. Iria me ausentar da igreja por alguns dias e o vice-moderador dirigiria a assembleia. Todos que tivessem alguma acusação contra mim poderiam expô-la, mas, de preferência, ninguém deveria me defender. Dos 230 membros, 200 compareceram. A última palavra antes da votação foi a de um adolescente de 13 anos. Ele afirmou o seguinte: “Não sei o que farei de minha fé se o meu pastor sofrer esta injustiça”. Ele foi o único a desobedecer a orientação que dei. Tive 196 votos a favor e apenas 4 contrários. Daquele dia em diante aprendi que o meu modelo de política pastoral deveria ser Jesus.

Qual foi a política pastoral de Jesus? A sua política foi a de não fazer política. Ele falava a verdade. Era totalmente transparente. Amava a todos e ponto final. Entretanto, o preço que ele pagou para realizar esta política foi tremendo. Ele pagou com a vida este tipo de política. Entretanto, vejam, com a sua morte ele deixou fabulosa herança para suas ovelhas. Uma herança tão fabulosa que a chamaram de Novo Testamento. Ele lhes deixou o céu. Ele veio para dividir conosco sua riquíssima herança e foi por isto que ele morreu. Apenas ele poderia crer que tal política daria certo. Bendito sejas tu meu modelo de política pastoral. Que eu jamais deixe de crer que esta é a política que deixas-te para eu praticar. Amém.

MANOEL DE JESUS THÉ
Pastor, colaborador de OJB

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