Tenho
refletido sobre a dificuldade que tenho em praticar o amor ensinado por Jesus. Como cristão (que digo que sou), fico
incomodado com isso. Li alguns trechos do livro “O impostor que vive em mim” de
Brennan Menning, e transcrevo aqui alguns deles, que quero guardar.
Infelizmente chego à conclusão de como esse amor está distante da maioria dos
Cristãos, de como aquela religiosidade farisaica ainda resiste em nossos dias,
de como preciso nascer de novo, e de novo, e de novo...
“Os que estão inclinados a entregar os gays aos torturadores não
podem reivindicar nenhuma autoridade moral sobre os filhos de Deus. Jesus
enxergava essas figuras obscurecidas (os acusadores dos homossexuais) como os
corruptores da natureza essencial da religião de seu tempo. Tal religião
restrita e separatista é um lugar perdido, um Éden coberto de mato, uma igreja
em que as pessoas experimentam, solitariamente, uma alienação espiritual que as
distancia de seus melhores talentos humanos.”
A
ordem de Jesus para nos amarmos uns aos outros nunca está circunscrita à
nacionalidade, ao status, à
origem étnica, à preferência sexual ou à amabilidade inerente ao
"outro". O outro, aquele que reclama meu amor, é qualquer um a quem
estou apto a reagir, como ilustra claramente a parábola do bom samaritano.
"Qual destes três, em sua opinião, foi prestativo ao homem atacado pelos
ladrões?", perguntou Jesus. A resposta foi: "Aquele que o tratou com
compaixão". Jesus disse a eles: "Vão, e façam o mesmo".
Dê
uma olhada na rosa. Ela pode dizer "vou oferecer minha fragrância às
pessoas boas e negá-la às más"? Ou você conseguiria imaginar uma lâmpada
que retém seus raios para a pessoa ímpia que busca andar em sua luz? Só poderia
fazer isso se deixasse de ser lâmpada. Observe quão inevitável e
indiscriminadamente a árvore
dá sua sombra a todos, bons e ruins, jovens e velhos, grandes e humildes; para
os animais, para os humanos e toda criatura vivente — mesmo para aquele que
procura cortá-la. Essa é a primeira qualidade da compaixão — seu caráter
indiscriminado.
A
história atesta que a religião e as pessoas religiosas tendem a ser tacanhas.
Em vez de aumentar nossa capacidade para desfrutar a vida, a alegria e o
mistério, a religião freqüentemente a diminui. A medida que a teologia
sistemática progride, o senso de maravilhamento declina. Os paradoxos, as
contradições e as ambigüidades da vida são codificados, e o próprio Deus é
encaixotado, engaiolado, confinado dentro das páginas de um livro com capa de
couro. Em vez de uma história de amor, a Bíblia.
Os
fariseus falsificaram a imagem de Deus, transformando-o num eterno e tacanho contador
que registra tudo num livro-caixa, cujo favor podia se ganhar somente através
da observância escrupulosa de leis e regulamentos. A religião se tornou um
instrumento para intimidar e escravizar em vez de libertar e fortalecer.
As
palavras de Jesus "misericórdia quero e não holocaustos" são
endereçadas a homens e mulheres de fé, cruzando as fronteiras do tempo.
"Qualquer um na história, que tenha colocado a lei, as regras e a tradição
à frente do sofrimento das pessoas são farinha do mesmo saco [como os
fariseus], presunçosamente fazendo a mesma acusação contra o inocente". Quantas vidas foram arruinadas em nome da
religiosidade mesquinha e intolerante.
Ai de
vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro
e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a
justiça, a misericórdia e a fé (...). Guias cegos, que coais o mosquito e
engolis o camelo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois
semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas
interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também
sois vós, exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade. Mateus 23:23,24,27,28
"Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade"
(2Co3:17).