Atingidos pelos Reflexos...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Duas importantes perguntas




De que modo lidamos com aquilo que é diferente, com o que é estranho aos nossos costumes?

Como reagimos diante de pessoas ou situações que não seguem a normalidade com a qual estamos habituados?

São perguntas importantes que requerem de nós um auto-exame, e as respostas que dermos revelarão muito sobre nós.

Há uma história bíblica que todos conhecemos e nos ajuda a pensar sobre as perguntas. É a história de Jonas, o profeta que foi enviado à grande cidade de Nínive, capital da Assíria. Recusando-se a pregar em terras pagãs, foi tragado por um grande peixe, experimentando o isolamento e depois disso resolveu seguir para completar sua missão. Porém, chegando à cidade de Nínive, só anunciou condenação aos seus habitantes. Jonas, infelizmente era preconceituoso demais para se apaixonar por aquelas pessoas.

Os textos bíblicos que falam do profeta Jonas, tanto no Antigo como no Novo Testamento, provoca em nós uma reflexão sobre o universalismo de Deus, e o particularismo dos grupos judaicos, que na época do Velho Testamento eram ligados à Esdras e Neemias, que nos tempos de pós exílio foram os responsáveis por iniciar o processo de expulsão de estrangeiros e a dissolvição de casamentos mistos no meio do povo de Israel.

A história do profeta Jonas então é um contra ponto ao projeto de Esdras e Neemias. É um texto que nos convida hoje a refletir sobre como encaramos aquilo que nos é estranho, aquilo que é diferente, aquilo com o que não estamos acostumados. É um texto que nos esbofeteia denunciando nossos preconceitos e a visão limitada que temos do amor de Deus.

Encarar o que é estranho e diferente nunca é fácil. Nossa primeira reação é sempre a rejeição. Mas por que será que isso acontece? Por que reagimos assim? Infelizmente temos essa tendência de só admirarmos o que se parece conosco, só simpatizar com o que é semelhante a nós.

Boa parte dos Judeus que lideraram a reconstrução de Israel após o exílio na Babilônia partilhava de forte sentimento de rejeição para com as demais culturas. Desenvolveu-se nessa época acentuado preconceito na cultura judaica sobre tudo o que fosse diferente. Todas as outras culturas eram vistas de forma suspeita, principalmente suas religiões.

Deus, porém não permaneceu quieto diante desse aumento de mediocridade. Deus chama e envia Jonas para ser benção para todos os povos. O profeta luta contra essa missão, a ponto de se sentar no alto de um monte para contemplar a destruição daquela cidade, ao invés disso, contempla desolado, o oposto. A conversão dos habitantes de Nínive.

Cabe aqui uma forte crítica ao fundamentalismo que foge das doutrinas bíblicas, seja ele de qualquer origem – judaico, islâmico ou cristão. Para muitas pessoas é preferível morrer a ver seus “inimigos” ou os diferentes serem aceitos por Deus. Contemplar nesse caso, a benção divina a povos de outras religiões ou culturas é vergonhoso e angustiante.

No evangelho de Mateus, lemos uma parábola onde Jesus diz que uma certa pessoa, representando Deus decide ter misericórdia de diaristas que foram chamados a trabalhar no final do dia, pagando-lhes pelo trabalho a mesma quantia que havia combinado com os outros que cumpriram toda a jornada diária. A primeira reação que temos frente a essa história é rejeitá-la. Dentro da lógica humana regulada pelas relações de troca e recompensa, a narrativa de Mateus soa como uma grande injustiça.

Isso acontece porque vivemos contaminados pelo valores desse mundo, onde não há espaço para compaixão, onde gestos de desprendimento e doação são vistos como loucura e assim imaginamos que Deus deva agir exatamente como agimos.Se nossa primeira reação diante da parábola é de estranhá-la e considerá-la injusta, é porque nossa lógica é a mesma dos fariseus, é sinal de que ainda não compreendemos a profundidade da justificação que ensina que Jesus justifica aos injustos e não aos “bons”. Ao final da parábola Jesus lança uma pergunta aos ouvintes: “os teus olhos são maus, porque eu sou bom?”, numa outra tradução poderíamos encontrar: “Porque você se incomoda tanto diante de minha bondade?”

O livro de Jonas é o único das escrituras que não termina com uma afirmação. Mas com uma interrogação, assim como curiosamente a parábola ensinada por Jesus também. E assim não sabemos se tanto Jonas como as pessoas que ouviam Jesus conseguiram ver as coisas com novos olhos e compreenderem a lógica da misericórdia.

O fato do livro de Jonas terminar com uma pergunta indica que a interpretação não está dada e que essa pergunta é feita a cada um de nós.

Jonas sou eu e Jonas é você. Os ouvintes da parábola somos todos nós. Por isso para ser fiel ao estilo das escrituras, essa postagem não tem uma conclusão como de costume. Ao final de meus textos geralmente tento deixar alguma afirmação, algum direcionamento, alguma orientação clara e precisa... (assim aprendemos nas aulas de homilética). Mas dessa vez não vou terminar dizendo o que devem fazer ou pensar. As perguntas que vimos na leitura foram dirigidas a cada um de nós e exigem respostas pessoais.

“Não terei eu compaixão dos diferentes?”
“Os teus olhos são maus porque eu sou bom?”

Como você responderá a essas perguntas ?


José B. SIlva Junior



Extratos do livro:
Entre o Púlpito e a Universidade
Carlos E.B. Calvani.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ide à Galiléia... Lá O vereis !



“Como está escrito na palavra... os que se dizem mestres quando vacilam, ou os que tem mais, devem receber duro castigo pra servir como exemplo...”


O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá... Lucas 12:47-48.


Pois nunca deixará de haver pobres na terra; pelo que eu te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra... Dt 15:11.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onde você tem ido para encontrar Jesus ?


Há um cântico tradicional, cantado na maioria das igrejas evangélicas que diz: “ Nesta noite feliz, neste santo lugar, eu marquei um encontro com Deus”. A teologia desse cântico é de duvidosa qualidade, por pressupor que eu e você é que tomamos a iniciativa de marcar um encontro com Deus. Como que o intimando a comparecer “nesse santo lugar” que geralmente é a igreja onde nos encontramos.

Porém, inspirados pela palavra do Evangelho, é necessário admitir que, de fato há um encontro marcado há séculos entre nós e Jesus. Mas um encontro marcado não por nós e sim pelo próprio Cristo ressuscitado.

Por isso, o convite feito a cada um de nós é o de ir ao encontro do Cristo ressuscitado e descobrir onde Ele atua hoje, partindo do princípio de que Sua vida se manifesta onde quer que os valores do Reino sejam vividos e pregados. Porém, ainda que saibamos disso, corremos o risco de imaginar que Cristo atua somente onde nós facilmente o identificamos: Na pregação da Palavra, dentro de um templo cristão, na celebração da ceia, ou nos trabalhos da igreja que tradicionalmente desempenhamos.

É certo que a amplitude da ação do Cristo ressuscitado é muito maior do que imaginamos. E podemos considerar com convicção que Jesus está vivo e ativo em lugares que geralmente não consideramos.

Um trecho do evangelho de Mateus nos orienta a respeito disso:

“Ide à Galiléia... Lá o vereis” Mt 28:7

Foi na Galiléia onde o Cristo ressuscitado se mostrou aos discípulos, e poucas vezes prestamos atenção a esse detalhe. A Galiléia mais do que um lugar geográfico, é também um lugar simbólico de onde podemos nos encontrar com o Cristo vivo hoje.

A Galiléia era uma região muito pobre, de pouquíssima importância nos dias de Jesus. Era o lugar menos significativo e mais desprezado pela elite judaica. Era conhecida como a “Galiléia dos gentios”, do “povo que não conhece a lei”, a “ Galiléia dos pecadores”, habitada por um povo sincrético e que aos olhos dos habitantes de Jerusalém, eram pessoas de moral duvidosa. Muitos judeus consideravam esse lugar a vergonha da nação, tanto que Natanael disse á Filipe as seguintes palavras: “Acaso de Nazaré pode sair algo de bom ?” Era um fato, na mente de muitos judeus: nada de bom poderia vir da Galiléia. (Jo 7:41,52)

Talvez a nossa dificuldade em compreender o Cristo ressuscitado hoje e de encontrá-lo mais vivo do que nunca, resida no fato de que não estamos dispostos a pôr os pés na nossa Galiléia. Preferimos procurá-lo no templo, entre os sacerdotes, padres e pastores. Por isso é mais cômodo “marcar um encontro com Jesus” no “santo lugar” que é a igreja.

Mas não foi a Jerusalém, centro do poder político, econômico e religioso, que o anjo recomendou encontrar o Cristo vivo. Foi à Galiléia. Foi para lá que o poder de Cristo migrou após a ressurreição. Ele nos precede exatamente ali, onde temos tantas dificuldades para ir: ao encontro dos pecadores, dos sofredores, dos desempregados, dos sincréticos, das pessoas cuja ética e religião não se enquadram em nosso padrão burguês de igreja.

É interessante a expressão: “Ele vos precede...” Significa que Ele já está lá... nos esperando. Quando aceitarmos o fato de que Cristo está vivo na Galiléia e atualizarmos essa grande verdade em nossas vidas, certamente compreenderemos algumas coisas determinantes para identificarmos a presença de Cristo em nosso mundo.

A Galiléia é a periferia social de nosso tempo, o lugar onde as grandes cidades tentam esconder os excluídos e proscritos, aqueles que não têm acesso aos bens de consumo e aos privilégios dos grandes centros urbanos. A Galiléia é a periferia onde se encontram os desempregados, os que não receberam qualificação para o mercado de trabalho, os que vivem das sobras de lixo reciclável e os doentes que nunca são devidamente atendidos na rede de saúde pública. Pode parecer estranho, mas é lá que o Cristo ressuscitado está agindo. É lá na periferia que Ele nos espera. Lá é o local do encontro que Ele marcou conosco, o “santo lugar”.

Cristo hoje está vivo não na segurança de Jerusalém, mas na insegurança representada pela Galiléia. Por isso também a Galiléia é símbolo da pós-modernidade. Cristo está naquilo que é incerto, naquilo que é desconhecido, naquilo que não queremos aceitar, naquelas práticas que não ousamos realizar, naquilo que nos envergonhamos. Essa talvez seja uma estranha mensagem para os que celebram a adoração em um templo. Mas é a mensagem central da ressurreição de Cristo. Ao saírem dos templos de suas igrejas no domingo, corram para a Galiléia, porque Ele está lá nos esperando.

Ide à Galiléia, lá o vereis !

Que possamos então procurar Cristo lá onde nunca pensamos encontrá-lo. Lá Ele nos espera. Lá, surpreendentemente, o veremos.

O encontro com Ele, não é simplesmente “neste santo lugar’. É lá naqueles lugares considerados sujos e impuros. É lá na Galiléia dos pecadores.

Ide à Galiléia. Lá o vereis !

Extratos do livro:
Entre o Púlpito e a Universidade
Carlos Eduardo B. Calvani
Editora Aste

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Porque Escrevo ?


Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer, por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.

Por Vergílio Ferreira – In “Pensar”.


E disse o Senhor a Moisés: “Escreve isto para lembrar...” Êxodo 17:14

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O assunto é...Ciência e Fé... !



As pesquisas com células-tronco pela comunidade científica e médica, e a discussão sobre seu uso e aplicação em benefício da humanidade, provoca uma discussão global em torno da questão: Onde e quando tem início a vida ? Seria correto o uso de tais células ? Estaríamos com isso beneficiando vidas em detrimento de outras ?

Se fossemos aqui partir de uma visão metabólica, poderíamos pensar que, o que sustenta a vida é um processo contínuo. Portanto, não faria sentido pensarmos na questão sobre o início da vida, já que o óvulo e o espermatozóide são apenas o meio da cadeia vital, ou seja, se a vida começa da vida, então ela nunca acaba, tão somente se reproduz, não é necessário se extinguir uma vida para que outra comece. Mas a discussão, é claro, está muito longe de se resumir a essa idéia.

Abordando o aspecto científico do assunto, convém tentarmos entender o conceito de “célula-tronco”: A célula-tronco (aquela que origina todas as outras células) é o óvulo fertilizado (zigoto). Essa única célula é capaz de gerar todos os tipos celulares existentes em um organismo adulto, até os gametas — óvulos e espermatozóides — que darão origem a novos zigotos, que por sua vez darão origem ao embrião, que dará origem ao feto.

Entender em detalhes como um organismo completo, com inúmeros tipos diferentes de células, forma-se a partir de apenas uma célula - o óvulo fertilizado (zigoto) - ainda é um desafio para a ciência. O desafio das pesquisas com as CT, consiste em dominar o processo pelo qual elas dão origem a cada tipo de tecido e a partir daí se utilizar essas descobertas para cura de doenças através de uma medicina preventiva e regenerativa. Na prática, os cientistas ainda não sabem que comandos determinam se uma CT vai , por exemplo, se transformar em osso, fígado ou sangue.

Enquanto a comunidade médica e científica, ocupa-se com as pesquisas, uma discussão ético-religiosa forma-se na sociedade. Estaria a humanidade entrando em um campo perigoso, onde a determinação da continuidade ou não da vida estaria em suas mãos? Observando pela ótica religiosa seria esse um ato imoral? Ou seja, se temos uma célula-tronco que se localiza dentro de um zigoto, que se transforma em um embrião, e se entendermos que tanto o zigoto como o embrião podem ser considerados um ser vivo; teríamos nós o direito de interromper essa vida ?


Vejamos a opinião de Antonio Carlos Campos de Carvalho pesquisador do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e professor de fisiologia e biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro :

“Diante de questões tão polêmicas, é preciso que a sociedade como um todo se manifeste, através de seus legisladores, e defina o que é socialmente aceitável no uso de células-tronco embrionárias humanas para fins médicos. Inaceitável é impedir o progresso científico baseado na premissa de que o uso do conhecimento pode infringir conceitos religiosos ou morais. O Congresso dos Estados Unidos parece ter chegado a essa conclusão ao autorizar recentemente o uso de células tronco humanas nas pesquisas financiadas pelo National Institutes of Health).


Dúvidas também aparecem na igreja. Segundo o pastor da Igreja Batista do Bacacheri, Nathaniel Brandão, pela Convenção Batista Brasileira ainda não existe uma decisão formada:

“Os batistas brasileiros sempre apoiaram os programas que visam ao progresso da ciência, pois Deus criou o homem e deu-lhe inteligência. Se for da vontade dele e as pesquisas trouxerem benefícios para a sociedade, não temos como nos opor”, opinou.

Diante das dúvidas, e dos debates sobre o assunto que está longe de ser uma questão pacífica. Podemos sim ter uma certeza em relação à vida e seu início.

Cristo disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10).Cristo para nós, recebido pela fé, é a origem da vida , da vida mais abundante. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é”, e é aí mesmo que poderemos encontrar a verdadeira vida. Vida que não depende de pesquisas com células tronco, vida aliás, que é eterna, não corre o risco de degeneração e nem deixa dúvidas quanto ao momento de seu início, pois é garantida pelo próprio autor da vida !

Ainda refletindo sob a ótica religiosa e cristã, o que podem significar as palavras do apóstolo quando, referindo-se a pessoas regeneradas, que já descobriram o início da vida abundante, disse: “Filhinhos, por quem de novo sofro dores de parto, até ser Cristo formado em vós” . (Gl 4:19) Essas dores de parto pelos que já receberam a vida plena – o que significa? Será uma metáfora ou será uma indicação de alguma obra mais profunda de renovação divina, por aqueles que, tendo começado a verdadeira vida, estão em perigo de procurar tornar-se perfeitos pela carne?

Que Deus nos dê discernimento...

José B. Silva Junior

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Entrevista com Marcos Eberlin sobre criacionismo

Entrevista do meu mais novo professor do curso que estou participando na 1ª Igreja Batista de Campinas, que trata do tema Fé e Ciência. Suas colocações são muito interessantes e considero valer a pena a leitura.




Marcos N. Eberlin é, desde 1982, professor doutor titular da Universidade Estadual de Campinas. Realizou pós-doutorado na Purdue University, Estados Unidos, e orientou diversos mestres, doutores e pós-doutores. Entre as pesquisas realizadas por seu grupo, destacam-se os estudos de reatividade de íons na fase gasosa, que levaram à descoberta de vários novos íons e novas reações com diferentes aplicações analíticas e sintéticas. Uma dessas reações hoje leva seu nome: Reação de Eberlin.

Membro da Academia Brasileira de Ciências, o Dr. Eberlin é comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e autor de mais de 300 artigos científicos com mais de três mil citações.

Nascido em Campinas, SP, é casado com Elisabeth Eberlin e tem duas filhas: Thaís e Lívia.

Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, o Dr. Eberlin, que é batista, fala de suas pesquisas e de sua fé no Criador.

Ao recomendar um livro criacionista, o senhor escreveu: “Como químico, percebo a assinatura do Criador em tudo, nos átomos e nas moléculas, na periodicidade dos elementos, na singularidade da água e do carbono, nos aminoácidos, proteínas e enzimas, nas máquinas moleculares e na obra-prima maior, a molécula de DNA.” Poderia falar um pouco sobre como cada um desses detalhes corresponde à “assinatura de Deus”?

A vida, quando observada “mais de longe”, superficialmente, já se mostra extremamente bela, complexa, simétrica, sincronizada, uma obra de arte, um esplendor absoluto. Veja as flores, os pássaros, a Lua e as estrelas, o homem e os animais, um espetáculo indefinível que nos apresenta, através da criação, um pouco de beleza, inteligência, engenhosidade; atributos inigualáveis de nosso Deus. Mas como cientista e mais particularmente como químico, tenho a oportunidade de observar a obra de Deus de um ponto de vista mais próximo, mais detalhado, em nível molecular.

Como químico, estudo a arquitetura da matéria, como foram formados os átomos, as moléculas, quais são as leis que regem o mundo atômico e molecular e suas transformações. Percebo, então, em uma dimensão atômica e molecular, como Deus é realmente um Ser de suprema inteligência e elegância, o Arquiteto, o Artista sem-par. Nessa dimensão, percebo uma riqueza extraordinária de detalhes, uma arquitetura constituída das mais diferentes formas geométricas, lindas, harmônicas, periódicas, perfeitas. Como a água, com sua estrutura angular simples, mas única, que rege suas propriedades também únicas, impressionantes, e que forma lindos cristais de gelo, de um design sem igual.

Veja os átomos e o balé sincronizado de seus elétrons em orbitais. As proteínas, outro espetáculo, uma arquitetura química tridimensional e com pontos de encaixe engenhosamente posicionados que confere a essas moléculas propriedades diversas, uma eficiência extraordinária como aceleradores de reações jamais igualada por qualquer outra espécie química. Beleza, simetria, design, engenhosidade, sincronismo, ordem, linguagem e periodicidade, quantização, tridimensionalidade – são assinaturas inquestionáveis de um Deus em tudo absolutamente espetacular! Evidências que nos tornam a todos, cientistas ou não, inescusáveis.

É um delírio duvidar desse Deus e questionar Sua existência. É um devaneio não admitir Sua majestade; uma insanidade zombar de Seu poder e glória.

O senhor e sua equipe do Laboratório Thomson, do Instituto de Química da Unicamp, têm se destacado por suas pesquisas sobre homoquiralidade. Do que se trata isso?

Algumas moléculas, como os aminoácidos e os açúcares, que são constituintes básicos de todos os seres vivos, podem se apresentar na forma de isômeros chamados de isômeros óticos ou enantiômeros. Esses isômeros diferem apenas pelo posicionamento de seus átomos em um espaço tridimensional (um Deus trino e um espaço tridimensional!). Em um desses isômeros, por exemplo, um átomo X está à direita e outro átomo Y à esquerda. No outro isômero, as posições estão trocadas, invertidas. Essas moléculas são “quase” idênticas, e pela lei das probabilidades em um sistema não controlado, teriam a mesma chance de se formar em uma reação química. Mas, por decisão do Criador, que em nós quis adicionar uma “assinatura química” que autenticaria Sua obra, todos os aminoácidos do corpo humano são de um único tipo, do tipo L, sem exceção, e 100% puros. E, para confundir ainda mais os “sábios deste mundo”, todos os açúcares também são de um único tipo, sem exceção, mas do tipo oposto, ou seja, D. Somos, portanto, seres únicos, enantiomericamente puros, homoquirais! Escolhidos pelo nosso Criador a dedo, entre alternativas muito mais prováveis, mas menos interessantes, para assim sermos. Entre a possibilidade maior, a possibilidade caótica de sermos metade L e metade D (racêmicos), ou entre as quatro improváveis LL, DD, LD ou DL, Ele escolheu que seríamos todos LD, e 100%! Pelo poder de Sua Palavra! Um enigma e tanto que estonteia os naturalistas e que cala os céticos!

Por que o senhor vê, especialmente nas moléculas quirais, as digitais do Criador?

Em todas as moléculas vemos “a mão e a mente” de nosso Criador. Mas as moléculas quirais são especiais, pois o acaso, o tempo, o caos, os “deuses naturalistas” nenhuma possibilidade teriam de criar seres 100% puros, homoquirais, especificamente seres exclusivamente LD. Os seres criados pelos “deuses naturalistas” seriam, no máximo, racêmicos (misturas 1:1 de L e D), ou talvez um pouquinho mais pra L ou mais pra D, ou misturas de LD e LL. Mas 100% LD, para todos os aminoácidos e açúcares? Por isso, sabemos que não há no Céu e não há na Terra Deus como o Senhor!

Quando Charles Darwin elaborou e publicou sua teoria, a bioquímica ainda ensaiava seus primeiros passos, já que a descoberta da primeira enzima ocorreu em 1833. De lá para cá, tanto a bioquímica quanto a biologia molecular se desenvolveram muito e foram feitas descobertas que mostraram que a vida é muito mais complexa do que Darwin poderia sequer supor. Em sua opinião, por que, a despeito disso, a idéia da origem espontânea da vida ainda persiste?

Na época de Darwin, o “equipamento científico” mais utilizado era a cadeira de balanço, onde Darwin e outros pensadores e filósofos elaboraram as teorias naturalistas sobre a origem da vida. Porém, o trabalho árduo e sério de muitos cientistas utilizando métodos modernos, equipamentos científicos cada vez mais poderosos, desvendou uma vida muitíssimas e muitíssimas vezes mais complexa, organizada, sincronizada e elaborada do que os “vaivéns” das cadeiras de balanço ou as viagens de barco poderiam revelar. Mas a evolução foi contada com tanto entusiasmo por mais de 150 anos, foi pregada com tanto fervor, foi catequizada com tanta veemência, está estampada e detalhada em tantos livros científicos com tanta pompa, deu tantos prêmios a tantos, serviu de alívio a tantos que tentam escapar da iminência de um encontro face a face com Deus, foi apregoada por céus e mares como cientificamente provada em todos os seus aspectos, foi apresentada como a verdade mais cristalina frente à ignorância dos religiosos, foi adotada como o evangelho-mor dos naturalistas, está permeada em tantos conceitos e projetos científicos, que seria uma catástrofe sem precedência na história científica admitir sua falha, sua total inconsistência frente à química e a bioquímica modernas. Mas, quando a caixa preta de Darwin foi aberta, quando foram desvendados os segredos da máquina mais complexa e espetacular deste planeta (a célula), a verdade foi, pouco a pouco, sendo revelada.

Deus “deu corda”, mas hoje Ele está dirigindo o processo de desmontagem do castelo naturalista, imenso, gigante, monstruoso, mas que precisa e vai cair.

Por que o senhor acha que teorias como a panspermia cósmica (origem espacial) têm conquistado espaço no meio científico, a despeito de todas as improbabilidades com que elas têm que lidar?

Qualquer explicação para a vida e o Universo que não inclua a intervenção de nosso Criador, de Deus, será assim mesmo um delírio. Mesmo assim, homens acreditarão nelas e com elas se embriagarão, pois muitos se recusam a admitir que Ele existe e que comanda o Universo.

O senhor declarou a um jornal que sua grande motivação para fazer ciência é entender como Deus cria as coisas, usando as próprias leis da química e da física. Esse tipo de postura não lhe causa problemas no meio acadêmico? Como seus colegas cientistas encaram sua postura religiosa?

Até hoje não tem causado, não. Deus tem me livrado pela Sua misericórdia e poder. Ao contrário, tenho tido o privilégio único de fazer amigos que, apesar de se declararem ateus ou descrentes, têm com sinceridade encontrado em mim uma voz com um discurso diferente, um discurso de esperança, um discurso de alegria, de reconciliação, que fala do amor sublime do Criador Supremo pelos Seus filhos, que mostra nossa importância como seres criados à semelhança de Deus, para Seu louvor e glória; seres com propósito, com destino, um destino de glória e honra, ao lado dEle.

É possível harmonizar ciência e religião? Como cada uma delas pode contribuir na busca da verdade?

Sem dúvida. A ciência é uma dádiva de Deus. Ela existe para minimizar os males causados pela queda do homem, e que se agravam a cada dia. A ciência pura e verdadeira deve ser exercida para o bem do homem e a preservação da obra de nosso Criador. Deve ser usada também para que o homem, imagem e semelhança de Deus, tenha a oportunidade de criar, de influenciar, de mudar um pouco o curso deste mundo. A ciência mostra que Deus existe, mas as religiões nos apresentam formas de nos relacionarmos com deuses ou com o Deus verdadeiro. Cabe a nós, cientistas, remover da ciência a religião naturalista que dela se apoderou e exercer uma ciência desvinculada de amarras religiosas de qualquer tipo. E cabe aos religiosos a busca pelo Deus verdadeiro e a observância de Seus mandamentos.

Por que o naturalismo filosófico tem tanta força no meio científico hoje, quando sabemos que os fundadores do método científico tiveram boa convivência com a fé?

Em determinado momento do desenvolvimento da ciência, baseado em informações imprecisas e incompletas, percebeu-se que a ciência poderia ser o berço do nascimento de uma religião conhecida hoje como naturalismo. Essa “religião” prega que a vida é obra de um “deus trino” (o acaso, o tempo e as mutações) e teve sua gênese em uma explosão cósmica, o Big Bang. Infelizmente, isso ocorreu de uma forma intensa, e muitos têm se convertido a essa crença. Mas Deus, que até hoje “deu corda”, que com ela confundiu os sábios deste mundo, Se cansou dessa situação e está revertendo tudo e restabelecendo a verdade, livrando a ciência ¬– que tanto bem tem trazido a todos nós – desse empecilho que prejudica um avanço científico ainda maior.

A controvérsia entre criacionismo e evolucionismo está crescendo e ganhando cada vez mais espaço na mídia. A que o senhor atribui essa tendência e onde isso vai parar?

Deus, que por 150 anos “deu corda”, resolveu dar um basta! O vento está soprando, e o castelo de areia naturalista vai cair.

Fonte: Blog Criacionismo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Provações, adversidades, sofrimentos e disciplina de Deus. Há lugar para isso na vida do Cristão ?


Escrevo hoje inspirado pelo sermão que ouvi dia 24/01/2010 na 1ª Igreja Batista de Campinas, proferido pelo Pr. Adalberto F. Lima. Entre os textos lidos, que serviram de base para a exposição bíblica, ficaram gravados em minha memória os seguintes:

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações... (Tiago 1:2)

Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida... (Tiago 1:12)

Mas a minha graça é suficiente para você. Pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza... Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois quando sou fraco, é que sou forte! (II Cor 9-10)

Meditei nos dias seguintes sobre a importância das provações e da disciplina de Deus como agentes indispensáveis á formação do caráter e amadurecimento da personalidade Cristã. Caminhei para o texto do livro de Hebreus... Tentei elaborar uma breve exegese que me auxiliasse a compreender a necessidade da disciplina de Deus em minha vida.

Uma breve análise exegética de Hebreus 12:7-11

7 Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai ? 8 Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos.9Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim vivermos!10Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos de sua santidade.11Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.”

Comentário do Texto (Hb 12.7-11).

O escritor de Hebreus aplica a idéia contida no livro de Provérbios (3.11-12). Ele sabe que os filhos de Deus passam por períodos de sofrimento e necessitam de encorajamento.

. “É para disciplina que perseverais...” Nos textos sagrados a palavra disciplina (paideian), vem carregada com a idéia de ensino/educação. Logo a direção do texto segue para um caminho que deseja apontar à idéia de que por trás das adversidades que os filhos enfrentam, está um Pai amoroso que está lhes dando o que é melhor. Os filhos então devem sempre olhar além das adversidades e sofrimentos, e entender que é o próprio Pai (Deus) quem está trabalhando em suas vidas. O versículo é entendido como afirmação de um fato e nos informa que os destinatários da carta suportaram sofrimentos como disciplina.

7b – “Pois que filho há que o Pai não corrige ?” É claro que um filho se submete às regras de seu pai, do contrário não seria um filho de verdade. O que o versículo 7 nos diz, é que o próprio Deus está educando seus filhos. Deus os ensina como filhos, para que possam tomar lugar próximo ao filho de Deus.

8 – Este versículo pode ser interpretado como significando que os leitores eram filhos ilegítimos, espiritualmente. Mas não é esse o caso. O escritor já afirmara anteriormente que eles são filhos de Deus. Ele chama a atenção das pessoas por causa de seu descuido em aceitar a disciplina divina.

9 – No versículo anterior o autor dirige-se ao leitor diretamente ao usar “vós”, no versículo 9 o sábio conselheiro inclui-se e usa “nós”. Ele Ilustra a explicação com a vida familiar, uma situação comum na vida de todos os seus ouvintes e leitores. Comum também a você e a mim.

10 – a comparação continua... Os filhos estão na casa do pai, durante sua infância e adolescência, os anos nos quais eles recebem disciplina (poucos anos).

11 – Contrasta a disciplina do presente com os resultados que serão colhidos no futuro. Os sofrimentos e provações que você experimenta são dolorosos, mas quando o período de agonia terminar, você verá os resultados. Seu prêmio será um relacionamento reto com Deus e o homem no qual a paz reina suprema.

Aplicações:


Quando Deus envia provações, sofrimentos ou doenças, nós muitas vezes podemos ouvir os mais aflitos questionarem, POR QUE EU ? Eles examinam o próprio coração e mente e tentam encontrar o motivo pelo qual Deus está descontente com eles. A escritura fala diretamente sobre essas perguntas e dá a seguinte resposta: “Pois o Senhor disciplina aos que ama”. Que grande conforto saber que em meio à disciplina de Deus em minha vida, conto com seu cuidado, atenção e amor, preparando para mim, coisas que minha mente ainda não pode pensar, meu coração ainda não pode sentir e meu olhos ainda não podem ver.

Há um sábio adágio popular que diz o seguinte: “Não use a disciplina e perca a criança”. Alguns pais podem ter a errada noção de que não precisam disciplinar seus filhos. Segundo a visão destes, a disciplina é contrária ao amor e assim nunca deveria ser aplicada. Não é assim com Deus no relacionamento com seus filhos. Exemplos nos mostram que quando a falta de disciplina leva à falta de respeito, os resultados podem ser trágicos para a criança, para seus pais e para a sociedade. Deus entretanto , disciplina seus filhos e filhas porque os ama. Nesta vida eles colhem os frutos da justiça e da paz, e na vida do porvir eles compartilharão da santidade de Deus.


“Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.”Hb 7:11


José B. Silva Junior

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Nem toda verdade está na Bíblia. (?)


“Tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem tudo que é verdade está na Bíblia”.

Li essa frase um uma entrevista de Ed Renè Kivitz, que a atribuiu como de autoria de um professor de teologia com quem teve aula. Fiquei por alguns momentos, lendo e relendo o pensamento, tentando achar a “verdade” dessa afirmação. A pergunta que fiz a mim mesmo foi inevitável, “se tudo o que está na bíblia é verdade, como pode acontecer de nem toda verdade, estar na bíblia?” E continuei pensando comigo mesmo: “Mas na verdade... de qual verdade estamos falando?”

Para os mais afeitos à filosofia, talvez não haja pergunta mais apreciada do que esta: “ O que é a verdade” ?

Aliás a própria filosofia ao tentar estabelecer um consenso para a questão acabou em algum momento por se conflitar, pois há um antigo conceito filosófico que preceitua que a verdade absoluta não existe. Porém, ao admitirmos essa afirmação como uma verdade, deveremos também entender que a verdade de que a verdade absoluta não existe, não pode ser uma verdade absoluta, pelo simples fato de que essa não seria segundo a própria premissa apresentada, uma verdade absoluta. É amigo..., se explicar o pensamento é complicado, imagine trilhar o caminho e chegar á conclusão do que é a verdade...

Platão é outro que vivia fazendo perguntas a si mesmo sobre o problema da verdade. Através de um dos seus diálogos, o “Eutidemo”, onde se ocupando da retórica , analisava e se propunha a provar algumas questões através de um diálogo entre dois irmãos (Eristic e Dionysodorus), onde uma das discussões apresentadas seria a de que toda hipótese deveria ser imediatamente confirmada, ou seja, entendida a priori, como uma verdade. Eristic, usa como argumento para tal entendimento a crença no fundamento de que o erro não é possível, logo tudo o que você pensa ou diz é verdade. Platão não aceita esse argumento, e então, critica duramente a Eristic com um meio pelo qual é impossível compreender a verdade dizendo isso, pois que se em princípio cada coisa é verdade, não haveria nada a ensinar e nada a aprender.

Aproximadamente quatrocentos anos depois desses diálogos Platônicos, vivia-se a realidade de uma sociedade influenciada agora por filósofos epicureus e estóicos que reuniam-se nas praças de atenas - as ágoras - , afim de discutirem sobre o conhecimento da verdade. Entre eles Dionísio, o Areopagita, com quem o apóstolo Paulo travou alguns diálogos e segundo a história, seria um dos que foram convertidos à fé cristã pelo Apóstolo dos Gentios. (Atos 17:34).


Nesse contexto do mundo helênico da época neo-testamentária, João, o discípulo amado, narra um diálogo de Jesus com alguns judeus que criam nEle. Jesus aqui parece também entrar na discussão platônica sobre o conhecimento da verdade, e a indica como um caminho de libertação, Ele diz:: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará...” João 8:32


Penso eu: Estaria Jesus, fazendo através dessa afirmação uma exortação à filosofia e ao inquérito homem interior ? Afinal, qual seria essa verdade libertadora apresentada por Jesus à seus ouvintes ? Devemos nos lembrar, que a frase não foi dita para pessoas que não criam em Jesus, é o próprio texto bíblico que nos garante que Ele.. “disse (aquilo) aos judeus que haviam crido nele...” Mal comparando, Jesus fala sobre o conhecimento da verdade aquelas pessoas que já haviam “levantado suas mãos” e “ o aceitado como Senhor e Salvador de suas vidas”.
Mas então, de qual verdade Jesus estava falando ?

Entendo que essa verdade, aponta para o sentido da vida plena e abundante (hyperekperissou) que Jesus oferecia às pessoas. Uma vida que envolveria a fé no filho de Deus e o questionamento do homem pelo verdadeiro sentido da vida. Vida que não deveria ficar presa às leis e rituais, mas sim, estar submissa à prática do amor . Os judeus (fariseus?) que haviam crido em Jesus e simpatizado com sua pregação no capitulo 8 de João, ainda não haviam descoberto toda a verdade da qual necessitavam para serem livres ( pelo contrário, estavam muito distantes dela). Eles ainda precisavam de muletas, eram dependentes do cumprimento de uma série de rituais estabelecidos pela religião judaica. Eram prisioneiros de mentes e olhos que pensavam e enxergavam por eles. Haviam crido, mas creram sem entender o que Jesus pregava. Sobre isso o próprio Jesus lhes pergunta:“Por que não entendeis a minha linguagem?” É também o próprio Jesus que responde de forma retórica: “Vocês não entendem, por não poderem ouvir a minha palavra – (João8:43).” E na continuação dos argumentos Jesus de forma enfática faz ainda outra pergunta: “Se vos digo a verdade porque não acreditam?”(João 8:46b).O que mais me deixa perplexo nesse diálogos de Jesus com aqueles Judeus, é o texto bíblico afirmar que eles CRIAM n’ELE. Uma crença inútil, que os fazia estarem distantes da libertação que Jesus pregava.

Entendo que a verdade que liberta, é a verdade da pregação e da vida de Jesus. Uma verdade que se estabelece através das atitudes que Ele teve quando passou por esse mundo em relação ao ser humano. Verdade que não se baseava em vãs discussões filosóficas , discursos hipócritas sobre fazer o bem ou em cumprimento de rituais. Jesus é a personificação e realização dessa verdade, Ele é a teoria e a prática dessa verdade que sempre indicou a busca pelo real interesse em amar e ajudar ao próximo em sua plenitude. Essa é a verdade transcendente e absoluta que tem a capacidade de transformar e libertar totalmente o ser-humano em todas as esferas de sua existência, nessa e na outra vida.


Concluindo meu pensamento, sobre a leitura de Ed René Kivitz, e compartilhando do pensamento dele, eu diria que por mais abrangente que eu queira ser nessa minha abordagem sobre a verdade , antes de ter a pretensão de querer convencer ou falar com qualquer pessoa eu falo comigo mesmo. Os textos que tenho escrito, os escrevo buscando respostas para mim. Quando eu as encontro, as que me satisfazem ainda que minimamente, eu compartilho e expando. Mas estou falando primeiro para mim e depois para os outros.
Sempre em busca da verdade que liberta... em todas as esferas da vida !

José B. Silva Junior - Fev/2010

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails