Atingidos pelos Reflexos...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Se isso é ser Cristão...

Conversa de segunda-feira de manhã, meu colega de trabalho diz bom dia e pergunta (pra me provocar): Foi na igreja ontem? Ele me conhece, conhece a minha historia, e faz a pergunta só pra me ver dar aquela risadinha irônica... e só a risadinha já responde a pergunta dele... O que  ele esperava mesmo é ouvir de mim (além da risadinha), alguma crítica em relação ao assunto. Talvez porque lá na “igreja” aonde ele vai, ninguém fale, sobre o que ele gosta de falar comigo... 


Já tivemos essas conversas muitas vezes e ele sabe que meu objetivo é a crítica transformadora. Não é a crítica destrutiva. Interessa-me saber o que o sujeito pensa, no que ele acredita, em que ele se engaja, a que ele se dedica.


Mas... como disse um pastor pra mim dias atrás: “é cômodo ficar olhando a distância e tirando conclusões, apenas criticando de forma inconsequente”... O meio não suporta críticas. Uma vez que você saiu do “templo”... Você está longe ... Sabe aquela história do pedreiro que constrói um muro torto? Se você não é pedreiro, como pode falar mal do serviço? É mais ou menos por aí... Viva com o muro torto e não diga nada...


Mas são apenas palavras, que eu mesmo não pegarei em armas contra os poderes eclesiásticos...


O que significa, hoje, dizer que se é cristão? Há tantos modelos!, e modelos antagônicos!. E, no entanto, todos eles se dizem cristãos. Assim, "cristão" virou um rótulo de grife, com pouquíssimo conteúdo histórico. De modo que a questão me parece irrelevante. Os meus valores são, em certo sentido, protestantes, no sentido teórico-filosófico da corrente. Teologicamente, não: porque o Protestantismo é "clássico", e minha teologia não acompanha mais a estrada clássica, das doutrinas reveladas.Se isso é poder ser chamado de cristão, sou.

Se ser cristão é estar, dia sim e dia também, em templos, sentado, de pé, calado, pulando, ouvindo sermões que, muitas vezes, não têm nenhuma fundamentação nem em Bíblia nem em Tradição alguma, a mistura de mau gosto entre Faustão, Pânico na TV e Jô Soares; se ser cristão é repetir, sob a batuta de um sacerdote disfarçado ou ordenado, mantras, mitos e modas; se ser cristão é condenar todos os outros religiosos; se ser cristão é ficar a olhar para cima, é ficar repetindo jargões planejados, se é entrar no grupo de louvor à Teló; se ser cristão é querer impor a todos os outros minha moral, minha tradição e as verdades de "meu Deus" - bem, game over.



Mas quem disse que isso é ser cristão? Eles? Ah... entendi....



Certamente que encontrarei em mim, ainda, muito da tradição cristã. Não a negarei, jamais. Mas, ao contrário de muitos de meus amigos, meu discurso não é de didática positiva, de escrever sobre as coisas boas do Cristianismo, com o intuito de que se deixem de fazer as coisas ruins que igualmente o caracterizam. Não - eu pinto, com cores fortes, os crimes que cometeram contra mim e que se cometem dentro das “igrejas” às quais meu colega perguntou se eu teria ido ontem...



E vamos trabalhar... que a Segunda-Feira é braba...

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