Atingidos pelos Reflexos...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Nascer de novo...


Tenho refletido sobre a dificuldade que tenho em praticar o amor  ensinado por Jesus. Como cristão (que digo que sou), fico incomodado com isso. Li alguns trechos do livro “O impostor que vive em mim” de Brennan Menning, e transcrevo aqui alguns deles, que quero guardar. Infelizmente chego à conclusão de como esse amor está distante da maioria dos Cristãos, de como aquela religiosidade farisaica ainda resiste em nossos dias, de como preciso nascer de novo, e de novo, e de novo...
 “Os que estão inclinados a entregar os gays aos torturadores não podem reivindicar nenhuma autoridade moral sobre os filhos de Deus. Jesus enxergava essas figuras obscurecidas (os acusadores dos homossexuais) como os corruptores da natureza essencial da religião de seu tempo. Tal religião restrita e separatista é um lugar perdido, um Éden coberto de mato, uma igreja em que as pessoas experimentam, solitariamente, uma alienação espiritual que as distancia de seus melhores talentos humanos.
 A ordem de Jesus para nos amarmos uns aos outros nunca está circunscrita à nacionalidade, ao status, à origem étnica, à preferência sexual ou à amabilidade inerente ao "outro". O outro, aquele que reclama meu amor, é qualquer um a quem estou apto a reagir, como ilustra claramente a parábola do bom samaritano. "Qual destes três, em sua opinião, foi prestativo ao homem atacado pelos ladrões?", perguntou Jesus. A resposta foi: "Aquele que o tratou com compaixão". Jesus disse a eles: "Vão, e façam o mesmo".
Dê uma olhada na rosa. Ela pode dizer "vou oferecer minha fragrância às pessoas boas e negá-la às más"? Ou você conseguiria imaginar uma lâmpada que retém seus raios para a pessoa ímpia que busca andar em sua luz? Só poderia fazer isso se deixasse de ser lâmpada. Observe quão inevitável e indiscriminadamente a árvore dá sua sombra a todos, bons e ruins, jovens e velhos, grandes e humildes; para os animais, para os humanos e toda criatura vivente — mesmo para aquele que procura cortá-la. Essa é a primeira qualidade da compaixão — seu caráter indiscriminado.
A história atesta que a religião e as pessoas religiosas tendem a ser tacanhas. Em vez de aumentar nossa capacidade para desfrutar a vida, a alegria e o mistério, a religião freqüentemente a diminui. A medida que a teologia sistemática progride, o senso de maravilhamento declina. Os paradoxos, as contradições e as ambigüidades da vida são codificados, e o próprio Deus é encaixotado, engaiolado, confinado dentro das páginas de um livro com capa de couro. Em vez de uma história de amor, a Bíblia.

Os fariseus falsificaram a imagem de Deus, transformando-o num eterno e tacanho contador que registra tudo num livro-caixa, cujo favor podia se ganhar somente através da observância escrupulosa de leis e regulamentos. A religião se tornou um instrumento para intimidar e escravizar em vez de libertar e fortalecer.
As palavras de Jesus "misericórdia quero e não holocaustos" são endereçadas a homens e mulheres de fé, cruzando as fronteiras do tempo. "Qualquer um na história, que tenha colocado a lei, as regras e a tradição à frente do sofrimento das pessoas são farinha do mesmo saco [como os fariseus], presunçosamente fazendo a mesma acusação contra o inocente". Quantas vidas foram arruinadas em nome da religiosidade mesquinha e intolerante.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé (...). Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também sois vós, exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. Mateus 23:23,24,27,28

"Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Co3:17).

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Perguntas a Deus... Por Guilherme Arantes




Em primeiro lugar, estou fora de polêmicas, não pretendo afirmar aqui, em nenhum momento, que desdenho de qualquer tipo de crença. Vou fazer, sim, uma reflexão sobre as minhas próprias pequenezas e ignorâncias. Falo só sob a ótica da minha limitada visão. Ou sobre a minha ausência de visão. Ninguém pode proferir um julgamento sobre as visões, ou ausências de visão dos outros. Cada um tem seu próprio Universo.
Quando indagado sobre temas espirituais, hoje afirmo, convicto, que “nada sei”, e portanto, também não duvido de nada. Intuo que a iluminação seja simples, e que esteja no esvaziamento da mente. Me percebo fortemente inclinado à “filosofia do anti-conhecimento místico”, como se fosse uma opção pela fé máxima, tão grande que nem coubesse em mim, pura aceitação do mistério total, profunda renúncia às maiores pretensões humanas do “saber”, fundamentos inerentes ao “acreditar na perfeição”. Nesse campo, a meta seria estarmos tão preenchidos que não existisse mais nada, senão o vazio, o vácuo do pensamento. Teólogos e cientistas sempre concordaram e se esmeraram na discussão de que a fé difere da ciência, de forma inconciliável, justamente porque a fé depende de uma aceitação prévia de algum grau de iniciação, alguma adesão a um “conhecimento tácito”, enquanto a ciência duvida por princípio e precisa de todo um arcabouço de razoabilidade para estabelecer qualquer idéia como “lei”. E mesmo estabelecida a “lei científica”, ela vigorará apenas e tão somente até qualquer prova em contrário, e esses desmoronamentos ocorreram, implacáveis, durante toda a história do conhecimento. A ciência é, por definição, sempre provisória. A fé se propõe a ser definitiva. Uma, aposta no erro até acertar, enquanto a outra aposta apenas no acerto sem chances de errar. São algoritmos diferentes na cibernética do pensamento. A ciência crê que é falível, a fé parte da premissa da infalibilidade. Porém, acreditar é uma coisa só. É assumir uma idéia, é endossar um sistema de pensamentos que nos parece razoável, que nos foi provado por a + b ( no caso da ciência ) ou que nos foi legado por tradição, por alguma questionável “comunicação ancestral”. Tanto a fé quanto a ciência têm suas formas (diversas) de acreditar. A fé duvidosa quer, e muito, abarcar a ciência, e tentar conciliar o conhecimento com a divindade. Já a ciência abre mão de abarcar a fé, e alega não precisar da divindade, porque só acredita em erros e acertos. A divindade apresenta um sério problema no Universo tão vasto e insondável quanto movediço e imperfeito : a divindade não teria erros. Pretensão tão miseravelmente humana. Por definição, a divindade é um conceito infinitamente inalcançável e absoluto. Perfeita e desprovida de tensões, de pendências, é atemporal, para alguns de nós é imutável e não tem mais em que se aperfeiçoar, enquanto para outros é dinâmica e está em constante aperfeiçoamento. Contradições em curto-circuito perpétuo. A divindade é onipresente, insondável e incompreensível em sua grandeza e poder. Quanto mais se tente chegar a uma “compreensão”, a uma plenitude de conhecimento, maiores serão os mistérios da divindade, e isto ocorre por definição intrínseca, necessária e suficiente para que a divindade fosse o Ser Regente do Universo. Qualquer divindade é assim, dêem a Ela o nome que quiserem. 
Então olho, com todo respeito que me foi ensinado, e até me deslumbro, sem esquecer que muitas vezes fui “tocado” em “visões” (e às quais não dou margem de contestação, são só minhas), perante um templo, uma Catedral em Londres, em Nova Iorque, um mosteiro do Oriente, uma sinagoga, uma mesquita do Levante, que fosse uma pequena capelinha de interior ou uma imensa basílica histórica, uma pirâmide, como um primata hominídeo perante um monolito no filme de Stanley Kubrick, e não consigo não me perguntar, milhares de vezes :
O que é aquilo ? O que, de verdade, está ali ? Aquilo é a casa de Quem ? O que as pessoas que o construíram, e as pessoas que vão ali, materializam naquele lugar ? Aquilo é um monumento dedicado a quê, ou a Quem ? São monumentos ao Desconhecido ? Representações da pequeneza humana ? Ou seriam monumentos à divina pretensão da “Grandeza Humana”? Sei que vão me espinafrar, e com “toda a razão”, mas a “razão” é tudo que NÃO está nesses lugares. Ali estaria algo que chamamos de fé. E quem é que jamais teve, no fundo de sua “alma”, questionamentos e perguntas como estas ? Qualquer divindade não gostaria muito mais de quem fizesse essas perguntas ?

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