Acabo de ler uma poesia de Osvaldo Luiz Ribeiro que fala da vida... Vida
digna de ser vivida... Porém doída, sofrida. Porque podemos, hora ou outra,
aqui e ali, dizer que a vida é bela, que temos felicidades; mas não podemos
negar a realidade de que a vida é dura... Dura como ela é, sempre foi e será. Fazer
o fogo queimar, a chama arder... Trazer luz aos compartimentos sombrios da
existência faz com que a vela se derreta, se deforme, se seque... Para um dia
então, a chama acabar. Se assim não for, inútil é, a vela ser quem é...
“Cera e pavio. Posso morrer cera e pavio. Enterram-me, cera e pavio.
Cera velha, pavio endurecido. Imprestável na vida. Imprestável na morte. Vela
apagada, pra quê? Promessa na gaveta. Vela enterrada, pra quê? Desprezo de
vermes. Ou posso acender-me. Queima. Dói. Gasta-me. Mata-me. Mas nascer não é
outra forma de morrer? Viver, morrendo? A vida, afinal, não é a fornalha da
morte, cujo vestígio é a luz, se houver luz, se deixar vestígio? Queimo, pois.
E a luz que queimo ilumina-me os olhos. Lágrimas quentes, pingando sobre meu
caminho.”
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