Atingidos pelos Reflexos...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Volta ás aulas...

As aulas mal começaram e nosso professor de hermenêutica já pediu que entregássemos o 1º trabalho do semestre. Esse foi entregue na aula de hoje 18/02/2009... É sobre o evangelho...
O que é o Evangelho ?
“O evangelho é algo totalmente além do intelecto do homem e pode ser recebido somente através da poderosa operação doEspírito de Deus.”

Segundo princípios hermenêuticos devemos considerar a afirmação acima, como uma indicação de que só poderemos explicar o verdadeiro significado do evangelho através de uma direção sobrenatural. Isto posto, entendemos que essa ação sobrenatural dá-se através da operação do Espírito Santo de Deus, tanto quando da inspiração daqueles que redigiram o texto sagrado, como também na iluminação daquele que buscam esse entendimento.

E em busca da resposta para a pergunta - O que é o Evangelho ? – Podemos através da etimologia, entender a palavra “evangelho” como originária de outras duas palavras gregas “eu”, que quer dizer “bom”, e de “angelia”, que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra “euangelion” quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras”. Mas não queremos aqui nos ater ao significado etimológico da palavra nem apresentar suas raízes semânticas. Decidimos aqui, entender o evangelho a partir de sua aplicação prática, e para isso, seguiremos o caminho sugerido pela Hermenêutica bíblica que nos indica uma regra áurea de interpretação, chamada por Orígenes de “Analogia da fé”, na qual o texto bíblico deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados, ou seja, poderemos entender o evangelho, seguindo a diretriz de que a bíblia interpreta a própria bíblia.

Sendo assim, recorreremos primeiro ao apóstolo Paulo que em sua carta aos Romanos, sugere-nos uma interpretação teológica para a compreensão do evangelho:

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê , primeiro do judeu e também do grego, Por que nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé...” (grifo meu).

Nessa perspectiva, Paulo entusiasmado, faz uma doutrina (ou tese) que atribui ao evangelho uma manifestação do poder de Deus para salvação do homem e também o caminho pelo qual compreendemos o exercício da justiça de Deus sobre a humanidade.

Em outra ocasião, o mesmo apóstolo reforça a idéia de autoria e autenticidade do verdadeiro evangelho. Escrevendo aos crentes da Galácia, Paulo afirma que o evangelho que ele tem pregado, deve ser considerado como o único digno de crédito.

"Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gl 1:8).

Em sua carta aos Coríntios, O apóstolo Paulo vai dizer também que o evangelho salva, mas é preciso permanecer nele (1 Co 15.1,2). É outra importante característica doutrinária do evangelho, que nos faz entender sobre o poder que ele tem de salvar.

Marcos, no início de seus escritos apresenta a seguinte afirmação: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”, deixando clara sua intenção de explicar o evangelho como algo Divino. O evangelho tem um dono, e seu dono é Jesus Cristo , o filho de Deus ! É o evangelho DE Jesus.


Já Mateus, usa a palavra “evangelho” como ferramenta para indicar o cumprimento de uma profecia: “E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho à todas as nações,então virá o fim...” Mateus 24:14.

Enfim, encontramos o evangelho no Novo Testamento como manifestação clara do poder de Deus, que dá ao homem condições de discernir sobre sua condição , e o leva a entender sobre a necessidade de buscar a perfeita justiça Divina. E essa definição do evangelho apesar de bem sintetizada pelo espaço de que dispomos aqui, leva-nos a entendê-lo como chave à interpretação de toda a escritura.

Como o evangelho influencia nossa interpretação do AT.

Na septuaginta , o vocábulo usado para evangelho também indica a idéia de boas novas, e quando nos deparamos com ele nas páginas do Antigo Testamento , os termos proféticos indicam o mesmo sentido que encontramos no Novo Testamento:

“Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação...” Isaias 52.7.

Em Romanos 10:15, vemos a citação do mesmo texto, e o cumprimento da profecia de Isaias. O anúncio do evangelho que proclama a paz e a salvação... “E como pregarão, se não forem enviados? assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!”


O mesmo livro de Romanos em seu primeiro capítulo diz que Deus prometeu o messias “pelos seus profetas nas Santas Escrituras”, assim o Messias foi sendo revelado de maneira sutil e progressiva. Cada profeta apresentou um perfil do Salvador, até que a revelação da boa nova (evangelho) se consumou na sua vinda.

No antigo testamento há inúmeras profecias sobre a vinda do messias e citações diretas e indiretas ao Messias, e destas, cerca de 20 , apontam Jesus como o filho e sucessor do rei Davi. Mateus inicia o seu evangelho associando o Messias aos dois maiores pilares do Antigo Testamento: Abraão e Davi (Mt 1.1).
No Antigo Testamento há também vários modelos do Messias, e desta forma os sacerdotes e os profetas vieram a entender algo sobre Sua Natureza. Porém , um deles será aqui destacado com mais ênfase, na tentativa de explicarmos a influência do evangelho como entendimento do Antigo Testamento.
Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1.17).
Podemos entender que o verdadeiro Jesus salta das páginas do Antigo Testamento através de vários modelos do Messias com poder e autoridade. Mas Moisés não somente interpretou vários desses modelos de messias em eventos como a rocha ferida (Exo 17 e Num 20) e a serpente de bronze (Num 21.4-9 e João 3.14), ele na verdade era um modelo. Além dos paralelos entre o início da dispensação da Lei e da dispensação da Graça, a maneira similar da vinda desses dois líderes ao mundo é também surpreendente.

Assim como Moisés passou 40 anos no deserto de Mídia, Jesus passou 40 dias no deserto da Judéia. Como Moisés guiou seu povo para fora das amarras do Egito para entrar em uma nova vida na Terra Prometida, Jesus guiará Seu povo para fora das amarras do pecado para entrar em uma nova vida no Céu. Como o povo de Moisés foi protegido em Gósen enquanto as pragas do Êxodo destruíam o Egito, o povo de Jesus será protegido no Céu enquanto as pragas do Apocalipse destroem a terra.

Como Moisés foi um mediador por seu povo, trazendo-os a uma relação de concerto com Deus, Jesus é o mediador do Seu povo trazendo-o a um novo e melhor concerto. Como o povo de Moisés vagou pelo deserto por 40 anos, o povo de Jesus tem vagado na terra por 40 jubileus (um jubileu é um período de 50 anos). Como o povo de Moisés foi sobrenaturalmente alimentado e vestido fisicamente durante sua jornada no deserto (Deu 29.5 e Exo 16), o povo de Jesus tem sido sobrenaturalmente alimentado e vestido espiritualmente durante sua jornada na terra (João 6.35 e Isa 16).

Isto posto, podemos concluir que: Os estudantes do Antigo Testamento que ignoram o Novo Testamento normalmente aparecem com um ponto de vista dos profetas veterotestamentários (modelos messiânicos), suficiente apenas para tratar dos problemas que dizem respeito ao antigo povo de Israel, esquecendo-se da relação clara e intrínseca que há entre o evangelho do Novo e do Antigo Testamento .

E quando podemos entender e interpretar o que realmente Deus quer nos revelar através de toda a bíblia com relação ao evangelho (ou a qualquer outro assunto), estamos no mínimo, nos esforçando, para empregar os princípios hermenêuticos tão necessários à uma coerente interpretação das escrituras.

José B. Silva Junior

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